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Caso sério: aumentam as denúncias por assédio sexual no Vale do Silício

Por| 04 de Julho de 2017 às 14h29

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Caso sério: aumentam as denúncias por assédio sexual no Vale do Silício
Caso sério: aumentam as denúncias por assédio sexual no Vale do Silício

O Vale do Silício não vive apenas do prestígio tecnológico adquirido ao longo das últimas décadas. Ele também guarda histórias de desigualdade e assédio que começaram a se tornar cada vez mais expostas recentemente. O primeiro passo para que várias histórias começassem a serem reportadas aconteceu quando um jornal americano noticiou que várias empreendedoras haviam sido assediadas por Justin Caldbeck, um dos investidores do grupo Binary Capital. Além disso, recentemente, uma das engenheiras da Uber denunciou o padrão por assédio sexual na companhia, abrindo investigações internas que acabaram por levar a renúncia do CEO da companhia, Travis Kalanick, no mês passado.

Ainda que as histórias inicialmente começaram a surgir de modo hesitante, uma avalanche delas permeia os dias atuais, com inúmeros casos sendo relatados por mulheres vítimas de assédio por investidores, colegas de trabalho e outros profissionais. De acordo com Gesche Hass, empreendedora que relatou ter sido assediada pelo investidor Pavel Curda, o fato das mulheres terem se pronunciado no passado "provavelmente abriu caminho e preparou o setor para admitir que coisas como essas de fato podem acontecer". Katrina Lake, fundadora e presidente-executiva da empresa de vestuário Stitch Fix, e uma das mulheres assediadas por Caldbeck, afirmou que "as empreendedoras são parte fundamental do tecido do Vale do Silício" e que assim "é importante expor o tipo de comportamento reportado nas últimas semanas, para que a comunidade possa reconhecer esses problemas e resolvê-los".

Os relatos incluem histórias como a de uma empreendedora que foi assediada ao procurar emprego em uma empresa no Vale do Silício, ou a de uma profissional que começou a receber mensagens cada vez mais sugestivas de um investidor de startups, ou ainda de uma CEO que recebeu numerosos comentários sexistas de outro investidor enquanto buscava financiamento para seu site comunitário, além de várias outras. Muitas delas comentaram que era comum que elas fossem tocadas de maneira inapropriada pelos investidores ou consultores.

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Em uma reportagem de um dos maiores jornais do mundo, mais de 20 mulheres contaram sobre os assédios que sofreram nos últimos dias. Dez delas foram assediadas por investidores, sendo que em muitos casos eles utilizavam e-mails e mensagens que comprovavam a veracidade das acusações. Entre eles estão profissionais conhecidos no setor de capital de risco, como Chris Sacca, da Lowercase Capital, e Dave McClure, da 500 Startups, que não negaram os fatos relatados. Para piorar, em muitos casos, as empresas e colegas dos investidores minimizavam ou até mesmo ignoravam o ocorrido quando as vítimas resolviam contar sobre os incidentes. Além disso, elas foram advertidas a não reclamarem publicamente, já que isso poderia resultar em ostracismo.

(Des)igualdade de gêneros

O setor de tecnologia, incluindo o Vale do Silício, vem sofrendo com o desequilíbrio entre os gêneros, gerando uma numerosa quantidade de críticas por organizações que defendem o fim da desigualdade de gêneros. "Há um desequilíbrio de poder tão grande que as mulheres do setor muitas vezes se veem em situações incômodas", afirmou a investidora e empreendedora Susan Wu. Empresas como Facebook e Google reconhecem que devem dar mais espaço às mulheres, mas infelizmente isso por si só não significa que elas serão mais respeitadas.

No entanto, algumas das empresas que foram acusadas de serem coniventes com o comportamento inapropriado de seus funcionários e investidores se desculparam e afirmaram que estão trabalhando para reverter este quadro sexista.

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Sacca escreveu em seu blog: "compreendo agora que contribuí pessoalmente para o problema. Lamento". Em outra declaração ele ainda acrescenta que agradecia "a Susan e às outras mulheres corajosas que estão compartilhando suas histórias". A 500 Startups afirmou que "depois de sermos informados de casos de comportamento inapropriado de Dave com relação a mulheres da comunidade de tecnologia, realizamos mudanças internas". "Ele reconhece ter cometido erros e está fazendo terapia para mudar o seu comportamento anterior, que é inaceitável", acrescentou a empresa. Caldbeck e a Binary Capital pediram desculpas publicamente, assim como a Lightspeed Venture Partners, antiga empregadora de Caldbeck. "Lamentamos não termos tomado medidas mais fortes. Está claro agora que deveríamos ter feito mais", expressou a Lightspeed.

Fonte: The New York Times