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Prévia | Complexo e brutal, SCUM é um respiro em um gênero já saturado

Por| 08 de Outubro de 2018 às 13h59

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Prévia | Complexo e brutal, SCUM é um respiro em um gênero já saturado

Em um mundo inundado de jogos de sobrevivência e Battle Royales dos mais diferentes tipos, a premissa inicial de SCUM não parece nada surpreendente. Afinal de contas, estamos mais uma vez no papel de um prisioneiro que cai desarmado em uma ilha e deve lutar pela própria sobrevivência. É abaixo da superfície e praticamente em todos os seus aspectos, porém, que o game da Croteam e da Gamepires se mostra mais do que o básico e se transforma em uma ideia que pode não ser necessariamente inovadora, mas sim extremamente interessante e uma das mais completas do gênero.

Publicado pela Devolver, uma empresa reconhecida por levar adiante ideias diferentonas no mundo dos games, SCUM se encontra em acesso antecipado na Steam. Isso significa que ele ainda está em desenvolvimento, ou seja, nem todos os seus recursos estão disponíveis, assim como bugs e problemas de otimização devem aparecer. A experiência, aliás, é recomendada para máquinas mais robustas devido ao consumo excessivo de recursos do sistema, fruto, justamente, desse trabalho ainda em andamento.

Em meio às quedas nas taxas de frame rate, pequenos travamentos e eventuais popins, quando texturas carregam diante dos olhos do jogador, o que encontramos é um jogo que bebe de muitas fontes, mas, também, faz questão de criar sua própria experiência. No mundo atual, o similar mais próximo de SCUM seria DayZ, mas o título da Croteam vai além na tentativa de criar um ambiente realista e incrivelmente hostil.

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Neste jogo, os oponentes humanos não são a maior ameaça — na realidade, fazer parcerias e trabalhar na união de forças é um belo caminho para sobreviver. As trocas de tiros acontecem aqui e ali, é claro, principalmente entre jogadores com maior nível de notoriedade (a fama é a moeda de troca do game, entregue de acordo com ações realizadas no mundo de SCUM), de olho nas roupas, armas e itens avançados uns dos outros. O meio-ambiente, entretanto, é o perigo principal.

Não dá para dizer que iniciamos a jornada em SCUM largados e pelados, pois estamos vestidos. Mas é basicamente isso. O jogador é lançado um um local aleatório de um mundo desconhecido, com nada além da roupa do corpo, e deve trabalhar pela própria sobrevivência em um jogo insano no qual prisioneiros são assistidos ao vivo enquanto lutam pela própria sobrevivência e liberdade. Sem tutoriais, sem colher de chá nem ajuda. O jeito é se virar.

Desejável: Excel avançado

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É nessa dependência da própria sagacidade que está o grande brilho de SCUM. O mapa é vasto, cheio de estruturas que escondem loot interessante e enormes descampados, com morros e elevações onde franco-atiradores podem se esconder ou, então, representarem alternativas inteligentes de esconderijo e preparação. Estratégia, inteligência e cuidado serão as chaves para seguir em frente nesse universo, que não dá espaço para os afoitos e os inocentes.

A falta de um indicador do que fazer, que seja, deve afastar quem não está acostumado com o gênero, principalmente quando se abre o menu do jogo e observamos o que mais parece ser uma planilha cheia de dados aparentemente ininteligíveis. É nela, também, que está um dos diferenciais de SCUM, que considera de forma complexa e profunda os aspectos corporais como parte integrante da experiência.

Lidar com fome, sede ou ferimentos é algo básico em títulos desse tipo, mas o título da Croteam vai além ao levar em conta, também, aspectos como a ingestão de carboidratos e vitaminas, os reflexos da comida no organismo, a necessidade de evacuação e tantos outros aspectos efetivamente reais. Eles não são apenas aspectos inerentes à experiência individual, mas também alteram o mundo ao redor, constituindo ameaças ou iscas, quando usados com inteligência.

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Comer comida estragada, por exemplo, pode fazer com que o personagem tenha uma diarreia e os dejetos podem atrair os zumbis, animais selvagens ou servirem como indicativo a outros jogadores que alguém está ali — um indício de presença ou uma ameaça, dependendo de como se aborda. Doenças impedem um funcionamento normal do corpo e afetam a velocidade e o fôlego, assim como uma alimentação que não seja balanceada. Outros aspectos mais brutais também entram em cena aqui, afinal de contas você só conseguirá comer comida sólida se tiver dentes, certo?

