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Análise | Valorant é desafiante de peso no mundo dos shooters competitivos

Por| 15 de Junho de 2020 às 09h48

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Reprodução/Felipe Demartini
Reprodução/Felipe Demartini

Ninguém vence uma guerra sozinho e, por mais que um único disparo ou explosão sejam suficientes para mudar o rumo das coisas, toda uma estrutura e movimentação foi necessária para chegar ao momento decisivo do dedo no gatilho. Valorant, a entrada de cabeça da Riot Games no mundo dos shooters, faz com que cada partida tenha esse exato peso, qualquer que seja o ponto da rodada.

Ao embarcar em uma nova modalidade competitiva, a desenvolvedora faz uso de sua ampla experiência com League of Legends, um dos maiores títulos do cenário de eSports da atualidade, para entregar uma experiência que é, ao mesmo tempo, fresca e familiar, abraçando veteranos do gênero e também os novatos, ainda que em menor grau. Todos, porém, se sentirão altamente desafiados.

Definir Valorant apenas como uma mistura de Counter-Strike: Global Offensive com Overwatch seria, na verdade, ignorar os aspectos que realmente tornam este um título de destaque. Temos, sim, muitos elementos da concorrência aqui, mas é o balé formado por todos esses atributos e seus sistemas competitivos que transforma esta em uma experiência única, ainda que com os pés em nomes reconhecíveis.

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Estamos no controle de heróis bem peculiares e com atribuições diversas. Sova, por exemplo, utiliza flechas com explosivos para afastar inimigos ou dispara scanners que entregam a localização dos oponentes, enquanto a brasileira Raze foca nos explosivos para causar dano extremo aos inimigos ou usa armadilhas para os desavisados que estiverem avançando. Sage, por outro lado, trabalha na retaguarda, criando orbes de cura, ressuscitando aliados e tornando mais lento o avanço dos adversários.

Isso gera um balanço interessante quando se joga, mas absolutamente esquisito de se colocar em palavras. Da mesma forma que quase nenhum jogo será resolvido por si só, pelas habilidades dos agentes, quase nenhuma partida pode ser vencida sem um bom uso delas. Da mesma forma, e no sentido oposto, enquanto serão raras as vezes em que um jogador, sozinho, poderá carregar o time, todos são individualmente capazes de definir o andamento de uma rodada. E é nesse caldo que está o ponto que mais diferencia Valorant de seus pares.

Assim como no caso de League of Legends, estamos falando de um game altamente focado no trabalho em equipe, sendo bem difícil obter sucesso sem ter bons jogadores ao lado e usar o chat de voz. Ao mesmo tempo, as disputas, aqui, são resolvidas com disparos e os poderes servem como acessórios estratégicos e maneiras de modificar a ofensiva ou a defensiva, mas sem desequilibrar a balança para um lado ou outro. Rambo não teria vez nas arenas de Valorant, e se você gosta de acampar, é melhor partir para outro título.

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Tudo surge em alto e bom som durante as partidas do título. Um tiro é capaz de entregar a posição estratégia de um oponente, enquanto o próprio uso da habilidade serve para mudar as coisas e indicar aos adversários os tipos de agentes que estão na arena. As habilidades têm cooldown rápido, mas também ficam ativas por poucos minutos, enquanto os ults não são momentos decisivos, e sim escolhas táticas bem acertadas e que dependem do desempenho dos jogadores durante as partidas.

As próprias escolhas de nomes para as classes denotam isso. Em vez de Tanques, Suportes ou DPS, temos os Iniciadores, responsáveis por entregar informações ao time; os Controladores, que trabalham para manter adversários longe dos pontos; e os Sentinelas, que impedem o avanço dos oponentes e prestam auxílio aos duelistas, que são os que colocam, mais efetivamente, a mão na massa.

Quantidade x qualidade

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Quando colocadas em números absolutos, as possibilidades levantadas por Valorant podem decepcionar, mas, novamente, a qualidade está abaixo da superfície. O game tem apenas três arenas e dez personagens ao todo, com apenas cinco deles liberados desde o começo. Aos moldes de League of Legends e de outros títulos free-to-play, o restante é liberado jogando, enquanto microtransações liberam itens cosméticos como armas ou cards de exibição no perfil dos usuários. A Riot, porém, quer que os jogadores trabalhem de forma profunda com o título.

