YouTube pode ter contribuído para o aumento de terraplanistas no mundo
Por Redação | 18 de Fevereiro de 2019 às 21h10
Em todo o mundo, inclusive no Brasil, é cada vez maior o número de terraplanistas que colocam à prova o conhecimento científico argumentando que a Terra, na verdade, seria plana. No Facebook há diversas páginas de discussão sobre o tema com milhares de membros inscritos, e os terraplanistas também estão no YouTube publicando conteúdo dedicado a falar sobre o assunto com versões alternativas para a explicação de fenômenos como fusos horários, estações do ano e eclipses. E uma nova pesquisa mostra que foi exatamente essa plataforma uma das principais responsáveis para o aumento no número de pessoas que acreditam nessa teoria.
Professora assistente de comunicação científica na Texas Tech University, Asheley Landrum estuda como valores culturais podem afetar a nossa compreensão da ciência, mas recentemente passou a se dedicar ao estudo do fenômeno da teoria da Terra plana, mostrando um aumento significativo de pesquisas no Google sobre o tema nos últimos cinco anos.
Para realizar sua pesquisa, Asheley Landrum entrevistou 30 pessoas que participaram de uma convenção da Terra plana e descobriu que todas, exceto uma, se tornaram adeptas da teoria após assistirem a vídeos no YouTube sobre o assunto.
A pesquisa foi apresentada em um evento organizado pela American Association for the Advancement of Science. Os resultados não culpam explicitamente o YouTube pelo aumento dos terraplanistas, mas Landrum acredita que a Google poderia estar fazendo mais para impedir a propagação de ideias cientificamente incorretas na internet.
"Há muita informação útil no YouTube, mas também muita desinformação", disse em entrevista ao The Guardian. "Os algoritmos deles facilitam a passagem pelo buraco do coelho, apresentando informações às pessoas que serão mais suscetíveis a isso".
AGoogle reconhece que pode fazer mais para combater a disseminação de informações falsas no YouTube e recentemente estabeleceu novos planos de ação sobre o assunto. Uma das medidas foi “reduzir as recomendações de conteúdo limitado e de conteúdo que poderia desinformar os usuários de maneiras prejudiciais — como vídeos promovendo uma cura milagrosa falsa para uma doença grave, afirmando que a Terra é plana ou fazendo alegações descaradamente falsas sobre eventos históricos como o 11 de setembro", conforme disse a equipe da plataforma em um post descrevendo as novas medidas que estão em processo gradual de implementação.
Landrum ainda defende o uso do YouTube por cientistas como uma plataforma para comunicar seus próprios trabalhos, como fez o astrofísico Neil deGrasse Tyson em um vídeo refutando a teoria do terraplanismo com argumentos cientificamente comprovados.
Fonte: The GuardianBBC