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Donald Trump quer "obrigar" Apple a fabricar todos os seus produtos nos EUA

Por| 19 de Janeiro de 2016 às 08h10

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Donald Trump não é um especialista no mercado de tecnologia, nem comanda uma empresa do gênero. E o executivo, agora candidato político à presidência dos Estados Unidos, reforçou essa afirmação na última segunda-feira (18), ao dizer de que pretende obrigar a Apple a trazer todo o seu sistema de produção para o continente americano.

Em uma palestra para promover sua campanha presidencial na Liberty University, na cidade de Lynchburg, o candidato do Partido Republicano destacou que os EUA precisam, de alguma forma, recuperar seus postos de trabalho nos próximos anos. Para tal, ele defende a criação de um imposto de 35% sobre todos os produtos produzidos fora do país - o que incentivaria a produção local e, consequentemente, aumentaria o número de vagas -, e até citou a companhia da Maçã como exemplo.

"Temos estes incríveis cidadãos em nosso país: inteligentes, afiados, cheios de energia. Estava dizendo em como podemos tornar a América [do Norte] grande outra vez e realmente acredito que podemos fazer isso agora. (...) Vamos obrigar a Apple a construir seus malditos computadores e coisas aqui em vez de em outros países", disparou Trump.

Por um lado, ter a Apple fabricando seus produtos em solo americano poderia sim aumentar as oportunidades de trabalho para todos aqueles que moram nos Estados Unidos, além de melhorar as condições de trabalho dos funcionários que atuariam nas fábricas dos EUA. A questão é que a ideia mirabolante de Trump alteraria todo um ecossistema não apenas nacional, mas a nível internacional, já que afetaria dezenas de países ao redor do globo. A começar pela própria Apple.

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A companhia tem sua maior cadeia de produção localizada na China, através das fábricas da Foxconn, porque lá o trabalho é terceirizado justamente para maximizar o lucro da empresa, além do fato dos postos de abastecimento de eletrônicos na Ásia serem muito maiores do que o que os Estados Unidos poderiam oferecer. O iPhone, por exemplo, é produzido em outros países além da China, mas a maior parte das unidades, incluindo aquelas que serão vendidas nos EUA, é fabricada pelos chineses.

Outro detalhe é que a Foxconn e outras gigantes da tecnologia responsáveis pela produção desses aparelhos são capazes de treinar milhares de operários em um curto período de tempo, algo que seria economicamente inviável nos EUA. Isso sem contar que, como afirma o Engadget, a maioria dos recursos usados na fabricação dos dispositivos está no exterior, o que dificultaria uma produção local mais intensa. Existem exceções, como é o caso do Mac Pro, que é construído nos Estados Unidos, mas isso porque o produto não é fabricado em grandes quantidades (como o iPhone) e sua fabricação utiliza mais máquinas do que trabalhadores humanos.

Além disso tudo, a proposta de Trump, falando agora de forma mais ampla, não tem cabimento porque não existe nenhuma lei que force a Apple ou qualquer outra empresa com sede nos EUA a mover sua linha de produção para o continente americano. Se isso fosse aprovado, também seria necessário alterar diversas regras entre os Estados Unidos e seus parceiros estrangeiros para promover um equilíbrio entre suas respectivas economias. Afinal, não adiantaria causar demissões em massa para impulsionar o mercado de trabalho do local.

A conclusão? É provável que a Apple nunca traga a produção de todos os seus dispositivos para os EUA. E assim como em seus discursos anteriores, Donald Trump, que tem defendido ferozmente o capitalismo em sua campanha presidencial, apresentou mais uma ideia vazia e sem fundamento. Claro, o conceito de criação de novos empregos sempre é bem-vindo, mas desde que tenha um plano viável e estruturado.

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Fonte: Gizmodo