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Fundador da Ricardo Eletro é preso acusado de sonegação e presta depoimento

Por| 09 de Julho de 2020 às 14h11

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Reprodução/Google Street View
Reprodução/Google Street View

Na última quarta-feira (8), Ricardo Nunes, fundador da rede varejista Ricardo Eletro, foi preso em São Paulo em meio a uma operação chamada “Direto com o Dono”, composta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil e voltada a investigar sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.

Rodrigo Nunes, irmão do fundador da rede, e Laura Nunes, filha de Ricardo, também foram presos, mas Laura foi liberada no mesmo dia. Nesta quinta (9), o fundador da rede de varejo depõe no MPMG.

Segundo a Polícia Civil, diversos bens foram bloqueados, incluindo terrenos e imóveis em Minas Gerais avaliados em cerca de R$ 60 milhões, mas os bens imóveis de Ricardo Nunes estão registrados no nome de suas filhas, mãe e de um irmão. A investigação ainda aponta que  R$ 400 milhões em impostos foram sonegados.

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Segundo o superintendente regional da Fazenda Antônio de Castro Vaz, a empresa vem omitindo recolhimento de ICMS há quase dez anos. “Fiscalizamos há muito tempo, e a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal de novembro de 2019, onde apropriação indébita é crime, iniciamos a operação. A empresa declara o débito que deve, mas não faz os pagamentos. Faz os parcelamentos, mas não cumpria", declarou.

Nunes, que está preso em caráter temporário desde a manhã de ontem, em Belo Horizonte, é investigado como o principal beneficiário do esquema criminoso. O mandado de prisão expedido pela Vara de Inquéritos de Contagem (MG) e cumprido foi, posteriormente, revogado pela 3ª Vara Criminal de Contagem.

O mesmo juiz revogou também o mandado de prisão do superintendente da Ricardo Eletro, Pedro Daniel Magalhães, depois que a defesa de Magalhães garantiu que ele se apresentaria voluntariamente para depor. O mandado do executivo não havia sido cumprido porque Magalhães não foi encontrado, mas a ideia é que ele preste depoimento ainda nesta quinta.

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Entenda o caso

“A empresa cobrava o ICMS dos consumidores — o que é comprovado pelas notas fiscais [devidamente emitidas] —, mas não repassava esses valores ao Estado. Ao longo de dez anos ela se portou dessa forma”, disse, ontem, o promotor de Justiça Fábio Reis de Nazareth, ao explicar a jornalistas, por videoconferência, os detalhes da investigação.

“O que se nota é um empobrecimento da rede, que chegou praticamente à bancarrota, abrindo um processo de recuperação extrajudicial”, acrescentou o promotor. “De outro lado, observamos o enriquecimento de seu principal sócio [Ricardo Nunes], que utilizava empresas de fachada para ocultar o patrimônio que, direta ou indiretamente, adquiria com os proveitos da sonegação fiscal, o que caracteriza a lavagem de dinheiro, crime mais grave”.

Em nota, a Ricardo Eletro informou que desde 2019 o empresário e seus parentes não fazem mais parte do seu quadro de acionistas, nem da administração da companhia.

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“A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019”.

Os promotores de Justiça e o delegado Vitor Abdala, porém, alegam ter provas de que, na prática, o empresário continua respondendo pelas principais decisões do grupo.

A Ricardo Eletro disse ainda que “reconhece parcialmente as dívidas e que, antes da pandemia, estava “em discussão avançada com o estado” para acertar o pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais”.

Fonte: G1Agência Brasil