Boletim Corporativo | Seu panorama semanal sobre o mercado tech (13/08 a 20/08)

Nova semana, nova oportunidade de desconstruir o universo tecnológico em números, e isso em várias unidades. Há os US$ 2 bilhões pedidos pelos fundadores do Tinder em processo movido contra a empresa-mãe da startup, a Match Group — incluindo tópicos que vão de finanças a assédio sexual. E aí vai outro valor: 90% deve ser a proporção da próxima geração do iPhone que será fabricada pela Foxconn.

Um tanto mais difícil de contar, há também o número de redes sociais, sites e serviços variados dos quais o controverso Alex Jones (do canal Infowars) já conseguiu ser excluído, número que pode ser aumentado em breve pelo Twitter — ainda que o “castigo” da semana passada apenas tenha deixado o teórico da conspiração em “modo de leitura”, por conta de uma mensagem envolvendo Donald Trump.

E há também resultados vermelhos — mas relativamente animadores — por parte da Oi. Ou, ainda, uma investigação brasileira que pode onerar mais uma vez a Google por práticas anticompetitivas. Sem mais, vamos aos números que moveram e mensuraram o mundo tech na última semana.

Fundadores do Tinder processam Match Group

Há relacionamentos que se iniciam no Tinder — e há também aqueles que se encerram, às vezes em clima de drama novelesco. Um grupo de fundadores do aplicativo de relacionamento acaba processou a empresa-mãe da startup, a Match Group, e a controladora desta, a IAC (InterActiveCorp). O valor pretendido é de “não menos do que US$ 2 bilhões”. E as acusações são bastante variadas.

De acordo com os queixosos, as duas empresas manipularam dados financeiros relativos ao Tinder, apresentando valores deliberadamente inferiores aos do mercado a fim de limitar as opções acionárias dos criadores do app. Além disso, autores da ação alegam que a vice-presidente de marketing e comunicações, Rosette Pambakian, teria sofrido assédio sexual por parte do então CEO da Match Group, Greg Blatt, ao final de 2016, o que teria sido camuflado à época.

Kaizala, app de mensagens da Microsoft para empresas

A Microsoft tornou disponível no Brasil desde a semana passada o seu aplicativo de mensagem Kaizala. Com foco em comunicação corporativa, o app permite a criação de grupos com até 1 milhão de pessoas em uma única sessão de chat.

O trabalho compartilhado pode ser desenvolvido a partir das soluções em nuvem da companhia, com base no sistema Azure e integração com a suíte Office 365. É possível criar e compartilhar questionários, treinamentos, agendamentos de compromissos e compartilhamento de localização. Embora possa ser utilizado gratuitamente, uma versão paga (PRO) do Kaizala inclui adições como um portal personalizado da empresa e controles de restrição aplicados individualmente aos perfis membros.

Seu próximo iPhone provavelmente será produzido pela Foxconn

A Foxconn deve assumir um papel crucial na produção das próximas gerações do smartphone da Apple. A gigante taiwanesa ficará responsável por todas as unidades do iPhone XS, segunda geração do iPhone X com tela OLED de 5,8 polegadas, além de fabricar algo em torno de 90% da versão com tela expandida, o iPhone XS Plus. Por fim, a empresa deve fabricar 75% do modelo mais econômico da linha — ainda não anunciado, mas possivelmente com tela LCD de 6,1 polegadas.

Outro nome que deve garantir a correria de final de ano deve ser a Pegatron, parceira da Apple de longa data que deve dar conta da demanda que exceder as capacidades da Foxconn. Ademais, dada a proximidade do período em que tradicionalmente surgem as novas linhas do smartphone, é de se esperar que o fornecimento de peças já ocorra há um bom tempo – até para evitar a patacoada do ano passado com as datas de lançamento do iPhone 8 e do iPhone 8 Plus.

Alex Jones pode virar persona non grata em mais uma rede social

Alex Jones já foi deletado do YouTube, do iTunes, do Facebook, do Stitcher (um hub de podcasts) e até do Spotify. Dessa vez, o conspirador do canal Infowars conseguiu arrumar um “castigo” no Twitter: embora sua conta no microblog não tenha sido excluída, foi imputada a Jones uma pena de sete dias sem novas publicações ou quaisquer interações – de fato, um “modo de leitura”.

A decisão veio depois de uma postagem linkada para um vídeo em que o presidente Donald Trump é convocado a “tomar ações contra a censura na internet”. Também foram eliminados outros tweets, tanto do perfil de Jones quanto das contas oficiais do Infowars — todos considerados “ofensivos”. Nada muito surpreendente vindo de um sujeito que acusou os EUA de poluir o suprimento de água de algumas cidades a ponto de gerar “sapos gays”.

Energias renováveis praticamente de graça até 2030

O petróleo deve estar com os dias contados como fornecedor mor de energia global. A aposta é do banco suíço de investimento UBS, que acredita que os combustíveis fósseis devem ter seu uso drasticamente diminuído até o final da próxima década. E isso menos por causa do próprio petróleo do que por conta das energias renováveis (solar, eólica etc.), cujos custos devem seguir caindo até 2030.

