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Vertu, fabricante de celulares de luxo, está fechando as portas

Por| 14 de Julho de 2017 às 12h02

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Vertu, fabricante de celulares de luxo, está fechando as portas
Vertu, fabricante de celulares de luxo, está fechando as portas

Se você quiser um aparelho que só faz ligações e manda SMS, mas é cravejado de cristais, possui tela de safira e um corpo de ouro 24 quilates, a Vertu é o caminho a seguir. Ou era, já que a empresa do segmento de luxo anunciou nesta quinta-feira (13) o fim de suas operações em todo o mundo.

Fundada em 1998 pela Nokia, mas depois passada por diferentes mãos até chegar a seu dono atual, o investidor turco Hakan Uzan, a Vertu já vinha passando por dificuldades desde 2015, quando sua antiga dona, a holding chinesa EQT VI, vendeu sua última parcela na companhia como forma de gerar dinheiro para pagar dívidas. Não deu certo e a continuidade da fabricação de celulares com alto custo de produção, mas baixíssimas vendas, não ajudaram a manter a balança equilibrada.

O fim das operações veio após uma proposta que chegou a ser considerada hilária pelo noticiário econômico internacional. No ano passado, Uzan, em busca de salvar a companhia, buscou investidores e parceiros e ofereceu US$ 24 milhões para pagamento das dívidas. O total devido, entretanto, ultrapassava os US$ 166 milhões e é claro que a proposta não foi aceita.

Agora, a empresa será liquidada, com o fechamento das lojas restantes e o fim da produção de modelos. Além disso, cerca de 200 funcionários dos escritórios ao redor do mundo serão demitidos, um total que pode ultrapassar a marca das 500 pessoas quando se leva em conta atendentes de loja, seguranças e outros contratados em toda a cadeia de operações. As fábricas que tinham parceria com a Vertu também devem ser afetadas, mas ainda não é possível fazer previsões com relação a isso.

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Do luxo ao lixo (?)

A companhia foi fundada em 1998 como uma divisão da Nokia voltada para o mercado de alto padrão. Era uma época em que dumbphones ainda eram o padrão do mercado – naquele ano o “tijolão” Nokia 6120 foi o celular mais vendido do mundo. Sendo assim, a Vertu atendia a uma casta de socialites e ricaços extravagantes, além de celebridades que não escondiam o orgulho de terem celulares de ouro e cravejados de diamantes no bolso e nas fotos das premières.

Com a evolução da indústria e a chegada dos smartphones, entretanto, a Vertu foi ficando para trás na medida em que a vontade de ter funções e aplicativos no celular suplantava o gosto por cristais e diamantes. A marca chegou tarde nessa corrida e lançou seu primeiro aparelho com o sistema operacional Android apenas em 2013. Apesar das configurações robustas e da parceria com marcas como Ferrari e Bentley; entretanto, a ideia não decolou.

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A empresa vendia celulares como outras grifes vendiam roupas, relógios ou bolsas. Sua estratégia era similar à de grandes marcas, com pouco investimento em marketing e muito no luxo. Diamantes, pedras preciosas, ouro 24 quilates, couro legítimo e titânio estavam entre os materiais mais presentes nos aparelhos. Nos anos recentes, as telas safira - caras e de difícil produção - se tornaram o padrão.

Uma das maiores concorrências acabou sendo constituída pelas empresas de customização de aparelhos. Para quem tem bolsos fundos e uma necessidade de status, por exemplo, era mais interessante comprar um iPhone e cobri-lo de pedras preciosas do que adquirir um modelo da Vertu.

Os problemas nas vendas se somaram a uma dança das cadeiras na direção da companhia. Em outubro de 2012, a empresa foi vendida para os chineses da EQT VI, que, aos poucos, foram repassando cotas da Vertu para outros investidores e interessados. Em 2015, a parcela da dona original foi vendida à Godin Holdings, de Hong Kong, e em março deste ano chegou às mãos de Uzan.

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No seu auge, em meados de 2013, a empresa chegou a ter mais de 350 mil clientes cadastrados em seus sistemas. Ela também operava 500 lojas ao redor do mundo, sendo 70 delas próprias. O Signature Touch, que chegou às prateleiras em 2015 rodando Android, traseira de couro e corpo em titânio, foi seu último lançamento.

Com o fim da empresa, as tecnologias, marcas e propriedades intelectuais permanecem com Uzan. O restante, que vai desde equipamentos de escritório, maquinário e o estoque restante de aparelhos, será vendido para pagamento das dívidas aos credores, em um processo doloroso de encerramento que ainda deve se estender por algum tempo.

E como a vida é um ciclo, já há quem diga que o próximo passo da Vertu é o licenciamento de sua marca para outros fabricantes, assim como a Nokia, sua criadora, faz agora em seu retorno ao mercado de smartphones. Pode ser uma alternativa que interesse às empresas que trabalham com personalização de luxo, já que agora podem contar com um nome renomado por trás de suas operações.

Fonte: BBC