Ex-funcionárias processam Google por discriminação e reclamam salários iguais
Por Ricardo Ballarine | 15 de Setembro de 2017 às 08h08
Três ex-funcionárias da Google entraram com uma ação contra a gigante da tecnologia com a alegação de que a empresa paga às mulheres menos em relação aos homens para fazerem o mesmo trabalho.
A ação afirma que a Google estava ciente da situação, mas que não se moveu para corrigir a distorção.
Esse processo é mais um que se soma a vários que atingiram em cheio as empresas do Vale do Silício, que estão enfrentando problemas com discriminação e igualdade de gênero nas relações trabalhistas.
A Google também está sob investigação pelo Ministério do Trabalho dos Estados Unidos por práticas de pagamento desiguais.
"É hora de parar de ignorar essas questões em tecnologia", escreveu Kelly Ellis em sua conta no Twitter. Ela é ex-engenheira de software da Google e uma das mulheres que apresentaram o processo. Ela postou na rede social que espera que o processo force a Google e outras empresas a mudarem suas práticas.
My hopes for the Google suit: to force not only Google, but other companies to change their practices and compensate EVERYONE fairly. — Kelly Ellis (@justkelly_ok) September 14, 2017
O processo, que será julgado em São Francisco, diz que a Google discrimina as equipes femininas com salários mais baixos e menos oportunidades de promoções em relação aos homens com qualificações comparáveis.
Menos prestígio
Ellis, por exemplo, foi contratada em 2010 e começou em uma função tipicamente atribuída a recém-graduados na faculdade, embora ela tivesse quatro anos de experiência. Um colega masculino com níveis similares de experiência foi contratado em um cargo superior. Além disso, ela foi designada a funções menos prestigiadas na empresa.
Ellis deixou a Google quatro anos depois, "por causa da cultura sexista", segundo consta no processo.
Ela e suas colegas de processo estão buscando outras mulheres que sofreram o mesmo problema para entrar com uma ação de classe, com o objetivo de obter indenização pelo que aconteceu nos últimos quatro anos. Elas querem ressarcimento das diferenças salariais, entre outras coisas.
Homens no comando
A Google negou as alegações, mas, como outras empresas do Vale do Silício, a empresa está sob suspeita em relação ao seu tratamento com as mulheres. Cerca de 70% da força de trabalho da Google é formada por homens, de acordo com a empresa. Eles representam 80% do pessoal em funções tecnológicas e 75% dos cargos de liderança.
O Ministério de Trabalho encontrou disparidades de remuneração sistemáticas em 2015 durante uma auditoria, de acordo com a ação. Em janeiro, o governo processou a companhia para ter acesso a mais informações a fim de checar se os padrões eram verdadeiros em uma amostra mais extensa.
Recentemente, a Google teve de lidar com um memorando de um funcionário que criticava programas de diversidade e práticas de igualdade de gênero. Ele foi demitido.
Fonte: BBC