Eis o exemplo deixado pelos analistas da instituição ao Financial Times: “em 2010, usar a energia solar para ferver uma panela de água quente lhe custaria 0,03 libras esterlinas. Em 2020, segundo nossas estimativas analíticas, o custo disso deverá ser ainda menor. Em 2030, o valor se tornará tão irrisório que será praticamente de graça”. No Brasil, essa previsão tropeçaria em uma demanda energética crescente, que deve chegar a 200% no mesmo período e ainda carente de investimentos e pesquisas.

Oi fecha 2º trimestre com prejuízo

A Oi com uma trajetória financeira incerta em 2018. Mesmo apresentando resultados positivos da ordem dos R$ 30 bilhões no início do ano — após processo de renegociação de dívidas —, a empresa fechou o trimestre concluído em junho com prejuízo líquido de R$ 1,199 bilhão. De qualquer forma, um tombo 70,4% menor do que o levado no mesmo período de 2017, cuja cifra chegou a R$ 4,162 bilhões.

"Esse resultado reflete a combinação da queda anual da receita no patamar de 5% e de 6,1% nos custos", publicou a empresa no início da semana passada. Os números também refletem certa queda nas receitas por conta nas recargas de planos pré-pagos, embora os planos residenciais de TV tenham experimentado aumento durante o período.

Google pode ser investigada no Brasil por práticas anticompetitivas

A multa recorde aplicada pela União Europeia à Google pode em breve ganhar um rebento tupiniquim. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) disse na última quarta-feira (15) que está analisando se a decisão da UE poderia se aplicar também à realidade brasileira 3 com acusações envolvendo práticas anticompetitivas, potencializadas pelo nível alto de adoção do Android por aqui. Dependendo da conclusão, uma investigação semelhante pode ser conduzida no Brasil.

Nos países da União Europeia, a Google foi acusada de forçar fabricantes de smartphones a instalarem apenas suas ferramentas proprietárias de busca, o mesmo valendo para o navegador Chrome. Segundo disse o órgão competente europeu na ocasião, a companhia desencorajava a instalação de soluções rivais ou versões alternativas do sistema operacinal.

Tribunal rejeita alegações de quebra de patentes envolvendo feed do Facebook

O Facebook garantiu uma vitória em um embate recente baseado em supostas quebras de patentes envolvendo a linha do tempo da rede social. O processo havia sido movido pela Mirror Worlds sob alegações de que o news feed da rede social se utiliza, sem prévio consentimento, de várias patentes relacionadas a mensagens e à disposição de atualizações e que foram adquiridas pela companhia

“Após considerar os tutoriais das partes envolvidas, reivindicando resumos de construção e de julgamentos, e depois de ouvir os respectivos argumentos orais, ficou claro que a Mirror Worlds não pode estabelecer que qualquer um dos sistemas do Facebook em questão contenha 'elementos centrais' relacionados aos conteúdos das patentes”, arguiu o juiz John Koetl, responsável pelo caso, ao aprovar a moção encaminhada pela companhia. Enfim, uma pedra a menos no caminho de Mark Zuckerberg.

Qualcomm e governo de Taiwan chegam a acordo em processo sobre chipsets

A Qualcomm conseguiu trocar uma multa de US$ 774 milhões devida à Comissão de Comércio Justo de Taiwan por outra de US$ 94 milhões, baseada em acusação de abuso de hegemonia na produção de chipsets CDMA, WCDMA e LTE. Mas isso não veio de graça.

A redução do montante foi acordada mediante a condição de que a companhia estadunidense instale fábricas em pontos-chave do país e que atue em conjunto com o governo no lançamento da tecnologia 5G em todo território. A Qualcomm também deverá abdicar de contratos de exclusividade que eventualmente tenha com clientes específicos na região. Resta, agora, chegar a um termo em relação aos US$ 4,5 bilhões supostamente devidos pela Apple — cujo desdobramento pode mesmo encerrar relações entre as partes.

Musk quer usar fundo soberano saudita para fechar capital da Tesla

Depois de deixar a internet em polvorosa ao anunciar intenções de retirar a Tesla das negociações em Bolsa — resultando em um sobe e desce de ações e também de fortunas pessoais —, Elon Musk acabou provocando questionamentos por parte da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). Afinal, havia mesmo a intenção de fechar o capital? Musk tinha o capital necessário para isso? E, finalmente, por que diabos o anúncio foi feito no Twitter?

Bem, enfim há alguns esclarecimentos. De acordo com o fundador e diretor executivo da companhia automobilística, a saída da Bolsa pode vir a ser bancada pelo investimento previamente anunciado oriundo de um fundo soberano da Arábia Saudida, possibilitando a aquisição das ações pelo valor individual de US$ 420. Entretanto, uma fonte próxima garantiu ao Wall Street Journal que os gestores do fundo andam receosos de colocar tantos ovos na mesma cesta — o que, de quebra, elevaria o valor de mercado da Tesla a US$ 70 bilhões.