Tudo é exibido em tempo real na tela, em gráficos e indicadores numéricos que precisam ser acompanhados durante todo o tempo. Os jogadores mais avançados, que fizerem bom uso de tais recursos, também poderão ampliar as capacidades do próprio personagem agindo de maneira pontual, consumindo produtos energéticos antes de um ataque a um grupo de inimigos, por exemplo, ou investindo nos pontos que tornam a experiência de jogo mais confortável.

Tais características aparecem, inclusive, desde o primeiro momento, quando se cria o prisioneiro de SCUM. Idade e porte físico não são apenas elementos visuais, eles também alteram os atributos de jogabilidade além do básico e comum, como personagens grandes mais lentos ou magrelos mais ágeis. A idade, por exemplo, altera a distribuição de pontos nos diferentes quesitos, enquanto a criação de alguém gordo, magro ou forte demais modifica o funcionamento do metabolismo e altera sensivelmente a sobrevivência.

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Em termos cosméticos, mesmo, o título ainda apresenta poucas opções. São apenas quatro formatos de cabeça, algumas tatuagens e tons de pele diferentes para escolher, transformando o universo de SCUM em um grande mar de gente igual, uma noção que não se torna tão flagrante assim pelo fato de o mundo ser gigantesco. São 64 jogadores em um mapa de 144 km², então encontros desse tipo serão esporádicos e raros.

Logicamente, estamos falando de um game ainda em acesso antecipado e tais opções, como o nome já indica, são perfumaria. O grande foco da Croteam, obviamente, está nos sistemas de SCUM e nestes, pelo menos, o acerto já é grande, assim como a miríade de opções que, de acordo com a empresa, também estão em seus estágios iniciais e devem se tornar mais complexas e completas ao longo da produção.

Mortos e máquinas

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Mais frequentemente, porém, os jogadores encontrarão zumbis espalhados pelo cenário. Eles são fracos e lentos, além de, como manda a tradição, aparecerem em menor número nos descampados e em maior concentração nos locais povoados. É fácil correr deles, mas, no começo, vale a pena partir para o enfrentamento, pois eles fornecem carne (sim, você pode almoçar filé de desmorto) e roupas que, senão forem vestidas, podem ser destruídas para criar bandagem, corda e outros itens importantes.

Nas áreas mais interessantes do mapa, porém, é que está a maior ameaça. Os drones e robôs de patrulha fazem a alegria dos espectadores sádicos de SCUM e, ao melhor estilo ED 209, estão prontos para dilacerarem os prisioneiros com suas armas. A furtividade, aqui, é essencial, apesar de existirem grandes prêmios para os corajosos que decidirem encarar as máquinas de frente.

Novamente, entretanto, é preciso inteligência, pois não apenas o combate é pesado, como a ação e os disparos podem chamar a atenção. Você não vai ficar nada feliz ao terminar a luta com um robô machucado, mas vencedor, apenas para ver um oponente terminando o serviço e ficando com todo o loot. Acredite, acontece com frequência.

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Felizmente, SCUM possui um sistema de clonagem que permite o retorno dos personagens conforme foram criados. Dá para comprar um ressurgimento, que custa mais caro caso você deseje escolher o local para nascer de novo, e continuar mais ou menos de onde parou. Fechar o jogo também armazena o progresso até um certo ponto e você pode retornar a SCUM exatamente de onde parou, o que também vale para seus aspectos corporais, incluindo machucados, infecções, níveis de sede, fome e vontade de ir ao banheiro.

O game da Croteam e da Devolver não é nada fácil e, mesmo depois de horas com ele, ainda não conseguimos vislumbrar todo seu potencial e amplitude. Quando se fala em acesso antecipado, o pensamento sempre nos leva a propostas cruas e mal-acabadas, o que até pode ser o caso aqui quando levamos em conta a performance. Mas desde já, dá para perceber o potencial de SCUM não apenas em si próprio, mas também para todo o gênero.

O game tem chegada prevista para o ano que vem, exclusivamente nos PCs. A promessa, também, é de atualizações periódicas, principalmente com a adição de recursos e tornando o mundo de SCUM mais complexo e recheado. Com preço baixo e tantas opções, não é à toa que ele já ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Coma a salada, cuide dos ferimentos e torça pelo melhor.

SCUM foi testado em cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Devolver Digital.