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YouTube considerou avaliar manualmente todos os vídeos infantis publicados

Por| 26 de Dezembro de 2019 às 14h50

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O YouTube, por muito pouco, não iniciou um programa de avaliação manual de todos os vídeos de temática infantil publicados em sua plataforma. De acordo com fontes ouvidas pela imprensa internacional, o projeto chegou a caminhar até uma etapa em que uma divulgação para a imprensa foi redigida, antes de ser descartado pela CEO Susan Wojcicki. Isso porque a executiva temia a aproximação entre o serviço e as redes de televisão tradicionais em relação às normas de conduta que devem ser seguidas.

A ideia fez parte de um projeto chamado “Crosswalk”, ou “Faixa de pedestres”, em tradução do inglês. Seria uma referência aos diferentes alertas que existem em pontos de travessia em grandes avenidas e, justamente, o tipo de trabalho que o YouTube deseja fazer com os vídeos infantis, indicando o melhor caminho a seguir e garantindo a segurança de quem passa por ele. Quarenta funcionários fariam parte do time, dedicado a criar propostas de curadoria de conteúdo, segurança e, principalmente, sistemas para avaliação de vídeos para os pequenos.

A ideia de avaliação manual e individual teria surgido após um dos tantos escândalos desse tipo enfrentados pelo YouTube neste ano. Em um dos principais, vídeos infantis, e aparentemente inocentes, continham clipes, muitas vezes, de poucos segundos, com imagens perturbadoras ou violentas incitando suicídio, automutilação e outros atos semelhantes. As falas apareciam em meio a episódios aparentemente inocentes de desenhos animados e, muitas vezes, usavam as imagens dos próprios personagens infantis para passar a mensagem.

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Tal material estaria passando até mesmo pela barreira de proteção imposta pelo YouTube Kids, um aplicativo dedicado exclusivamente aos pequenos, que traria apenas materiais indicados para a faixa etária ou publicados por canais certificados, de forma a entregar apenas conteúdo adequado e educativo. Denúncias de pais se acumulavam nas redes sociais enquanto a empresa chegou a negar o ocorrido, trabalhando, depois, para conter o incêndio.

Na ocasião, o YouTube disse estar trabalhando para evitar que esse tipo de conteúdo chegasse à plataforma e, principalmente, às crianças. A proliferação das denúncias, por outro lado, mostrou que os esforços vinham sendo insuficientes, o que levou à ideia do Crosswalk, que tornaria o ambiente infantil do YouTube definitivamente mais seguro, mas também, ampliaria o tempo de processamento e aprovação dos vídeos dedicados ao público infantil.

Esse tipo de curadoria de conteúdo, por outro lado, traria responsabilidades adicionais para o serviço. Na visão de Wojcicki, responsável por descartar a iniciativa, a ideia faria com que o YouTube se aproximasse das redes de televisão e empresas de notícias, que possuem culpabilidade em caso de veiculação de conteúdo que infrinja direitos autorais, traga discursos de ódio, ameaças e outros tipos de conteúdos considerados impróprios, principalmente no caso das crianças. Levando em conta a quantidade de material publicado na plataforma, seria uma tarefa hercúlea e uma responsabilidade impraticável.

Não se sabe, entretanto, até que ponto outras medidas implementadas em 2019 foram de autoria do time Crosswalk. Entre as mudanças promovidas pelo YouTube para aumentar a segurança de sua plataforma estão o desligamento de comentários em vídeos infantis e configurações que precisam ser aplicadas por todos os criadores, indicando se um canal é ou não próprio para os pequenos. O YouTube não fala em números específicos, mas disse que essa, entre outras medidas, foram capazes de aumentar em 60% as visualizações de canais legítimos e reduzir em 80% o total de conteúdos que violem suas políticas.

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De acordo com a própria Wojcicki, em entrevista à rede americana CBS, realizar uma filtragem manual de todo o conteúdo publicado no YouTube seria impossível. De acordo com os dados oficiais mais recentes, são 500 horas de material publicado a cada segundo na plataforma, com a executiva afirmando que a companhia também não pode ser responsabilizada por esse volume de vídeos produzidos por seus usuários.

Uma multa de US$ 170 milhões foi aplicada ao Google pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos por violações em normas de privacidade infantil. A empresa foi acusada de coletar irregularmente os dados de menores de idade para exibição de publicidade no YouTube, naquela que foi a maior penalização de uma série de punições. Enquanto isso, outros processos e investigações sobre práticas semelhantes ainda seguem em fóruns de todo o mundo, inclusive no Brasil.

Fonte: Bloomberg