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Bolsas anunciam mercado futuro para Bitcoins e disparam valor da criptomoeda

Por| 04 de Dezembro de 2017 às 12h30

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O bitcoin e as criptomoedas em geral são um assunto polêmico que está longe de esfriar. Enquanto ganha adeptos em países que sofrem com altas taxas de inflação e desvalorização cambial e governos com políticas tributárias rígidas, a criptomoeda permite que se faça transferências internacionais de grandes valores sem o controle estatal. E é justamente essa última parte que preocupa os críticos do novo sistema monetário.

Apesar do ar geral de ceticismo, o bitcoin é agora a sexta moeda mais circulada no mundo, ficando atrás apenas da Rúpia (utilizada na Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Maurícia, Seicheles, Indonésia e Maldivas), do Yen (Japão), o Yuan (China), o Euro (União Europeia) e do Dólar dos EUA. O valor total de bitcoins em circulação é de US$ 180 bilhões, o que deixa no chinelo muitas moedas fortes, como a Libra Esterlina (Reino Unido), o Rublo (Federação Russa e Tadjiquistão) e o Won (Coreia do Sul.)

CME Group: Bolsa de Chicago

Com o anúncio feito na última sexta-feira (1) pelo CME Group de que será disponibilizada aos investidores interessados uma plataforma de negociação de contratos futuros de bitcoins, a criptomoeda teve alta e chegou a atingir valores acima de US$ 12 mil. O grupo afirmou que os futuros de bitcoin estarão disponíveis após o dia 18 de dezembro através da plataforma eletrônica da CME Globex, e serão liquidados em dinheiro.

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O projeto já recebeu o aval da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), que regula o mercado de contratos futuros dos EUA, para operar. Além do CME Group, responsável pela Chicago Mercantile Exchange, a autorização concedida pela CFTC também habilita outros grupos para negociar o mercado futuro da criptomoeda.

"Estamos felizes em trazer os contratos futuros de Bitcoin, após muito trabalho em conjunto com a CFTC e os participantes do mercado, para projetar uma oferta regulamentada que vai proporcionar transparência aos investidores", disse Terrence A. Duffy, CEO do CME Group.

Junto à CME, o futuro do bitcoin será baseado na Taxa de Referência de Bitcoin FC (BRR), que atualiza diariamente, em dólares, o preço da criptomoeda e atualmente leva em consideração preços de quatro diferentes bolsas de bitcoins.

Chicago Board Options Exchange

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A Chicago Board Options Exchange também recebeu aval do governo dos EUA para introduzir produtos de futuros no mercado e anunciou que utilizará o mesmo ticker utilizado pela casa de câmbio Bitcoin Kraken em sua plataforma, o XBT, que deverá ter seus produtos anunciados nas próximas semanas.

É esperado que a CBOE oferte aos seus investidores um amplo leque de opções de contratos, estratégia voltada para tentar garantir grandes volumes de participação no mercado para aumentar as chances de bom desempenho de seus produtos frente à concorrência do CME Group.

A bolsa também anunciou que faz parte dos planos a expansão do horário de negociação, que as transações relacionadas à criptomoeda serão liquidadas em dinheiro e que irá precificar seu futuro bitcoin pela Gemini Trust, outra moeda digital, desenvolvida pelos irmãos Cameron e Tyler Winklevoss, famosos por acusarem Mark Zuckerberg litigiosamente de ter roubado deles a ideia para criar o Facebook e depois desistirem do processo, investindo pesado em criptomoedas depois disso.

Nasdaq OMX Group Inc.

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A Nasdaq OMX Group Inc. é uma empresa multinacional na área de serviços financeiros responsável pelo mercado de ações Nasdaq, um dos maiores do mundo, além de operar em diversas bolsas européias.

No início de 2015, a Nasdaq concordou em licenciar a tecnologia de trading X-Stream para a então startup Noble Markets, que pode passar a fazer uso do mesmo software das bolsas de valores mundiais para realizar suas negociações de bitcoins, como você pode ler aqui.

Os planos da Nasdaq para 2018 agora incluem a abertura de mercado futuro de bitcoins, se tornando a terceira operadora dos EUA a permitir que as criptomoedas entrem no mercado mainstream. Ela apresentará os produtos em meados de abril e os contratos serão negociados em seu mercado de futuros NFX. Para isso, ela desenvolverá os contratos de futuro através de parceria com a gestora VanEck e a liquidação ficará por conta da Options Clearing Corporation, que já é responsável por todos os futuros da Nasdaq.

Espera-se que a Nasdaq, por ser menor em relação ao CME Group e ao Chicago Board Options Exchange, crie um derivativo referenciado em um índice que considere os preços de bitcoins em mais de 50 bolsas diferentes, aumentando sua competitividade.

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Argentina: Rofex

O bitcoin encontrou, em 2012, numa Argentina fragilizada pela inflação que debilitou seus pesos e na dureza nos controles cambiais com que a presidenta Cristina Kirchner respondeu à crise, um contexto perfeito para se tornar popular.

