Para ser mais inclusiva, comunidade Linux adota código de conduta

Com o objetivo de tornar o ambiente de desenvolvimento de software em código aberto mais inclusivo e com menos situações de abuso, a comunidade Linux está adotando um novo código de conduta. Criado a partir do Contributor Covenant, que já fixava normas desse tipo para os trabalhos relacionados ao ecossistema, o novo conjunto é voltado para garantir um ambiente mais amistoso e aberto a todos os envolvidos.

O foco na inclusão fica claro desde as palavras iniciais do código, que já está valendo para todas as fundações que trabalham com o Linux. A ideia, segundo o texto, é reforçar os ideais de civilidade e excelência da comunidade, garantindo que ela seja aberta a todos sem restrições de gênero, cor da pele, funções motoras, nível de experiência, educação, status socioeconômico, nacionalidade, aparência, religião ou orientação sexual.

A criação do novo código de conduta também vem em resposta a um pedido de desculpas de Linus Trovalds, o criador do Linux. Em um e-mail enviado a uma lista de discussão sobre a plataforma, ele anunciou que vai se desligar, por algum tempo, do desenvolvimento de software, para “trabalhar em si mesmo”. Ele admite ter atacado pessoas e dificultado a entrada de outras na comunidade, afirmando que, agora, vai buscar ajuda para melhorar em nível pessoal.

No texto, ele afirma não ser a pessoa “mais empática do mundo” e que esse comportamento contribuiu para um ambiente pouco profissional. Sendo assim, após ser confrontado por membros da comunidade sobre isso, ele decidiu dar um passo para trás e cuidar de assuntos de caráter pessoal antes de retornar à plataforma na qual, até hoje, é uma figura ativa.

A aplicação do código de conduta, agora, é solicitada a todos os envolvidos em projetos, iniciativas, eventos, comunidades e empresas que trabalhem com o desenvolvimento de sistemas de código aberto. O texto indica algumas situações inaceitáveis, como ataques pessoais a envolvidos nos trabalhos, o uso de imagens ou linguagem sexualizada, a publicação não-autorizada de informações pessoais de terceiros ou avanços sexuais em ambientes de trabalho.

Além de informarem todos os envolvidos em suas iniciativas, os responsáveis também devem garantir o cumprimento das regras e as devidas sanções àqueles que não as seguirem, por meio de ações corretivas, comunicados oficiais e outras atitudes. Além disso, o código pede atenção especial a comentários e textos escritos em fóruns ou blogs pessoais.

O texto também pede que os envolvidos nos trabalhos façam como Trovalds e busquem trabalhar intimamente, uma vez que o desenvolvimento do Linux requer a aceitação de críticas e comentários negativos ou contrários. Isso acontece, afirma o código, porque todos buscam o melhor resultado possível para o sistema e, sendo assim, as propostas e seu desenvolvimento acabam passando por escrutínio severo.

Fonte: Git