Como nos explicou Salvatore Garozzo, designer sênior do game, a ideia da desenvolvedora é que os jogadores invistam horas se aperfeiçoando nas arenas e nas habilidades dos personagens em vez de escolherem seus preferidos de início e partirem para tiroteios sem cérebro. Valorant não é um game de diversificação, e sim de especialização, para usar as palavras dos próprios produtores.

Isso também se aplica ao sistema de compras, com os pontos obtidos durante as partidas servindo para adquirir armas, escudos e poderes dos agentes. Entra em jogo, aqui, mais um elemento estratégico, que exige pensamento sobre o andamento da partida, vantagem de pontos ou não. Vale a pena gastar tudo agora ou é melhor guardar um pouco para depois? Você confia em sua própria habilidade ou quer apostar na dos companheiros, pedindo encarecidamente que eles façam empréstimos?

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O conjunto gráfico do título também carrega essa ideia de inclusão, sendo feito para rodar desde as máquinas mais modestas até os computadores de alta performance. A arte é bonita e tem personalidade, apesar de o design de alguns personagens e seus poderes se parecerem demais com os dos jogos da concorrência. O foco, entretanto, é na performance e na ideia de que menos é mais, com o aspecto gratuito servindo para abrir ainda mais as portas de Valorant para todos.

Há um cuidado na criação de personagens bem distintos, que podem ser reconhecidos de longe, mas nem tanto nas armas, que por mais que tenham sistemas diferentes no que toca ao recuo, poder de fogo e funcionamento da mira, são muito parecidas entre si. Algo que, com certeza, será remediado por meio de skins, na medida em que os jogadores escolham suas favoritas e invistam um pouco de dinheiro para as tornar mais bonitas.

Apesar de todo esse caráter acessível, é preciso levar em conta a grande curva de aprendizado gerada pelo foco absolutamente tático de Valorant. Para quem está começando, a ideia de que basta um vacilo e um disparo preciso para cair morto no chão pode não ser das mais agradáveis, principalmente nos momentos iniciais, em que o matchmaking nem sempre reúne novatos com seus pares.

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Com o uso das habilidades dos agentes e também da estratégia e capacidade de cada jogador, surgem necessidades como a de pensar rápido para mudar um ataque em andamento ou trabalhar com rotação e reposicionamento em mapas sempre circulares e com diferentes rotas. Novamente, elementos que exigem conhecimento não apenas das arenas em si, mas das bases de títulos competitivos que podem não ser tão elementares assim para a massa dos usuários.

Nem todos podem querer se especializar e gastar centenas de horas no título, como a Riot anseia, o que pode acabar tornando a pequena quantidade de mapas e seus dois modos, que na verdade são apenas variações de uma mesma modalidade, um elemento enfadonho. Estamos falando de um jogo de serviço, é claro, e que deve crescer um baco com o tempo, mas é inegável que essa entrega inicial pode decepcionar quem vem, justamente, de outros shooters bem mais evoluídos e completos.

A ausência de conteúdo, porém, não deve ser confundida com falta de profundidade, e isso Valorant tem de sobra. Ainda nessa etapa inicial, é possível perceber o amplo potencial oferecido pelo shooter e, principalmente, como as lições de League of Legends serão aplicadas aqui para tornar o game, que já nasce grande, como mais um expoente de sucesso no gênero.

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Valorant pode não ser para todos, como a própria Riot Games gosta de pensar, nem atingir o sucesso de League of Legends, uma marca incrivelmente difícil de ser alcançada. O jogo, porém, sabe seu lugar e, principalmente, o que tem a oferecer, podendo ser exatamente aquilo que os veteranos do estilo estavam procurando. Caso eles estejam cansados de suas velhas casas nos tiroteios da concorrência, poderão encontrar aqui um novo lar cheio de cor e cheiro de pólvora.