No primeiro semestre de 2017, o volume operado de bitcoins no país hermano bateu o recorde de mais de 2,1 milhões de pesos, o que se refere a um aumento de quatro vezes no volume aferido ao final do primeiro semestre de 2016, segundo análise feita pela Local Bitcoins, uma plataforma finlandesa de troca peer-to-peer de bitcoins.

Há seis meses, o mercado de futuros mais importante da Argentina, o Mercado a Término de Rosário, também conhecido como Rofex, está em processo de regular serviços a investidores em moedas digitais. O intuito é ofertar serviços de custódia de divisas e a possibilidade de seus clientes usarem as suas posses em bitcoins como garantia na negociação de futuros tradicionais.

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Sobre os prazos para que as inovações estejam disponíveis aos investidores, o gerente-geral do Rofex, Diego Fernández, afirmou que o plano é fazer o anúncio oficial ainda em 2017. Entretanto, a Rofez ainda necessita da aprovação dos órgãos reguladores do mercado de capitais antes de lançar qualquer produto baseado em bitcoin aos seus investidores.

Japão e suas exchanges

Na última sexta-feira (1), a Japanese Financial Services Agency (JFSA) voltou a publicar sobre quatro novas exchanges nipônicas, após ter publicado em 29 de setembro sobre a permissão de registro para onze novas exchanges.

Na terra do sol nascente, a lei de liquidação de fundo entrou em vigor em abril de 2017 e legaliza o bitcoin como método de pagamento em todo o país, de forma que alguns cargos já pagam salários com a criptomoeda. Outra exigência da legislação local é que as exchanges se registrem no órgão para atuar no mercado de bitcoins e outras moedas digitais.

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As quatro empresas aprovadas na última sexta são exchanges estabelecidas há pouco tempo. São elas: Bit Arg Exchange Tokyo Co. Ltd; FTT Corporation; Tokyo Bitcoin Exchange Co. Ltd e Xtheta Corporation. Destas, apenas a Xtheta Corporation foi habilitada para negociar, além de bitcoins, outras oito criptomoedas.

A opinião dos especialistas

Robert J. Shiller, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2013 por sua pesquisa intitulada "Tendências em mercados de ativos (i)", tem um histórico de previsões bem-sucedidas de desastres financeiros de grande escala. Foram dele que partiram as prévias sobre a bolha da internet, no final da década de 1990, e da bolha imobiliária que assolou o mercado estadunidense em 2007.

Ele defende, agora, que os bitcoins representarão um crash econômico semelhante ao que ocorreu com o mercado de ações dos EUA que antecedeu a grande depressão de 1929. Shiller disse que o mais provável é que a criptomoeda vá ter altas por um determinado período, como ocorreu no mercado de ações estadunidense durante a década de 1920. Entretanto, ele prevê: "Eventualmente alcançaremos 1929", se referindo à queda que ele acredita ser inevitável.

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Outro laureado pelo Prêmio Nobel de Economia, em 2001, é Joseph Stiglitz. Ele atuou como presidente do Conselho de Assessores Econômicos durante o governo Clinton, de 1995 a 1997; como vice-presidente sênior para Políticas de Desenvolvimento do Banco Mundial. Atualmente membro da Comissão Socialista Internacional de Questões Financeira Globais, é favorável à nacionalização dos bancos dos EUA e cravou seu nobel ao criar os fundamentos da Teoria dos Mercados com Informações Assimétricas. Para ele, o bitcoin deveria ser proibido, frente à ameaça que ele significa para o mercado global. Ele defende que a popularidade das criptomoedas vem do potencial de evasão e da falta de supervisão, além de afirmar que a mineração de criptomoedas não rende nenhum tipo de benefício à humanidade, não tendo função socialmente útil.

Consoante com o que propõem os economistas citados, mas num outro extremo do espectro, Mike Novogratz é um investidor bilionário e ex-executivo da Fortress Investment Group. Ele discorda dos economistas supracitados e acredita que os US$ 10 mil atingidos pelos bitcoins na última semana são só o início de uma alta ainda maior. "O preço do Bitcoin pode chegar facilmente a US $ 40 mil ainda no ano que vem".

Ele, que decidiu este ano aposentar-se da carreira executiva e passar a atuar apenas nos investimentos em criptomoedas, aposta na grande onda de investidores institucionais que virão após o mercado de bitcoins ser regulamentado e afirma: “Há uma grande onda de dinheiro vindo, não apenas aqui, mas em todo o mundo. A diferença entre as criptomoedas em relação a outras commodities é que não há oferta extra. Então, o sonho de um especulador é que, à medida que a compra acontece, não há um novo abastecimento. Então, cada movimento de preços é exagerado. Vai ficar exagerado no caminho. Haverá correções de 50%. Ficará exagerado quando cair também”.

Quem concorda que a instabilidade do bitcoin faz parte do processo e não é o suficiente para deixar ninguém alarmado é o engenheiro da BitGo, Jameson Lopp, que publicou em seu perfil no Twitter que, mesmo se houvesse uma queda de 50% no valor do bitcoin, em apenas dois meses a criptomoeda já teria seu valor ajustado novamente.

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