Google anuncia Project Tango, seu projeto de celular com realidade aumentada
Por Felipe Demartini | 21 de Fevereiro de 2014 às 13h03
O Google anunciou, nesta sexta-feira (21), mais um de seus ambiciosos projetos que pretendem mudar a maneira como os usuários enxergam o mundo ao seu redor. Chamado de Project Tango, o novo protótipo de smartphone utiliza sensores de movimento e profundidade para mapear os ambientes ao redor dos usuários em três dimensões.
A ideia inicial era de, efetivamente, criar um “mapa do mundo”, com não apenas ruas e avenidas mas também plantas de edifícios e outros elementos internos. Com o tempo, porém, a ideia evoluiu para algo mais arrojado, que permitirá não apenas esse tipo de uso, mas também a aplicação em projetos de realidade aumentada, jogos e todo tipo de utilização que os desenvolvedores parceiros imaginarem.
Nessa primeira etapa, 200 dispositivos do Project Tango serão enviados para desenvolvedores de software que serão selecionados a partir do dia 14 de março. São eles que poderão imaginar todas as funcionalidades possíveis para o sistema, que ainda não tem data de lançamento prevista.
A novidade é fruto das ideias do grupo de “Projetos e Tecnologias Avançadas” do Google, a única divisão da Motorola Mobility que continuou a fazer parte da empresa após a venda para a Lenovo. O projeto é liderado por Johnny Lee, profissional experiente que já trabalhou na Microsoft durante o desenvolvimento do Kinect e tem experiência no mundo da realidade virtual.
O poder em tamanho ínfimo
Essas, na verdade, são as palavras de ordem do Project Tango. A ideia do Google é, efetivamente, criar um mundo digital que se assemelhe ao real. Para fazer isso, o celular é capaz de detectar os movimentos do usuário ao mesmo tempo em que registra as informações de seus arredores. A posição com a qual o aparelho é segurado, a distância até as paredes, esquinas, corredores, enfim, tudo é digitalizado em tempo real.
Um dos segredos para tudo isso é um chip chamado Myriad 1, processador de captura de ambientes tridimensionais que apresenta um alto poder aliado ao baixo consumo de energia. Ou seja, perfeito para ser usado em smartphones e tablets, não fosse um problema: ele precisa ser fabricado de maneira personalizada.
Como conta o site TechCrunch, foi preciso um investimento de US$ 50 milhões para que a Movidius, empresa responsável pela fabricação do componente, pudesse transformar o Myriad 1 em realidade. Em vez de usar uma arquitetura já existente no mercado, a companhia decidiu criar sua própria inovação.
E a ideia, agora, parece ter valido a pena. Assim como os chips M7 disponíveis nas versões mais recentes do iPhone, o Myriad 1 trabalha lado a lado com um processador central, realizando suas funções mesmo quando o aparelho está em stand-by. Isso significa que o rastreamento de ambientes nem sempre dependerá da ação do usuário e pode ser feito de forma transparente.
Todas essas características, unidas, também fazem com que o chip tenha alto potencial para uso em dispositivos vestíveis. Uma ideia distante, por exemplo, é o uso de um GPS em tempo real a partir do Google Glass, que indique o caminho a seguir perante os olhos do usuário.