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Tecnologia vem sendo usada para substituir medicação no combate ao stress

Por| 10 de Novembro de 2014 às 10h45

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Tecnologia vem sendo usada para substituir medicação no combate ao stress
Tecnologia vem sendo usada para substituir medicação no combate ao stress

O tratamento tecnológico tem feito sucesso no combate à exaustão causada pelo acúmulo de funções diárias. Gadgets e soluções digitais têm até mesmo substituído a medicação para casos mais graves.

Atualmente 10,4 milhões de dias são desperdiçados anualmente devido a casos de stress relacionados ao trabalho, segundo levantamento feito pela empresa pública britânica de monitoramento de saúde Health and Safety Executive. A Organização Mundial da Saúde contabiliza que esse problema causa prejuízos de aproximadamente US$ 300 bilhões anuais. Daí a razão para as empresas de tecnologia estarem desenvolvendo mais aparelhos para o setor.

Gadgets contra stress

A BBC acompanhou uma paciente, Mairin Philips (nome fictício), para saber como tem funcionado um desses gadgets, o Pip, que já vem ajudando pacientes de stress desde o ano passado.

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"Estava ansiosa para testar, mas não sabia se funcionaria comigo", diz Mairin. O aparelho, que parece um pequeno iPod, é utilizado entre o dedão e o dedo indicador e mede suor e a atividade eletrodermal, que são associados aos níveis de stress.

A partir daí, esse monitoramento leva as pessoas a fazerem pausas para jogar títulos como Relax & Race, games produzidos especificamente para o relaxamento da tensão.

"Após alguns dias, parei de tomar o medicamento para relaxamento, que utilizava para aliviar a ansiedade", afirma Mairin. "Isso foi uma surpresa para mim. Foi uma grande ferramenta para me ajudar a aliviar a tensão do corpo e da mente, um substituto incrível para os remédios".

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O Pip faz parte de uma nova tendência mundial na tecnologia, que busca soluções para a saúde e, em especial, para o tratamento de stress. O gadget é produzido pela Galvanic, uma startup irlandesa sediada em Dublin, a partir de conceitos do professor de psicologia Ian Robertson, do Trinity College Dublin.

O dispositivo se comunica com outros aparelhos, como smartphones, por meio de conexão Bluetooth. Criado originalmente em 2007, ele só foi disponibilizado no ano passado com a ajuda do crowdfunding. Compatível com Android e iOS, custa € 179 (cerca de R$ 600).

Outra solução para o problema é o dispositivo vestível Insight, que faz parte do projeto redLoop e foi projetado na Middlesex University, em Londres.

"A ansiedade tem vários e diferentes parâmetros. Alguns podem ser medidos e indicados por meio de biomarcadores confiáveis, enquanto outros dependem mais do paciente", comenta o diretor do projeto, o médico Andy Bardill.

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A condutividade da pele é eficaz em muitos casos, porém o monitoramento pode ficar comprometido por variáveis que não são necessariamente relacionadas ao stress, como aumento de umidade ou exercícios físicos.

"Obter mais dados é importante, porque pode ser que o paciente esteja cansado porque fez exercício ou está doente e não exatamente porque está ansioso", exemplifica Bardill. Assim, o Insight busca um monitoramento mais amplo, com pulseiras, monitores cardíacos e um aplicativo para iPhone.

Um outro wearable chamado Muse, criado no Canadá, também busca proposta semelhante. "É uma eletroencefalografia (que registra a atividade elétrica cerebral) de grau clínico, apresentado de forma elegante ao consumidor", descreve Ariel Garten, psicoterapeuta e diretora executiva da InteraXon, fabricante do dispositivo.

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O Muse é utilizado como uma bandana e pode registrar a atividade cerebral em tempo real via smartphone ou tablet. Com isso, o usuário pode praticar o foco da atenção. "É a atenção plena em hipervelocidade", assegura a médica.

Rede social

Uma outra frente que utiliza a tecnologia para bloquear a ansiedade é uma rede social chamada Big White Wall, criado por Jennifer Hyatt. Anônima, a rede tem como objetivo ajudar as pessoas que sofrem de distúrbios mentais ou ansiedade.

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Jennifer abriu o site depois do suicídio de um conhecido, acreditando que, assim, poderia oferecer ajuda e recursos para a recuperação, sem o peso da vergonha ou de estigmas.

Os níveis mais baixos de problemas são tratados por meio de cartões enviados para um setor do site que compartilha, de forma anônima, os pensamentos de seus integrantes. Isso tem trazido mais resultados do que algumas medidas como o GAD7, o auto administrado questionário de Transtorno de Ansiedade Generalizado (ou Generalised Anxiety Disorder - GAD).

Os casos de gravidade mediana são encaminhados para um curso de Terapia Comportamental Cognitiva para gerenciar a ansiedade e quando a situação é mais grave o site providencia uma plataforma similar ao Skype, em que os membros podem lidar com seus problemas diretamente com um profissional.

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De acordo com Jennifer, o Big White Wall tem 4,5 mil usuários ativos mensais. Inicialmente, 40% tinham idade inferior a 25 anos e agora o grupo mais presente é o das pessoas entre 35 e 45 anos. Usuários da faixa etária superior a 55 anos também vêm sendo cada vez mais assíduos.

Plataforma móvel

O tratamento do stress via plataformas móveis também é uma realidade graças ao Buddy, criado por Syed Abrar. O aplicativo atua como um diário e também oferece ferramentas de análises, além de recursos para planejamento de ações e lembretes. Tudo de forma discreta.

"Você pode estar sentado num bar ou com os pais e enviar material para capturar sentimentos de uma forma contemporânea", reflete Syed.

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Os usuários podem, por exemplo, receber textos do Buddy perguntando como eles estão e o que estão fazendo, para depois receberem links sobre essas respostas e gerenciar sua própria jornada de recuperação.

Uso com cautela

Todas essas soluções são válidas, contudo pouco se sabe exatamente sobre a total eficácia dos métodos de alívio de stress e ansiedade por meio da tecnologia. "A academia, organismos financiadores e conselhos de investigação trabalham num ritmo muito diferente e mais lento do que o campo da computação", lembra a doutora Lisa Marzano, experiente professora de psicologia da Middlesex University.

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"Quando você tem algo que evolui tão rápido, fica realmente muito difícil mensurar o impacto antes que evolua novamente", complementa Sarah Amani, da Oxford Academic Health Science Network.

O desafio, segundo os especialistas, é encontrar os bons desenvolvedores e seus produtos. Neste mês, um evento gerenciado pela MindTech, uma cooperativa criada a partir da Universidade de Nottingham, vai avaliar os apps criados para a saúde mental.

O coordenador do projeto, o doutor Jen Martin, contabiliza mais de 5 mil apps desenvolvidos para a área de saúde mental e bem-estar. "Muitos desses não são particularmente prejudiciais, porém podem não ser úteis", alerta.

Experts também reconhecem o potencial da tecnologia para tratar o stress, principalmente quando se trata de alcançar pessoas que precisam ser atendidas com urgência e não podem. A disponibilidade imediata dos aparelhos e o rápido crescimento de soluções do setor, entretanto, podem também significar problemas.

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O ideal é não depender completamente da tecnologia e usá-la, pelo menos, para se sentir um pouco melhor.