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Nubank diz que sairá do mercado caso governo mude regras para cartões

Por| 19 de Dezembro de 2016 às 10h46

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Nubank diz que sairá do mercado caso governo mude regras para cartões
Nubank diz que sairá do mercado caso governo mude regras para cartões

Uma das empresas que mais cresce no Brasil, o Nubank disse que fechará suas portas caso o Banco Central confirme, nesta terça-feira (20), uma medida que prevê mudança no prazo de pagamento das vendas aos lojistas. Atualmente, empresas de cartão de crédito têm até 30 dias para repassar o valor de uma compra ao lojista. Caso seja aprovada, a nova regra reduz o prazo para apenas dois dias.

A intenção de mudança do prazo foi oficializada pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles na última quinta-feira (15), quando foi lançado um pacote de medidas para impulsionar a economia. Segundo o governo, a abreviação do prazo favorecerá o varejista e contribuirá para a retomada da atividade.

Para a cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, a oficialização da mudança representará o fim do negócio. A empresária explicou que isso trará um custo adicional para todos os emissores de cartões de crédito no Brasil e somente os bancos maiores conseguirão pagar a conta. "Atualmente, um cliente que usa o cartão pagará a fatura, em média, 26 dias depois [de fazer a compra]. Assim, o Nubank, como emissor, receberá o dinheiro apenas após este prazo", explicou Junqueira. "Com o dinheiro, pagamos o adquirente (operador do cartão), que leva mais dois ou três dias para pagar o varejista. Isso dá o prazo de 30 dias", detalhou.

Atualmente a receita do Nubank vem de um porcentual descontado do valor repassado ao lojista, que é de aproximadamente 5%. Cerca de 1,5% fica para o Nubank e o restante vai para a adquirente (Cielo, Rede e GetNet, por exemplo) e para a bandeira (Mastercard e Visa). Diante disso e da redução do prazo, Junqueira explica que o Nubank e os bancos de pequeno porte terão de pagar o adquirente antes mesmo de receber o pagamento da fatura pelo cliente.

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"Mudar dramaticamente, reduzir o prazo para dois dias, seria apocalíptico para a gente", queixou-se. "Nós já fizemos algumas simulações. Com dois dias é apagar a luz e fechar a porta. Com 15 dias, a gente precisaria de quase R$ 1 bilhão de capital adicional do dia para a noite", disse a empresária deixando claro que qualquer alteração prejudicará a empresa.

Ainda de acordo com ela, é praticamente impossível obter uma capitalização desse valor no curto prazo no mercado brasileiro: "Mesmo que os outros bancos emprestassem o dinheiro, eu não tenho margem para pagar o custo mensal da dívida".

A previsão é que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anuncie medidas ligadas ao crédito e a outras áreas de atuação da instituição nesta terça-feira. Analistas do mercado financeiro concordam com Junqueira e alegam que a redução do prazo do pagamento de lojistas será fatal também para adquirentes menores.

Como alternativa à redução do prazo, o governo estuda implantar mudanças nos juros do rotativo do cartão de crédito. Caso opte por esse caminho, então as luzes e as portas do Nubank e de outras empresas menores terão pelo menos a chance de continuar acesas e abertas.

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Fonte: Gazeta do Povo