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Como é trabalhar na Amazon: por dentro de um grande amazém

Por| 29 de Abril de 2013 às 12h00

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Como é trabalhar na Amazon: por dentro de um grande amazém
Como é trabalhar na Amazon: por dentro de um grande amazém
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Para que você clique no botão “Comprar” e receba a sua encomenda, vinda de outro país, em algumas semanas, muita coisa acontece. Nos armazéns da Amazon, centenas de funcionários passam o dia e a noite buscando itens e completando pedidos dentro de galpões gigantescos. Mas como será que funcionam os bastidores das compras online?

O fotógrafo Ben Roberts e a jornalista Sarah O’Connor trabalharam em uma matéria para o Financial Times na qual se dispuseram a ir até Rugeley, uma pequena cidade da Inglaterra que abriga um dos armazéns da gigante, e entender como é a vida dos anônimos responsáveis por montar o seu pacote de encomendas – e pode apostar, não é nada fácil!

Como é trabalhar para a Amazon

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Em um galpão enorme e extremamente organizado, centenas de funcionários (chamados gentilmente de associados), vestindo um colete laranja, andam por entre as prateleiras de itens e pacotes. Na mão, uma espécie de celular indica quais os produtos que devem ser escolhidos e qual é a rota mais fácil para chegar até a prateleira desejada. Segundo a própria Amazon, os funcionários do armazém andam de 11 a 24 km todos os dias dentro do galpão.

Existem quatro principais tipos de “associados” em um armazém da Amazon. O primeiro grupo recebe as mercadorias, retira os itens das embalagens e passa tudo pelo scanner, para que constem no estoque. Estes são organizados dentro do galpão por um segundo grupo de funcionários. Enquanto isso, outros colaboradores empacotam as encomendas para envio, cujos itens foram recolhidos pelo grupo de coletores, que se movem com carrinhos para selecionar cada produto que você comprou.

Apesar de parecer um trabalho pacato, trabalhar nos armazéns da Amazon é altamente estressante. No celular que mostra o que deve ser feito, por exemplo, é indicado também se você está andando devagar demais e quanto tempo você está atrasado ou adiantado em relação ao previsto. Além disso, conversas entre funcionários são desencorajadas e para receber uma demissão não é necessário um bom motivo: um dia de atestado médico basta.

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"Você é como um robô, mas em forma humana. É automação humana, se você prefere”, disse um gerente da própria Amazon à jornalista. Segundo alguns funcionários mais idosos, trabalhar no armazém é como ser um escravo. O salário é um pouco mais alto que o salário mínimo e os calçados de uso obrigatório dão bolhas nos pés, afirmou um deles.

A esperança de uma economia

Com pouco mais de 22 mil habitantes, Rugeley tinha uma economia baseada em minas de carvão até 1990, quando a crise financeira tomou conta da região, deixando milhares de pessoas desempregadas. Com o anúncio de que a Amazon iria se instalar ali, tanto a população quanto o governo imaginaram que esta poderia ser a hora de reerguer a economia da cidade.

“Essa é uma ótima notícia, não só para os indivíduos que terão trabalho, mas para a economia do Reino Unido”, disse David Cameron, primeiro ministro da Inglaterra, quando ficou sabendo da instalação do armazém na região. A meta era que fossem criados 2 mil empregos fixos no empreendimento.

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Questões trabalhistas e o descontentamento

Contudo, além do baixo salário e das duras condições de trabalho, os funcionários têm de lidar com a instabilidade de seus empregos. Afinal, o fluxo do armazém varia conforme a demanda. Enquanto que em outubro do ano passado, na Inglaterra inteira, havia 10 mil funcionários temporários para ajudar nas compras de Natal, a média de funcionários em 2011 foi de 3 mil.

Há ainda outras questões trabalhistas relevantes, como o fato da Amazon utilizar uma agência para manter funcionários em fase de “teste” por vários meses antes de contratá-los, sem dar a eles outros benefícios além do salário.

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Apesar das diversas desvantagens do trabalho, apresentadas pela jornalista, no galpão há algumas figuras em tamanho real de supostos colaboradores junto a frases motivacionais. “Este é o melhor trabalho que eu já tive”, lê-se em um deles.

Um mal necessário?

Questionada, a Amazon afirmou apenas que “algumas das posições em nossos armazéns realmente exigem do físico e alguns associados podem caminhar até 24 km por turno. Nós deixamos isso claro na nossa oferta de emprego e durante o processo seletivo e, na verdade, muitos dos nossos associados buscam essas vagas por gostarem da atividade física durante o trabalho. Assim como a maioria das empresas, nós esperamos uma certa performance de nossos funcionários – gestores, desenvolvedores e associados dos armazéns – e nós medimos suas performances com base em nossas expectativas.”

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Apesar das reclamações e da frustração de muitos, o trabalho oferecido pelo armazém da Amazon foi positivo para alguns funcionários. De acordo com a reportagem, um jovem teria afirmado que as 220 libras que recebe semanalmente do trabalho o possibilitaram sair da casa da mãe, algo que não conseguia com as 54 libras semanais do seguro desemprego. Um senhor de mais idade considerou além da recompensa financeira e afirmou que o emprego na Amazon o ajudou a recuperar sua auto-estima, algo que é facilmente atingido quando se está sem oportunidades de emprego.

Fazer com que o item certo seja colocado na caixa certa e chegue até o seu endereço pode render muitas bolhas nos pés e suspiros cansados dos trabalhadores dos armazéns. E sim, olhar o tamanho desses depósitos enormes continua sendo uma experiência quase assustadora.

Fonte: Reprodução/Ben Roberts