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O aquecimento global está "escurecendo" a superfície da Terra, diz estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 04 de Outubro de 2021 às 15h05

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_Tempus_/Envato
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Analisar as mudanças climáticas é um grande desafio, pois a Terra é complexa e tudo nela está intimamente conectado. Para melhores projeções, cientistas combinam dados de diversas naturezas, incluindo o quanto de luz solar a superfície terrestre lança de volta para o espaço. Graças a quase 20 anos de informações coletadas pelo Big Bear Solar Observatory (BBSO, na sigla em inglês), pesquisadores concluíram que nosso planeta está ficando mais escuro, ou seja, refletindo menos luz do Sol — e, assim, se aquecendo ainda mais.

À medida que a temperatura média global aumenta, as nuvens parecem estar cada vez menos brilhantes. Por algum motivo, elas não estão refletindo a luz solar como antes — sinônimo de mais calor absorvido pela superfície do planeta. Para isto, os pesquisadores mediram a refletância (ou albedo) da Terra a partir da luz refletida por ela que ilumina a Lua — de 1998 a 2017, o BBSO registrou tudo.

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No plano geral, nosso planeta joga de volta para o espaço cerca de 30% da luz solar que incide sobre a superfície. No entanto, as análises indicaram que a Terra está refletindo quase meio watt a menos de luz por metro quadrado, se comparado com o início dos registros, em 1998 — o que equivale a uma redução de até 0,5% na refletância da Terra. Alguns projetos até mesmo já propõem a criação de nuvens mais reflexivas para resfriar o planeta.

O físico teórico Philip Good, da New Jersey Institute of Technology e principal autor do artigo, explica que a queda do albedo foi uma grande surpresa para a equipe. Após quase 17 anos com os níveis de albedo se mantendo em linha reta, nos últimos três anos eles passaram a cair. Portanto, o brilho da Terra depende da quantidade de luz chega nela e quando ela consegue lançar de volta para o espaço — mas nos últimos anos, algo tem escurecido sua superfície.

A equipe também analisou os dados obtidos por satélites, que apontam para uma redução nas nuvens brilhantes, reflexivas e baixas sobre o leste do Oceano Pacífico. Para os pesquisadores, essa queda nas nuvens tem contribuído bastante para a redução da refletância terrestre — e é muito provável que tudo esteja relacionado às mudanças climáticas. As leituras do BBSO registram cerca de 1.500 noites de dados coletados — o primeiro registro foi feito por Leonardo da Vinci no século XVI.

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São muitos os fatores que afetam diretamente a refletância da Terra, como a água, florestas e desertos. Por isso, é essencial que os pesquisadores tenham uma ampla variedade de dados para que uma conclusão seja feita, incluindo a poluição causada pela ação humana. Em teoria, um planeta em aquecimento teria mais albedo para resfriar sua superfície, mas, na prática, acontece o oposto.

Os pesquisadores chamam a atenção para a necessidade de medidas eficazes no combate ao aquecimento global pelos próximos anos. A pesquisa foi publicada no dia 29 de agosto deste ano, na revista Geophysical Research Letters.

Fonte: ScienceAlert