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Perfis femininos do Ashley Madison são, em sua maioria, robôs e fakes

Por| 27 de Agosto de 2015 às 11h39

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A polêmica envolvendo o site de traições Ashley Madison acaba de ganhar um novo capítulo. Sabemos que a maioria do público do site é homem e que acessa a plataforma em busca de parceiras para relações extraconjugais. O problema é apenas alguns milhares de todos os perfis femininos cadastrados no serviço são de mulheres de verdade. Ou seja, as demais contas podem ser falsas ou controladas por robôs.

Essa é a constatação da editora chefe do Gizmodo, Annalee Newitz, que analisou os dados divulgados pelo Impact Team, grupo hacker que assumiu a autoria dos ataques ao site. De acordo com Newitz, o Ashley Madison está longe de ser um "país das maravilhas onde os homens traem suas esposas". "Na verdade, é um futuro de ficção científica onde todas as mulheres da Terra morreram e algum engenheiro as substituiu com robôs mal projetados", destaca.

Com base nos arquivos publicados pelos hackers, a editora constatou o seguinte: dos quase 37 milhões de usuários, 31 milhões se dizem homens e 5,5 são mulheres. Menos de 1% dessas 5 milhões de mulheres utilizam a plataforma ativamente por mais de um dia, sendo que a maioria delas jamais falou com algum homem ou sequer voltou a usar o site logo depois de criar seu perfil. Além disso, Newitz acredita que apenas 12 mil perfis pertencem a mulheres de verdade.

Outro dado levantado mostra que nem todas as usuárias levam adiante conversas com outros internautas no site. Enquanto 20 milhões de usuários homens checam suas mensagens com frequência, apenas 1.492 mulheres fizeram o mesmo. Cerca de 11 milhões de homens também fazem uso contínuo do bate-papo, contra 2.409 mulheres. Falando no chat, 6 milhões de homens respondem as mensagens enviadas para eles, mas apenas 9.700 mulheres fazem isso.

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Na prática, isso significa que muitas mulheres que se cadastraram no Ashley Madison possivelmente nunca fizeram nada dentro do serviço. E mais: boa parte desses perfis femininos podem ser falsos, ainda mais se levarmos em consideração alguns casos que apontam para esse fato.

Um deles é o de uma ex-funcionária que há alguns anos processou a Avid Life Media, empresa que administra o Ashley Madison. A profissional em questão alegou que as condições de trabalho eram péssimas e que contraiu lesões em suas mãos por esforço repetitivo após a companhia contratá-la para criar 1.000 perfis falsos de mulheres escritos em português. O alvo? O público brasileiro. Para quem não sabe, o Brasil é hoje o segundo país com mais usuários no site, atrás apenas dos Estados Unidos. No ranking de cidades, São Paulo é a primeira da lista.

Nos termos de uso do Ashley Madison há uma cláusula que diz que "algumas" pessoas utilizam a plataforma simplesmente "para entretenimento" e que "não estão em busca de encontros com usuários conhecidos através do serviço". A companhia não chega a dizer que essas pessoas são falsas, mas que muitos perfis são apenas para motivos de diversão.

Newitz alega que um dos fatores que a ajudaram a determinar quando um perfil poderia ser falso ou não era o endereço de e-mail dos usuários. Segundo ela, cerca de 10 mil desses endereços eletrônicos terminavam com "@ashleymadison.com", o que significa que muitas contas podem ser de administradores da companhia. Newtiz ainda observa que muitos e-mails deram a impressão de ter sido gerados por um bot, "incluindo dezenas de endereços listados como 100@ashleymadison.com, 200@ashleymadison.com, 300@ashleymadison, e por aí vai".

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De acordo com o levantamento, Newitz diz que verificou outro detalhe estranho no banco de dados do Ashley Madison. Um número considerável de perfis tem apelidos extremamente incomuns, "que combinavam com o nome de uma mulher que trabalhava na empresa há dez anos". Mais de 350 contas se baseavam nesse apelido, o que pode indicar que outra pessoa criou centenas de perfis de testes usando o nome dessa ex-funcionária.

A conclusão de Newitz sobre tudo isso é que, além da possível quantidade absurda de contas falsas, milhões de homens estão sendo enganados com a promessa de que estão conversando com mulheres de carne e osso, o que não é verdade. "Quando você olha para as provas, é difícil negar que a maioria esmagadora dos homens que usam o Ashley Madison não estava tendo casos [com outras mulheres]. Eles estavam pagando por uma fantasia", afirma Newitz. "O Ashley Madison é um site no qual milhões de homens mandam e-mails, conversam e gastam dinheiro com mulheres que na realidade não estão lá".

Os hackers do Impact Team já haviam dito que muitos dos perfis femininos na plataforma eram falsos e feitos especificamente para enganar os homens, passando a impressão de que muitas mulheres estão cadastradas no site. Eles também alegam que a empresa que controla o serviço adota práticas ilegais com seus clientes, como uma cobrança de US$ 19 para que o usuário apague todos os seus dados dos servidores da companhia - coisa que não acontece de fato.

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Até o momento, o grupo Avid Life Media não se pronunciou sobre a reportagem.

Fonte: Gizmodo