Mulher violentada em Uber processa empresa após revelação de prontuário médico
Por Felipe Demartini | 15 de Junho de 2017 às 21h22
A mulher violentada em um veículo da Uber em 2014, na Índia, está processando a empresa após a divulgação da informação que alguns de seus executivos obtiveram acesso aos prontuários médicos relacionados ao caso. No processo, movido na justiça dos Estados Unidos, a vítima, que prefere não se identificar, afirma que a companhia a abusou uma segunda vez após terem conseguido seus registros.
Informações relacionadas a atendimento médico são confidenciais e protegidas por lei, estando disponíveis apenas aos próprios pacientes, seus familiares diretos e médicos. Entretanto, isso não impediu que Eric Alexander, diretor da Uber para a região Ásia-Pacífico -- que foi demitido na semana passada --, tivesse acesso aos documentos, que teriam sido compartilhados com diversos outros executivos de alto escalão do serviço, incluindo o ex-CEO Travis Kalanick.
Mais do que isso, tanto Alexander quanto Kalanick estavam convencidos de que havia o envolvimento de rivais indianos da Uber. Os documentos, mais tarde, foram descartados pelo departamento jurídico da companhia e toda a questão foi revelada nas últimas semanas, após uma análise realizada por uma empresa de advocacia externa, que indicou diversas mudanças de postura relacionadas a abuso e liderança em sua estrutura interna.
O processo foi movido contra a Uber e três executivos, o ex-CEO Travis Kalanick, o ex-vice-presidente sênior de negócios Emil Michael e Alexander, que também pode responder a acusações criminais relacionadas ao caso. A vítima, que reside no estado americano do Texas, pede compensação pela forma como a Uber lidou com a situação e afirma, em declaração, esperar que as mudanças em andamento na empresa realmente sejam frutíferas.
O advogado da mulher, Daniel Wigdor, também criticou a postura da companhia durante toda a situação. Ele afirmou que, ao negarem o estupro, a Uber incorreu no pior tipo de discriminação por gênero existente, e deu uma demonstração que esse tipo de postura machista está entranhada em sua estrutura. Como parte de um esforço para mudar isso, mais de 20 executivos – incluindo os dois processados – foram demitidos, enquanto Kalanick anunciou seu afastamento do posto de CEO.
Como o novo processo está relacionado especificamente à obtenção de prontuários médicos e à forma fomo a Uber lidou internamente com o caso, a ação não vai contra a obtida pela vítima em 2015, quando recebeu uma indenização da empresa. A companhia pronunciou-se sobre o assunto, lamentando que a reclamante tenha que reviver seus momentos horríveis desta maneira.
Fonte: The Verge