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Polícia do Amapá usa app Forest Watcher para patrulhamento amazônico

Por| 20 de Dezembro de 2018 às 13h04

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Mundo Verde
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A polícia ambiental do estado do Amapá, na região Norte do Brasil, está empregando tecnologias de mapas via satélite exibidos por um app de smartphone para facilitar o patrulhamento das regiões amazônicas e suas densas florestas. O objetivo é encontrar e prender responsáveis por atividades antiambientais ilegais, como desmatamento e queima de madeira para produção de carvão.

Por meio do app Forest Watcher, produzido pela ONG Global Forest Watch (GFW), as autoridades vêm aprimorando suas capacidades de combate ao desmatamento ilegal e à apreensão de criminosos ambientais. Segundo relato de Leonardo Brito, chefe de polícia do estado, o uso do app marca “o real início do combate a esse tipo de crime”. “Antes do app da GFW, existia apenas uma ilusão do combate ao desmatamento. Efetivamente, nós só começamos a combater este crime depois de usarmos o aplicativo. É a principal ferramenta da nossa delegacia”, ele diz.

O Forest Watcher é um app de funcionamento similar ao Google Maps e Earth, trazendo imagens via satélite de áreas selecionadas pelos usuários. Seu foco em florestas densas, porém, o torna diferente de outras opções, pois é desenhado especificamente para o uso offline e durante as atividades de campo, como as patrulhas da equipe chefiada por Brito. O oficial conta que tem um time de 12 policiais para cobrir uma área de mais de 140 mil quilômetros quadrados. Por causa dessa defasagem, ele explica que o melhor que conseguiam era monitorar áreas externas de florestas e apenas aferir o dano causado por criminosos, que já teriam fugido há muito tempo quando a polícia chegava.

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A equipe policial combina o uso do app com o emprego de drones para vigilância e identificação ao vivo de áreas que estão sendo ilegalmente exploradas. Se antes adentrar ao centro da mata densa era inviável para uma equipe pouco numerosa, hoje Brito conta prisões realizadas em flagrante. “Em junho, conseguimos prender oito pessoas, de garimpeiros a empresários e gerentes de empresas de atividades ilegais, durante os atos criminosos”, diz.

A importância da proteção ambiental

Brito ainda conta que, ao contrário dos crimes urbanos, os casos de violações da lei ambiental recebem pouca ou nenhuma atenção das autoridades. Na maioria dos casos, as polícias ambientais acabam agindo como mediadora em reclamações de disputa de terras, sem uma ação expressamente coibitiva de crimes como queimadas e desmatamentos.

“A polícia dá muita importância a outros tipos de crime, como roubo de smartphones, assaltos e furtos em geral — mas essas coisas são substituíveis. A televisão, você pode substituir. O celular, dá para comprar outro, Agora, uma árvore, não tem como substitui-la. Para uma árvore chegar no nível em que você a encontra hoje, levam-se 20 ou 30 anos”.

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A Floresta Amazônica tem entre 5,5 milhões e 7 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo em sua extensão a região Norte do Brasil, além de partes de países como Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Por sua extensão e seu papel na absorção de gás carbônico, é comumente referida no mundo todo como “o pulmão do Planeta Terra”, sendo parte importante dos esforços de proteção ambiental e combate ao aquecimento global.

Leonardo Brito agora busca promover o uso do Forest Watcher em outras delegacias e oficiais de polícia, além de membros das comunidades locais. Ele admite, porém, que o convencimento da adoção da tecnologia é um processo bem lento, mas guarda esperança de que mais pessoas a adotem como uma forma de proteger suas florestas. “É mais difícil mexer com a mentalidade deles — nós temos é que combater o desmatamento com novos dispositivos, tecnologia, inteligência, encontrar ferramentas novas e sempre evoluir”.