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O fim da gambiarra tecnológica

Por| 20 de Julho de 2020 às 10h00

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DepositPhotos/everythingp
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Por Hilton Menezes*

Não é mais uma escolha a ser feita, nem mesmo é o caso de esperar a fila do planejamento de ações em TI andar; a transformação digital está acontecendo agora, em ritmo acelerado. Nesse contexto de pandemia, em que nos foi imposto o isolamento social em nossas casas, não é mais possível fugir da digitalização. As quarentenas nos fizeram renunciar a diversos planos e também a comportamentos corriqueiros de uma rotina de deslocamentos e de intenso contato físico.

De repente, de um dia para o outro, entendemos que o acesso ao mundo estaria mais condicionado e viável através do meio digital. As revoluções, tanto de mercado de trabalho e mercado consumidor, já estão em curso há três meses e muitas empresas tiveram de olhar para seus modelos de negócio para que, de forma ágil, pudessem de fato conduzir o processo de adequações de serviços, produtos e principalmente, na cultura organizacional.

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Ficou muito clara a ideia de que empresas terão que abandonar a "gambiarra digital". Ou é digital mesmo ou não é. Plataformas digitais competentes, mesmo que pequenas, irão sobreviver.

De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada em matéria do Valor Econômico, a transformação digital foi acelerada com a crise do Covid-19; que acarretou uma grande mudança de comportamento do consumidor. Os resultados mostram maior adesão aos aplicativos, mais comparação de preços e controle de gastos. A compra pela internet via aplicativos cresceu mais de 30%, puxada pelo ingresso da população com mais de 60 anos e das classes C, D e E no consumo online.

Um dos mercados que mais sofreu impacto é sem dúvida o varejo. No passado o segmento já havia acatado a necessidade das lojas físicas serem redesenhadas como espaços de experimentação da marca, pontos de coleta de informação e interação pontual com o consumidor para geração de dados e inteligência de mercado; mas agora o comércio on-line deixou de ser uma opção secundária de compras. As vendas migraram mais rápido para o online do que se imaginava antes. É a prevalência da estratégia “figital” (ambiente físico somado ao ambiente digital) que combina muito bem as fortalezas dos dois ambientes para uma melhor experiência de consumo.

As operações e comércio terão que se adaptar rapidamente à economia contact-free, o mercado de saúde é um bom exemplo de rápida adaptação. No varejo, quem já estava adaptado para vendas on-line ou logística de entrega domiciliar sofreu menor impacto comparado a quem não estava nem pensando nisso.

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Ou seja, não existe setor da economia ou tamanho de negócio que possa dizer "eu não tenho necessidade de investir no digital". No entanto, para uma empresa ser digital é preciso mais que isso. Segundo John Rethans, VP de transformação digital do Google: "... é preciso criar uma estratégia que permita às empresas se conectarem com as novas demandas dos consumidores e serem verdadeiramente digitais, saindo do modelo de linhas de produção e indo para o modelo de plataforma; construindo um modelo de gestão em que os funcionários conversem entre si e a inovação possa ser uma soma do trabalho de várias áreas".

Toda transformação exige mudanças. Mudanças não são facilmente aceitas por uma estrutura acostumada em seu status quo. Portanto, é natural que muitas companhias, após serem forçadas a agir diferente em um contexto pandêmico, busquem voltar ao conforto do que era antes. Assim, será necessário esforço intencional para reestruturar seus modelos organizacionais e operacionais, trabalhando em aspectos de cultura, que se dá através do aprendizado e aplicação sistêmica de novos modelos de trabalho, mais colaborativos, transdisciplinares, autônomos e orientados à análise de dados (quantitativos ou qualitativos), para além de um lab ou hub de inovação.

Agora, uma vez que a tecnologia está sendo comoditizada e estratégia de marketing, vendas e finanças são amplamente difundidas, a pergunta que fica é: de onde deve vir a inovação que vai me diferenciar no mercado? Façamos o seguinte exercício mental. Imaginemos duas empresas com as mesmas características tecnológicas, mesma estratégia financeira, de vendas e marketing, o que dará vantagem competitiva de uma sobre a outra? A resposta está na capacidade e rapidez de entender as dimensões do comportamento do mercado e das relações humanas (análise de dados e pesquisa qualitativa), através de modelos de trabalhos mais ágeis (service design, lean agile, ux agile) com equipes de trabalho transdisciplinares e gerar soluções com alto grau de satisfação pelo próprio mercado.

*Hilton Menezes é fundador e CEO da Kyvo, uma plataforma global de inovação que deseja criar um futuro mais ágil, criativo e inovador para empresas. Possui mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação e Negócios Digitais. Trabalha a inovação desde a cultura organizacional até a tecnologia, executando programas de Transformação Digital, Intraempreendedorismo e Inovação Aberta em parceria com centros de inovação do Vale do Silício, Israel, Londres, Espanha e Portugal.