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Gemalto aposta em internet das coisas e M2M para mercado latino-americano

Por| 01 de Abril de 2014 às 10h25

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Expectativas de mercado estimam que 2014 é o ano no qual as inciativas da tendência da Internet das Coisas devem começar a ganhar espaço de maneira acelerada em diferentes mercados. Dispositivos que se comunicam entre si para realizar tarefas de maneira automatizada, as chamadas conexões máquina à máquina (M2M, em inglês), são considerados o coração dessa tendência. Expectativa é que até 2020 o número de conexões do tipo no mundo alcance a marca de 50 bilhões.

Mas isso não significa que só agora as empresas voltam seus olhos para a tendência. Líder em soluções de segurança digital, as iniciativas da área de M2M da holandesa Gemalto não são recentes, mas um mês após revelar algumas das novas iniciativas da empresa na área durante a conferência de tecnologias móveis Mobile World Congress (MWC) deste ano, em Barcelona, o diretor de M2M para América Latina da empresa, Ramzi Abdine, falou em entrevista ao Canaltech sobre esse que deve ser um dos principais focos da empresa na região.

"A Gemalto acredita que ainda tem muito o que crescer nesse mercado com nosso histórico e expertise na parte de segurança, secure transactions e telecomunicações", afirmou. "Quando falamos sobre M2M, segurança é crítica". Em 2013, a empresa anunciou uma receita de € 200 milhões (cerca de R$ 624 mi) em M2M, um crescimento de 7% em relação ao ano anterior.

De acordo com o executivo, os esforços da empresa em M2M se intensificaram principalmente após a compra da empresa alemã Cinterion, braço da Siemens focada no desenvolvimento de módulos de comunicação wireless para a áreas de M2M industrial, em 2010. Combinadas com a atuação da Gemalto no setor de softwares e serviços para operadores de telecomunicações, as soluções resultaram em tecnologias de gerenciamento de rede "over-the-air", como a recente solução de conectividade sob demanda (ODC, em inglês) apresentada na MWC.

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Inspirada em dificuldades de mercados como o brasileiro, a plataforma foca em cortar custos de operadores durante a importação de dispositivos conectados a redes móveis que exigem uma mudança de chips SIM para se adequarem as novas redes locais. Na sua origem, o produto recebe um SIM voltado especialmente para o mercado M2M, apelidado de MIM (sigla para "Módulo de Identificação de Máquina"), que tem características específicas para esse uso. "E quando ele chega no país destino, através de uma plataforma da Gemalto, nós conseguimos carregar o perfil da operadora local", explica o executivo. "Isso resolve problemas logísticos enormes e também de qualidade, já que ninguém mais mexe no dispositivo", afirma.

A solução ainda está em fase de testes com projetos pilotos ao redor do mundo, mas que ainda não podem ser divulgados por questões de sigilo. Contudo o executivo revela que um dos testes mais bem sucedidos está sendo realizado atualmente junto à indústria automotiva, um dos principais focos da empresa e setor de vanguarda em M2M. "A vida útil de um carro é muito mais longa que um tablet, por exemplo, e a montadora não quer que ninguém mexa no device de conectividade dentro do carro", diz.

Conforme esse tipo de demanda avança dentro do segmento, a Gemalto tem se adaptado para tentar ganhar o mercado automobilístico com suas soluções M2M. Recentemente, por exemplo, a empresa passou por uma reorganização interna e hoje já possui uma vertical específica voltada para esse mercado. Durante a própria MWC deste ano a empresa chegou a ser premiada por seu sistema de infoentretenimento em 4G, desenvolvido para automóveis Audi.

M2M na América Latina

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Na avaliação do executivo, a América Latina ainda está longe de se equiparar a mercados como o norte-americano, asiático ou europeu, mas há segmentos que já crescem no setor com mercados bem estabelecidos, como Brasil, Argentina, Colômbia e México. Segmentos como o de terminais de pagamento e rastreamento de ativos móveis, ligado ao mercado automobilístico, tem muita força na região. "O foco é sempre em segurança na América Latina, para evitar fraude, recuperar roubo, para melhoria de desempenho,

No Brasil, por exemplo, a empresa trabalha em parceria com uma série de empresas do setor de transporte rodoviário de cargas para o rastreamento de veículos nas estradas. Através de módulos M2M de conectividade instalados nos caminhões ou cargas, é possível manter comunicação em tempo real com uma base de operações, facilitando o rastreamento de cargas de alto valor, assim como manutenção de eficiência operacional feita através da verificação da rota do motorista, consumo de combustível e pontos de congestionamento no caminho, por exemplo. Esse mercado já é o segundo mais importante para a empresa no país.

No início do ano passado, a Gemalto também anunciou que forneceria conectividade sem fio para um programa piloto na floresta amazônica que tem como objetivo coibir o desmatamento ilegal na região. Desenvolvido no Brasil em parceria com a Cargo Tracck, os sensores têm o tamanho aproximado de um baralho de cartas e são instalados em árvores de maneira camuflada.

Em seguida, os aparelhos utilizam uma tencnologia de rede da Gemalto em conjunto com redes de telefonia celular e algoritmos de localização para enviar atualizações que informam onde está a árvore assim que elas ultrapassam um raio de 20 milhas dentro da rede. Isso permite que equipes de preservação do IBAMA e da polícia monitorem remotamente se alguma madeira foi extraída sem autorização. A vantagem do módulo M2M instalado nos dispositivos é seu tamanho reduzido e a capacidade de operar durante períodos de até um ano sem a necessidade de recarga de baterias, o que facilita a fiscalização em tempo real de regiões remotas da floresta.

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Para o executivo, só um desafio permanece no caminho para o desenvolvimento do setor na América Latina: a infraestrutura. "O desafio é que a cobertura nesses países não é completa", comenta. Apesar de existirem regiões bem cobertas nos países do continente, muitos locais ainda carecem de conectividade celular, que permite a comunicação em tempo real entre dispositivos para o envio de informações. Isso acaba aumentando o custo de operação de empresas com essas tecnologias.

"Ou você tem que ter um canal alternativo, como cobertura via satélite, que é bem mais cara, ou isso, ou você vai ter que ficar sem comunicação por um determinado tempo", encerra o executivo.