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A assustadora "FaceTrix" de Zuckerberg e a alienação dos tempos modernos

Por| 22 de Fevereiro de 2016 às 17h51

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A imagem acima tem dado o que falar internet afora – e não necessariamente de formas positivas. A fotografia foi tirada durante a mais recente edição do Mobile World Congress e mostra Mark Zuckerberg transitando triunfante em meio a um exército de sujeitos deslumbrados com a realidade virtual do Samsung Gear VR.

Naturalmente, a coisa toda foi proposital: absorto pelo aparato, o público ignorou totalmente a presença do CEO do Facebook, que seguiu incógnito até o palco do evento. Para os críticos de plantão, entretanto, a cena traz algo de perturbador. Afinal, por trás do deslumbramento de uma nova interação tecnológica – a qual mostra claramente qual foi a ideia de Zuckerberg ao adquirir o Oculus VR ainda em 2014 -, salta à vista certa... Alienação.

Bem-vindo à FaceTrix

É claro que não faltou nada para que alguns olhares mais espirituosos traçassem um paralelo direto entre a cena do MWC e diversas distopias tecnológicas. “Mark, não é estranho ser o único andando com seus olhos de verdade enquanto todo mundo se resume a zumbis na Matrix?”, comentou um sujeito.

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“Eu não quero viver num mundo como esse. Eu não quero utilizar um terno cinza, enquanto me dizem o que é legal em um ambiente com ar condicionado e iluminado por LED, cheio de aparelhos eletrônicos rastreando cada um dos meus movimentos; ser humano é ser livre!”, comentou um outro.

Mas também houve gente menos delicada: “Assustador feito o Inferno! A Matrix está aqui! Isso não é empolgante, é estúpido!”. Ou, ainda, “Andar no meio de pessoas mortas, Mark Zuckerberg. Se esse é o futuro, então para o Inferno com ele. A imagem á autoexplicativa: parece que você roubou os cérebros dessas pessoas”.

Nós escolhemos o que fazer com a tecnologia?

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Para além das visões cataclísmicas, entretanto, há quem ainda aposte no livre arbítrio humano – de maneira que caberia a nós escolher o que fazer com um nível sem precedentes de imersão virtual. “Por que as pessoas têm tanto medo do progresso? Vocês estão simplesmente ganhando ferramentas, opções; o que vão fazer com elas e como vão utilizá-las é um problemas inteiramente seu”, comenta um dos seguidores de Zuckerberg.

“Bem, assustador ou não, o mundo segue em frente. Não importa o que nós pensamos dele. A tecnologia sempre vai a diante, [de forma que] o melhor é aprender e se adaptar, em vez de ficar pensando nos velhos tempos”, completa outro sujeito, seguido ainda por um terceiro: “Eu vejo todos esses comentários, como ‘Eu quero cheirar’, ‘Eu quero sentir’, ‘Eu não quero ser um escravo da tecnologia’”.

Ao que ele conclui: “Vocês têm muito tempo para cheirar e sentir. Eu quero dilacerar um dragão. Eu quero sobreviver ao apocalipse zumbi. Fisguem-me”. Isso para nem mencionar o Twitter, onde o futuro já foi pintado como “Pessoas vivendo em um ambiente virtual enquanto nossos líderes andam no meio de nós” e mais algumas dúzias de menções a Matrix e a livros de George Orwell.

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Mudanças assustam

Considerando-se que há atualmente países com vias de mão dupla para usuários de smartphones – de forma que não se trombem, testa contra testa, pelas calçadas -, a imagem de um batalhão de pessoas alheias ao mundo “real”, divertindo-se com a mais nova menina dos olhos da indústria... Sim, isso certamente causa alguns calafrios.

Afinal, conforme atestaram os comentários, exemplos distópicos não faltam. Orwell, em seu 1984, havia imaginado um universo controlado por um Grande Irmão onipresente – o qual não apenas impunha o que era “legal”, mas também determinava os rumos da história, adulterando tudo ao seu bel prazer. Voltando à Matrix (e à famosa alegoria de Platão), o salão do Mobile World Congress seria uma prisão – escape assim que ninguém estiver olhando!

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Entretanto, um vídeo vem à mente nesse momento. Trata-se de uma das primeiras apresentações dos irmãos Lumiére, toda ela organizada para mostrar do que se tratava o cinematógrafo. A sequência curta, e trazia apenas um trem chegando a uma estação. O saldo? Uma sala inteira apavorada, acreditando que o trem irromperia da tela e atropelaria os presentes – enquanto alguns simplesmente pregavam o fim daquela tecnologia, que acabou caindo no descrédito dos próprios irmãos inventores durante algum tempo.

Em suma, seria muita ignorância acreditar que nós apenas moldamos a tecnologia para facilitar (ou para tornar mais divertidas) as nossas vidas. Juntamente com um novo paradigma tecnológico vêm todas as mudanças necessárias para absorvê-lo, reformá-lo, abraçá-lo – e eventualmente até descartá-lo. E, de mais a mais, enquanto ainda nos restar consciência, basta tirar os óculos virtuais da cabeça... e conferir se ainda está tudo lá.

Fonte: Facebook (Mark Zuckerberg)