Ciab 2014: Steve Wozniak, o contador de histórias da tecnologia
Por Stephanie Hering | 05 de Junho de 2014 às 05h50
"Eu era um gênio eletrônico, ninguém queria falar comigo". Foi assim que Steve Wozniak, cofundador da Apple, descreveu sua infância nesta quarta-feira (4), durante a Ciab 2014, realizada em São Paulo. O executivo esteve presente no evento para palestrar sobre o futuro da tecnologia.
De acordo com Woz, sua imersão no mundo tecnológico começou por meio de seu pai, engenheiro elétrico. Sozinho, ele procurou saber mais sobre os computadores para, posteriormente, poder montar seu próprio modelo. Steve contou à plateia presente detalhes sobre sua jornada na aprendizagem da eletrônica e sobre os truques que desenvolveu para tornar o processo mais fácil, como a economia de peças. "Quando você economiza nas peças, economiza gestão", afirmou.
Woz explicou ainda que era difícil quebrar as barreiras da chamada "cultura corporativa", que dizia sempre como algo deveria ser feito sem dar chances para alternativas.
Como de praxe na maioria de seus keynotes, o cofundador da Maçã não poderia deixar de falar sobre a criação da Apple e sua relação com Steve Jobs, também fundador da Apple já falecido. "Steve tinha uma visão, e a forçava", disse Woz sobre Jobs. O palestrante frisou que Jobs se importava mais com o marketing e o conhecimento de como se portava seu usuário, para ganhar não só visibilidade, mas tornar o produto disponível. "Antes do Apple 1 os computadores eram feios e nenhum humano entendia. Depois dele, todos os concorrentes adotaram teclado e visor", afirmou.
O legado Apple
Segundo Woz, a Apple deixou um legado em diversos aspectos na tecnologia. Para ele, o principal foi nos dispositivos móveis, graças ao iPhone. "A Apple nos levou ao caminho do mobile", afirmou.
Steve Wozniak fez questão de dizer que o iPhone era fechado em seu início, com apenas 17 aplicativos da própria Apple. "Steve queria tudo fechado", explicou. Porém, segundo ele, isso tudo mudou após a chegada da App Store. O engenheiro comentou que atualmente faz tudo com a Siri e usa o iPhone para controlar até as luzes de casa.
O confundador da Apple ainda citou o iPod, que, de acordo com ele, foi uma revolução no modo de escutar músicas. "Todas as suas músicas ficam no gadget, sem precisar pensar em diretórios e arquivos".
Impressão 3D, smartwatches e wearables
Questionado pelo mediador da palestra sobre qual seria a próxima revolução tecnológica, Woz deu sua opinião sobre alguns dispositivos que têm chamado a sua atenção. Polêmico, Steve afirmou que, enquanto alguns relógios inteligentes o deixaram feliz com o resultado, um outro (sem revelar a marca) o fez devolver o aparelho no mesmo dia da compra. "Era como um bluetooth com fone", opinou.
Para o executivo, os smartwatches precisam "atingir uma forma que faça sentido" e serem atraentes não só no design, mas funcionalmente. "Espero que seja a Apple [que atinja isso]", confessou.
Já sobre a impressão 3D, Woz disse que seria interessante poder imprimir, por exemplo, itens para substituir aqueles que fossem quebrados dentro de casa, entretanto, ele acredita que o gadget não chegará aos consumidores pelo alto custo. Além disso, Steve afirma que falta explorar outras opções de materiais, como por exemplo, a borracha.
Woz citou rapidamente o Google Glass, contudo, disse que ele ainda está muito ligado ao smartphone, o que em si, não o categorizaria como produto revolucionário.
Steve Wozniak discursa durante seu keynote (Foto: Stephanie Hering/Canaltech)
Futuro e inteligência artificial
Na opinião de Woz, "a inteligência artificial" será o futuro. Segundo ele, o problema atual que a tecnologia enfrenta é que uma assistente pessoal compreende as palavras certas, mas, mesmo assim, ainda não sabe do que estamos falando.
Perguntado sobre como será o futuro daqui 10 anos, Steve disse que "prever é ficção científica", contudo, acredita que, mais uma vez, a voz será melhor e mais importante do que agora, além de possuirmos uma banda larga maior. De acordo com Wozniak, viveremos uma "vida mais natural".
Beats e Apple
Após o keynote, Steve Wozniak se reuniu com alguns jornalistas para responder perguntas. Uma delas era sua opinião a respeito da compra da Apple pela Beats.
"Eu achei que foi um preço um pouco alto. Se você olhar no papel, parece que é um aquisição de meio bilhão de dólares, vendida por US$ 3 bilhões. Pode ter sido um preço alto, mas você não sabe todos os detalhes", comentou. Woz fez questão de afirmar que não está mais na Apple e por conta disso, não sabe detalhes ou motivos da aquisição.
Desmentindo rumores
Em uma das notícias mais recentes sobre o executivo, Wozniak teria dito que a Apple deveria fazer um smartphone com Android. No entanto, de acordo com Woz, tal declaração foi alterada de forma "sensacionalista".
"Eu nunca disse isso. A imprensa disse que eu falei 'a Apple devia fazer um iPhone com Android'. Na ocasião era uma questão sobre a Blackberry e eu disse: 'a Blackberry podia fazer um smartphone com Android'. E depois falei: 'até mesmo a Apple podia fazer um smartphone com Android'. A Apple poderia fazer um smartphone com Android. Eu nunca disse que eles deveriam".
iOS 8
Steve também não deixou de comentar sobre o mais novo sistema operacional móvel da Apple, o iOS 8, apresentado na última segunda-feira (2) durante a WWDC 2014.
"Vi a apresentação do meu hotel em São Paulo e eu adorei cada item que eu vi, porque eles colocaram coisas boas, pelo meu ponto de vista, como usuário", disse.
Dentre as inovações destacadas pelo executivo estavam os contatos na multi task e a nova central de notificações, especialmente a opção de inserir widgets. "É o tipo de coisa que eles deveriam estar fazendo, e que o Android estava fazendo já há algum tempo", completou.
Para finalizar, Wozniak disse que ainda não instalou o iOS 8, mas o fará em breve.
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