Boeing suspende entregas dos 737 Max, mas produção continua
Por Felipe Ribeiro | 15 de Março de 2019 às 13h13
A Boeing afirmou nesta quinta-feira (14) que irá suspender as entregas de dos jatos 737 Max às companhias aéreas. A decisão vem em decorrência da paralisação geral das empresas que operam com essa aeronave, que optaram por interromper os trabalhos após o acidente mortal de domingo na Etiópia. "Continuamos a construir os aviões 737 Max, mas avaliando como a situação, incluindo as restrições potenciais de capacidade, terá impacto sobre nosso sistema de produção", disse um porta-voz da companhia.
Isso significa que, embora a Boeing continue construindo seu mais novo carro-chefe, colocará as entregas em espera até que um novo software seja instalado, testes sejam realizados e a investigação sobre o acidente etíope forneça algumas respostas. O acidente no país africano aconteceu menos de seis meses depois de outra queda, desta vez no Mar de Java, após decolagem de um 737 Max 8 da Lion Air em Jacarta, na Indonésia, que matou todas as 189 pessoas a bordo.
Os dados de voo e os gravadores de voz do cockpit foram recuperados dos destroços do jato da Ethiopian Airlines. Especialistas franceses começaram a analisar as chamadas caixas pretas na quinta-feira (14).
Desde o acidente indonésio, os investigadores se concentraram no sistema anti-stall da aeronave, que afunda o nariz do avião para evitar que ele pare. Especialistas que analisaram o desastre indonésio disseram que informações do gravador mostraram que o sistema de segurança automática do avião repetidamente o empurrou para baixo, apesar das tentativas desesperadas dos pilotos para manter o controle.
As autoridades dizem, ainda, que outras possíveis causas dos acidentes estão sendo investigadas, incluindo outros sistemas com problemas e erros do piloto.
A crise com o Boeing 737 Max também está dando um enorme prejuízo financeiro para a empresa norte-americana. Até o momento, a fabricante já perdeu mais de US$ 25 bilhões (R$ 96,2 bilhões) em valor de mercado, com queda de 9% nas ações na Down Jones, a bolsa de Nova Iorque.