Guerra entre Apple e Google já existia antes do primeiro iPhone e Android
Por Caio Carvalho | 25 de Março de 2014 às 16h40
Assim como no futebol, há quem diga que no mundo da tecnologia existe muita rivalidade entre usuários de marcas diferentes. Nos videogames, são os "sonystas", "caixistas" e "nintendistas"; nos tablets e smartphones, os "applemaníacos" e fãs do Android. Claro que essa "briga" entre companhias e consumidores não é tão exagerada como no esporte, mas é fato que existe um grande espírito de competição entre um produto e outro.
Um dos casos mais comuns é esse da Apple e do sistema operacional do Google. Na biografia oficial de Steve Jobs, escrita por Walter Isaacson, o ex-CEO da empresa de Cupertino acusou a gigante das buscas de ter roubado a ideia original do iPhone logo quando lançou o Android, e que estava determinado a destruir o robozinho verde da concorrente. Mas o que muita gente não sabe é que a guerra "termonuclear" entre as duas corporações já existia muito antes de ambas desenvolverem suas respectivas plataformas móveis, o iOS e o Android.
As imagens a seguir revelam e-mails vazados entre Sergey Brin e Eric Schmidt, cofundador e atual diretor do Google, respectivamente, Steve Jobs e outros fucionários das duas companhias. Um dos pontos principais das mensagens é que Apple e Google possuem acordos explícitos para não contratar ou recrutar os serviços dos profissionais que trabalham para a rival, já que a medida pode expor os planos de negócios de cada empresa e causar de propósito um prejuízo na concorrente quando esta for fabricar um produto na mesma área de mercado.
Os arquivos também afirmam que "outras dezenas de empresas de tecnologia" adquiriram o mesmo acordo, incluindo Dell, IBM, eBay, Microsoft, Comcast, Clear Channel e o estúdio Dreamworks. Essa estratégia, como informa o site Pando, envolve mais de um milhão de empregados.
No e-mail abaixo, Brin diz ter recebido uma ligação de Jobs que acusou o Google de tentar recrutar a equipe responsável pelo navegador Safari, da Apple. "Hoje eu recebi uma ligação de Steve Jobs e ele estava bem agitado. Era sobre nós recrutarmos o time que trabalhou no Safari. Ele estava convicto de que nós estávamos construindo um browser e que estávamos tentando contratar a equipe do Safari. Ele também fez várias ameaças (...), mas contei que não estávamos trabalhando nesse projeto, nem que tentamos contratar especificamente o pessoal que criou o Safari. (...) Contei a ele que temos gente da Mozilla trabalhando conosco", disse.
(Foto: Reprodução/Pando)
Dias depois, Brin recebeu um novo e-mail de Steve Jobs e confirma que realmente pretendia contratar um funcionário do Safari, mas que tentou encobrir o processo. "Hoje eu recebi outra ligação de [Steve] Jobs e ele estava bastante irritado. Não acho que devemos contar nossa estratégia de contratação, mas penso que é melhor que você [Eric Schmidt] saiba o que está acontecendo. Basicamente, ele disse que 'se vocês contratarem alguma dessas pessoas [que trabalharam na criação do Safari], isso significa guerra", diz a mensagem.
Brin continua: "Eu disse que não poderia prometer nada, mas que iria discutir novamente a situação com a equipe responsável. Perguntei se ele planejava se retratar e ele disse que sim. Um meio-termo seria continuar com a oferta que fizemos (para [nome removido]), mas não fazer outras até ganharmos permissão da Apple", disse. O executivo do Google afirma no final do texto que, "em todo o caso, não vamos fazer nenhuma oferta de emprego ou contato com nenhum funcionário da Apple até que tenhamos a chance de debater o assunto".
(Foto: Reprodução/Pando)
Outros funcionários da Apple e do Google também trocaram e-mails comentando sobre esse tal acordo que proíbe as duas companhias de contratar funcionários da concorrente. Todas as mensagens são de 2005, dois anos antes de sair a primeira versão do iPhone e três anos antes do primeiro aparelho com Android. As informações foram publicadas pelo site Pando e Business Insider.