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Suposto criador da Bitcoin nega envolvimento com a moeda digital

Por| 07 de Março de 2014 às 08h56

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Um dos assuntos mais comentados por investidores no mundo e também na internet durante toda essa quinta-feira (6) foi a capa da revista norte-americana Newsweek, que publicou uma reportagem revelando a verdadeira identidade de Satoshi Nakamoto, o criador da moeda virtual Bitcoin. O anúncio veio cercado de dúvidas porque, desde a invenção da moeda, em 2009, Nakamoto nunca havia dado entrevistas. Agora, novas informações dizem que o inventor das Bitcoins mostrado na Newsweek não é o verdadeiro Nakamoto.

Em uma publicação na comunidade da P2P Foundation, organização que estuda os impactos da tecnologia peer-to-peer (ponto a ponto) na sociedade, o que aparenta ser o verdadeiro Satoshi Nakamoto fez o seguinte comentário: "Eu não sou Dorian Nakamoto". A conta que publicou a mensagem não fazia uma nova postagem desde 2009, por sinal o mesmo ano em que a Bitcoin foi criada. Por outro lado, o perfil que pode ser do real Nakamoto no fórum oficial da Bitcoin está inativo desde dezembro de 2010.

Como se a situação não fosse confusa o suficiente, um dos criadores da P2P Foundation confirmou em sua conta pessoal no Twitter que, apesar de não saber a identidade do perfil de Satoshi, o e-mail usado para criá-lo no fórum da P2P é o mesmo que está cadastrado no fórum oficial da Bitcoin. Ou seja, é provável que a conta de Satoshi no site da P2P Foundation seja mesmo a do verdadeiro criador da moeda virtual mais famosa do mundo.

Além disso, a agência de notícias Associated Press (AP) conversou com Dorian Nakamoto, o mesmo entrevistado pela revista Newsweek nesta semana. Ao contrário do que disse à publicação americana, o nipo-americano de 64 anos negou que tenha qualquer envolvimento com as Bitcoins. "Eu não tenho nada a ver com isso", comentou Nakamoto a um repórter da AP. A frase foi dita depois que Nakamoto entrou no carro do jornalista para escapar da imprensa, que começou a persegui-lo em Los Angeles após a reportagem da Newsweek.

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O repórter da AP conta que Nakamoto o selecionou sem critério algum durante essa perseguição e que, depois que eles entraram no carro do jornalista, foram almoçar sushi juntos. Foi aí que Nakamoto negou sua ligação à moeda virtual e que "nunca tinha ouvido falar de Bitcoin até três semanas atrás quando o filho dele foi procurado por um repórter da Newsweek". Veja abaixo um vídeo feito pelo jornal The Guardian no momento exato em que o japonês sai de casa e entra no automóvel do repórter da Associated Press:

Nakamoto também disse ao jornalista da AP que não trabalha mais com engenharia e, mesmo se estivesse envolvido no mercado de Bitcoins, não poderia revelar nada a ninguém. "A impressão é que parecia que eu estava envolvido com a Bitcoin e agora parece que eu não estou. Não foi isso o que quis dizer. Quero esclarecer tudo", comentou Nakamoto sobre suas afirmações à Newsweek.

Ele ainda afirmou que o local mais próximo de um sistema financeiro no qual trabalhou foi para um projeto do Citibank conduzido pela empresa Quotron, que forneceu à instituição bancária os preços das ações da Bolsa de Valores em tempo real. De acordo com o nipo-americano, ele começou nesse emprego em 1987 e ficou por quatro anos operando o software do banco. Fora isso, Nakamoto também já trabalhou em sistemas de mísseis para a Marinha dos Estados Unidos e da Força Aérea, no ano de 1973.

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Resposta da Newsweek

A jornalista da publicação americana, Leah McGrath Goodman, disse que investigou a história de Nakamoto por dois meses e mantém sua posição em relação à matéria divulgada nesta semana. "Estou completamente segura sobre minha entrevista com o Sr. Nakamoto. Não houve nenhuma confusão sobre o contexto da nossa conversa, nem sobre o reconhecimento de sua participação no negócio das Bitcoins", afirmou.

Após tantas informações desencontradas, muitos sites internacionais, como o jornal britânico The Guardian e a própria Associated Press, questionam a credibilidade da Newsweek. Os veículos de comunicação comentam que a reportagem sobre Satoshi Nakamoto foi a forma que a revista optou para voltar à sua forma impressa. Desde dezembro de 2012 a revisa não era distribuída no seu modelo impresso, tendo sido publicada somente no formato online, mas voltou às bancas dos EUA nesta semana.

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Satoshi Nakamoto foi perseguido por jornalistas enquanto saía de sua casa em Temple City. (Foto: Allen J. Schaben / Los Angeles Times)

Intitulada "A Face da Bitcoin", a matéria da Newsweek sobre Dorian Satoshi Nakamoto contou como vive o suposto inventor da moeda digital Bitcoin. Ele reside em uma casa relativamente simples em Temple City, na Califórnia, tem seis filhos, foi casado duas vezes, é aposentado e mora somente com a mãe, que está com 93 anos. O nipo-americano é graduado pela California State Plytechnic University e tem dupla cidadania - quando completou 23 anos, adicionou "Dorian Prentice" à frente de seu nome nipônico.

Além do governo dos EUA, Nakamoto já fez outros trabalhos confidenciais para grandes companhias graças ao seu conhecimento em engenharia de sistemas, com especialização em defesas. Atualmente, seu principal hobby é o ferromodelismo e, segundo a família, o engenheiro é extremamente paranóico em relação ao governo e grandes bancos. Na década de 1990, uma dessas instituições bancárias tomou a casa onde Nakamoto e sua família viviam.

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Perguntado sobre as Bitcoins, o Nakamoto foi recluso e não respondeu nada. "Não estou mais envolvido e não posso falar sobre isso. Foi entregue a algumas pessoas, elas estão no comando agora. Eu não tenho mais ligação", disse. Segundo o irmão mais novo, Arthur Sakamoto, o programador "jamais vai admitir ter criado a Bitcoin" e "negará tudo" que envolva o projeto.