Mudanças no Facebook darão controle total da empresa a Mark Zuckerberg
Por Caio Carvalho | 28 de Abril de 2016 às 18h04
Enquanto algumas das principais empresas de tecnologia do mundo registraram perdas na divulgação dos resultados financeiros do último ano fiscal, o Facebook foi na contramão dos prejuízos e quase que dobrou seus lucros, gerando uma receita de US$ 5,38 bilhões. Mas tanta arrecadação não livrou a companhia de um intenso processo de reestruturação interna que, ao que tudo indica, dará ao seu fundador o controle total sobre a empresa.
Essas mudanças no corpo administrativo da rede social preveem dois novos tipos de ações, e ambas precisam de poder de voto em eventuais tomadas de decisão sobre planos futuros que podem impactar diretamente as operações do Facebook. O que acontece é o seguinte: ao longo dos anos, Mark Zuckerberg foi adquirindo novas ações, mas manteve apenas aquelas que possuem poder de voto.
Qualquer pessoa pode adquirir ações do Facebook, com direito a todos os benefícios comuns oferecidos por uma entidade de capital aberto. No entanto, somente os acionistas com essas ações de poder de voto é que poderão opinar sobre os rumos da empresa. E é aí que entra a estratégia de Zuckerberg, já que o executivo detém 60% de todas as ações dessa categoria.
Na prática, isso significa que Zuck — que atualmente "vale" US$ 50 bilhões — terá a palavra final em qualquer decisão futura de sua companhia. Mesmo que ele venda a maior parte de sua participação no Facebook, ele ainda teria o poder de votar sobre o que pode ou não ser aprovado. Tudo isso graças a essas ações específicas.
De acordo com Zuckerberg, ter tanto poder nas mãos tem um motivo. Ele e sua esposa, Priscilla Chen, pretendem usá-lo para a doação de dinheiro para fundos importantes. Em dezembro do ano passado, pouco depois do nascimento da primeira filha do casal, Max, o bilionário anunciou que ele e Priscilla vão doar 99% de suas ações do Facebook — o equivalente a US$ 45 bilhões — ao longo de suas vidas para ajudar na organização Chan Zuckerberg e outros projetos filantropos.
"Eu serei capaz de manter o controle de fundador do Facebook para que nós possamos continuar construindo uma relação de longo termo, e Priscilla e eu seremos capazes de doar nosso dinheiro para fundos importantes mais cedo. Nós sempre fomos uma empresa liderada pelo fundador. Essa estrutura nos ajudou a resistir a pressões de curto prazo que geralmente são ruins para a empresa", destacou Zuckerberg em uma carta divulgada durante o anúncio dos resultados financeiros da companhia.
Aparentemente, há um consenso entre os acionistas do Facebook de que essa reestruturação é benéfica para a empresa como um todo, uma vez que os lucros obtidos pela rede social não param de crescer — principalmente no que diz respeito à publicidade online, que corresponde a 84% do valor de receita. Só nos três primeiros meses de 2016, a entidade lucrou US$ 1,51 bilhão — um aumento de 195% na comparação com o mesmo período de 2015.
Além disso, a prática de adquirir ações com poder de voto é comum entre as gigantes de tecnologia. No Google, por exemplo, os cofundadores Larry Page e Sergey Brin adotaram a mesma estratégia e compraram há dois anos os mesmos tipos de ações, garantindo o controle total sobre a companhia, que hoje pertence à holding Alphabet.
Fonte: Telegraph