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Empresa que avalia “risco humano” lista Apple como sua cliente

Por| 26 de Novembro de 2018 às 13h59

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Imagine que, apenas respondendo “sim” ou “não” a aproximadamente 10 perguntas, uma empresa pudesse dizer se você é um criminoso ou não. Aparentemente, isso não só já existe, como vem sendo empregado por companhias de tecnologia, ainda que não abertamente e não se saiba em qual grau. Uma startup deste setor — a AC Global Risk, fundada em 2016 — diz ser capaz de fazer tal determinação e lista a Apple como uma de suas clientes corporativas. As informações são do site The Intercept.

O processo, vendido pela AC Global Risk como “altamente preciso”, funciona assim: pessoas ou empresas contratam a startup e, juntas, desenvolvem uma série de perguntas simples, cujas respostas não variam muito do “sim” ou “não”. Essas perguntas são oferecidas a um grupo de pessoas, para que elas as respondam em seu idioma nativo, em entrevistas de 10 a 15 minutos que podem até ser conduzidas pelo telefone. O sistema então mede as características de voz das pessoas para produzir um relatório avaliativo que pontua cada indivíduo dentro de um espectro de risco indo do “baixo” ao “alto”. O nome do sistema é “Remote Risk Assessment”, ou simplesmente “RRA”, e o CEO da startup, Alex Martin, diz que ele pode “mudar para sempre a forma de medir o risco humano”.

A questão torna a bater no tópico do abuso de dados, haja vista que o RRA, segundo a própria empresa, não possui um público-alvo específico, podendo ser utilizado tanto em uma entrevista de emprego como em um pedido de asilo político, por exemplo.

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Analistas experientes no assunto dizem que, embora exista uma plausibilidade no conceito, a sua aplicação não é confiável: “Existem algumas informações sobre mudanças dinâmicas na voz e eles estão detectando-as. Isso é perfeitamente plausível”, explicou ao Intercept Alex Todorov, psicólogo da Universidade de Princeton. “Mas a questão é: o quão ambígua é essa informação para detectar categorias de pessoas que eles definem como ‘de alto risco’? Sempre há ambiguidade neste tipo de sinal”.

A AC Global Risk não disse qual é o uso que a Apple faz da sua tecnologia. Outros clientes da empresa incluem o Exército norte-americano (especialmente, o braço que move ações no Afeganistão) e conta com a presença de pessoas importantes ligadas ao governo estadunidense em seu conselho, como Robert Gates (ex-secretário de Defesa dos EUA nos governos de George W. Bush e Barack Obama), Condoleezza Rice (ex-secretária de Estado durante o governo Bush) e Stephen Hadley (ex-conselheiro de segurança nacional do governo Bush).

Fonte: The Intercept