Impressora 3D cria implantes de nariz e orelha
Por Joyce Macedo | 19 de Março de 2015 às 16h00
Atualmente, a melhor opção cirúrgica para quem precisa implantar órgãos como orelha e nariz após acidentes, infecções ou outros tipos de trauma, é a criação de implantes a partir da cartilagem do próprio paciente.
Porém, uma nova técnica desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, promete reduzir a quantidade de cirurgias necessárias para realizar esse tipo de procedimento. Para isso, eles utilizam uma técnica chamada bioimpressão, que utiliza uma impressora 3D para imprimir uma cartilagem criada a partir de uma cultura do próprio material genético do paciente.
Segundo o instituto, até agora a equipe já criou um nariz e uma orelha a partir de uma mistura de biopolímeros e células de cartilagem usando a bioimpressora do laboratório do Grupo de Regeneração e Engenharia de Cartilagem do Departamento de Ciências da Saúde e Tecnologia da instituição.
Imagem: Reprodução / Instituto Federal de Tecnologia de Zurique
A impressora funciona a partir de uma roda com oito seringas. Um computador utiliza um modelo 3D para controlar a impressora e, em seguida, imprime o material das seringas com um elevado grau de precisão, depositando as camadas em alta velocidade – um nariz de cartilagem, por exemplo, pode ser impresso em apenas 16 minutos.
Imagem: Reprodução / Instituto Federal de Tecnologia de Zurique
O material cartilaginoso original do paciente é colhido por meio de uma biópsia com agulha em locais como joelho e dedo. Em seguida, essas células vão para o laboratório, onde se misturam com biopolímeros para dar origem a uma suspensão com a consistência de uma pasta de dentes.
Essa "pasta" é usada para imprimir o implante de cartilagem; o biopolímero atua como um andaime degradável que será descartado pela cartilagem do próprio corpo, deixando apenas a estrutura de cartilagem após a realização do implante. Os pesquisadores afirmam que depois de alguns meses as cartilagens se unem e ficam indistinguíveis.
Essa técnica também pode ser utilizada para restaurar cartilagens articulares desgastadas, tais como no caso de condromalácia patelar, uma patologia crônica degenerativa da cartilagem articular do joelho.
Um dos grandes benefícios da técnica é o fato dela utilizar células do próprio corpo do paciente, o que implica na redução da possibilidade de imuno-rejeição; além do fato dela crescer de acordo com o corpo, algo particularmente importante no caso de crianças que recebem esse tipo de tratamento.
O próximo passo da pesquisa é testar a viabilidade de uso do implante bioimpresso em ovinos e caprinos, algo que deve ocorrer ainda este ano. Se esse estudo for bem sucedido, ensaios clínicos em humanos poderão ser liberados.
Fonte: ETH Zurich