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Contra o Uber, Easy Taxi e 99 podem anunciar fusão

Por| 15 de Agosto de 2016 às 09h32

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Marianne Abreu
Marianne Abreu
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Uma parceria inédita no mercado de aplicativos de corrida pode balançar o domínio absoluto do Uber no Brasil. Segundo informações da revista Época Negócios, a 99 (antiga 99Taxis) e a Easy Táxi estão negociando uma fusão para rivalizar com o app norte-americano.

Duas fontes que acompanham o processo disseram à publicação que as conversas entre as diretorias das empresas acontecem desde 2015, e que as reuniões se intensificaram ao longo dos últimos meses. Um alto executivo de uma das startups afirma que "as chances de uma fusão estão hoje em 50%", contra apenas 25% no final do ano passado.

Os informantes ainda relataram que a Easy Táxi e a 99 também estão negociando com fundos interessados em financiar a fusão. O aporte estaria avaliado em cerca de US$ 100 milhões e viria de fundos que ainda não têm participação em nenhuma das duas entidades. Desde que foi lançada, em 2011, a Easy Táxi somou mais de R$ 170 milhões em investimentos, enquanto a 99 recebeu, só no ano passado, aportes de R$ 130 milhões.

Entre os principais acionistas na transação estão a Rocket Internet (Easy), a Monashees, a Qualcomm Ventures e a Tiger Global (da 99). A 99 seria a maior acionista e, por isso, lideraria a negociação. Um possível anúncio de união entre as companhias deve acontecer nos próximos dois meses.

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Efeito Uber

As fontes disseram à revista que o principal gatilho para a união da Easy e da 99 é o Uber. "Conforme a startup norte-americana conquistava novos clientes no Brasil, o número de usuários únicos e de corridas mediadas por 99 e Easy caíam". Isso só mudou no mês passado, quando o CEO da Easy, Fernando Matias, admitiu publicamente pela primeira vez que o impacto do Uber nos negócios dos aplicativos de táxi não poderia ser ignorado. Na mesma época, a empresa lançou o Easy Go, um serviço de carros privados semelhante ao Uber.

A 99 sentiu o mesmo efeito. Ao analisar os dados de corridas nas mais de 350 cidades em que atua, a startup percebeu que o número de corridas estava em queda. A companhia justificou dizendo que o primeiro culpado era a crise econômica, mas também reconheceu que, nas cidades onde o Uber opera, a queda era bem mais acentuada.

Ao todo, a Easy conta com 400 mil taxistas cadastrados em 420 cidades – sendo 350 delas no Brasil. Seu concorrente mais próximo é a 99, atuando em mais de 350 cidades brasileiras e com 140 mil profissionais registrados - a base mais importante é em São Paulo, onde fica a maior parte dos condutores. Mesmo assim, se comparados os números das duas empresas, o Uber é, de longe, o líder absoluto na modalidade.

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Para efeito de comparação, segundo dados da comScore, em setembro de 2015, a Easy era o principal app de corridas. A situação mudou em fevereiro deste ano, quando a Easy começou a perder muitos usuários. Em junho, essa queda ficou ainda mais acentuada. O Uber, em contrapartida, só viu seu negócio crescer: há dois meses, enquanto o Easy perdeu clientes, o Uber aumentou em dez vezes sua base de usuários. A diferença seria ainda maior se levarmos em conta a 99, que, embora não divulgue dados de monitoração, também perdeu clientes.

A explicação para esse panorama é clara: as corridas do Uber costumam ser mais baratas, ficando entre 20% e 30% abaixo das viagens feitas por táxis, que fazem uso de apps como o 99 e o Easy. De olho nisso, as empresas lançaram opções de corridas mais baratas, também entre 20% e 30%.

A mesma coisa aconteceu com o lançamento do UberCOPTER, modalidade do Uber que permite viajar pelos céus de São Paulo em helicópteros. Em 1º de abril de 2015, 99 e Easy Táxi fizeram uma piada com o dia da mentira ao anunciar um serviço de agendamento de voos de helicóptero pelo celular. Pouco mais de um ano depois, o Uber transformou a brincadeira em realidade e hoje também é líder no setor.

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Com uma fusão, tanto a Easy Táxi quanto a 99 ganham força para enfrentar o Uber no Brasil, apesar de ainda não estar definido se será criada outra corporação, com um novo nome, ou se uma delas será descontinuada em detrimento da outra. Oficialmente, a Easy afirmou que não vai comentar o assunto. A 99, por sua vez, diz que a "informação não procede" e que "não comenta boatos".

Fonte: Época Negócios, Baguete