Conheça a versão chinesa do Vale do Silício
Por Caroline Hecke | 09 de Dezembro de 2013 às 09h00
Quem vê dois jovens em um quarto apertado de condições não muito favoráveis em Pequim não pode imaginar o que está por trás de suas máquinas. Em pequenos escritórios, quartos ou garagens, centenas de chineses fazem parte do que está sendo chamado de Vale do Silício Chinês. É o que aponta um artigo do Wall Street Journal.
Assim como foi na versão americana, no oriente os jovens estão começando com nada – ou com muito pouco – e criando suas promissoras startups. Para eles, a maior premissa é desmistificar a ideia de que as empresas de tecnologia chinesas apenas copiam os produtos projetados no ocidente.
Em Pequim, o Distrito de Zhongguancun é o local exato dessa concentração de jovens dedicados e talentosos. Por lá existem empresas como a Spring Rain Software Co., que desenvolveu um aplicativo para dispositivos móveis com dicas de saúde para o dia a dia.
Seu executivo-chefe, Zhang Rui, faz questão de frisar que eles não estão copiando produtos norte-americanos, mas se baseiam sim no sucesso das empresas do Vale do Silício, compreendendo seu modelo de negócios como uma inspiração em seu trabalho.
Além das garagens, Pequim abriga dezenas de incubadoras que oferecem aos empresários uma boa conexão de internet, café e um ambiente mais agradável para trabalho e reuniões. Além disso, o governo local ainda dá certo apoio ao oferecer alternativas para a burocracia do país.
Mais um incentivo está na rede de investidores: enquanto os antigos empresários chineses do mercado de tecnologia tinham de pedir dinheiro emprestado para amigos e familiares, os jovens do mercado atual podem contar com financiamentos vindos de diversos investidores.
De 0 a 100 em segundos
Os investidores são estimulados pelo recente sucesso de várias startups da região. Um bom exemplo é a empresa fabricante do celular Xiaomi, que em pouco tempo passou a valer US$ 10 bilhões apenas ao usar smartphones de baixo custo como estrutura para a venda de serviços online. Outro bom exemplo é a Pequim Momo Technology Co., que criou um simples aplicativo de namoro, que recentemente foi avaliado em nada menos do que US$ 500 milhões.
Essa nova geração investe pesado no desenvolvimento de aplicativos móveis, afinal, seu público é o mais próprio para isso. Smartphones são considerados a principal fonte de entretenimento dos jovens chineses. Por isso, o espaço para esse tipo de produto ou serviço por lá ainda é garantido.
Um recente encontro de empresários de tecnologia mostra a variedade de sistemas móveis que podem ser encontrados na China. Entre eles existem projetos de redes sociais específicas, sistemas para a criação de imagens tridimensionais e, até mesmo, ferramentas de leilão de almoços com celebridades.
Para Kaifu Lee, ex-presidente do Google na China e fundador da Innovation Works, o potencial do mercado chinês é enorme, já que os empresários estão sabendo aproveitar as diferenças de seu público. “Há muitas áreas em que as empresas e usuários chineses estão mais avançados. Os empresários chineses estão tentando coisas novas, à frente dos EUA”, complementa.