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Julian Assange é indiciado na Justiça dos Estados Unidos

Por| 16 de Novembro de 2018 às 10h25

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Julian Assange é indiciado na Justiça dos Estados Unidos
Julian Assange é indiciado na Justiça dos Estados Unidos
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Procuradores federais dos Estados Unidos revelaram nesta semana, sem querer, a existência de um indiciamento contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na Justiça americana. A citação a ele apareceu em um outro processo, também relacionado à segurança nacional, mas não ligado diretamente a ele. De acordo com os promotores responsáveis pelo caso, tudo aconteceu “por engano”.

Segundo o porta-voz da procuradoria federal do estado da Virgínia, a citação deveria trazer apenas o número do processo relacionado a Assange e não o seu nome, uma vez que o indiciamento contra ele foi feito sob segredo de justiça. O texto não traz detalhes sobre a natureza da acusação, citando apenas a necessidade de manter o caso em segredo por conta da publicidade em torno do caso do delator, que se encontra asilado na embaixada do Equador em Londres, na Inglaterra.

O nome de Assange aparece em uma ação relacionada à prisão de Seitu Salayman Kokayi, preso em agosto por aliciamento e envio de imagens pornográficas a menores de idade. O caso se tornou matéria de segurança nacional devido ao fato de o sogro do acusado estar preso por conspiração para cometer atos terroristas, com o próprio criminoso já tendo demonstrado interesse no assunto.

A ligação entre os casos, aparentemente, está relacionada à divulgação de e-mails e documentos confidenciais da campanha de Hillary Clinton à presidência dos Estados Unidos, em 2016, um conteúdo ao qual Kokayi teria dado bastante atenção. A especulação é de que Assange teria sido indiciado pelo fato de o WikiLeaks ter sido o responsável pela publicação destas informações na internet.

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Não é visto como coincidência o fato de o tribunal da Virginia ser, justamente, o responsável não apenas pela investigação sobre o vazamento, mas também sobre boa parte dos esforços do governo americano para entender a campanha russa de desinformação que ocorreu há dois anos. O FBI não comentou a revelação da acusação, enquanto os promotores não deram mais detalhes sobre o caso.

Em declaração sobre o caso, um dos advogados de Assange, Barry Pollack, considerou absurda a notícia do indiciamento de seu cliente, que não fez nada além de publicar informações verdadeiras. Ele também criticou o sistema judiciário americano por realizar tal ato sem informar o acusado e sua defesa, afirmando que esse é um precedente bastante perigoso para a democracia dos Estados Unidos.

Assange está asilado na embaixada do Equador em Londres desde 2012, em uma estadia que já foi citada como "insustentável" pelo governo do país latino-americano, enquanto os advogados do delator afirmam que o isolamento está tendo consequências graves sobre sua saúde mental e física. Mesmo assim, ele permanece lá, pois pesa sobre ele uma acusação de violação de condicional que envolve um mandado de prisão.

Na visão da defesa, a ordem é de prender Assange caso ele saia do consulado, o que permitiria uma extradição aos EUA para responder sobre o vazamento de documentos governamentais secretos por meio do WikiLeaks. O indiciamento sigiloso, agora, deve servir para fortalecer ainda mais essa noção, por mais que o governo britânico seja a favor da saída de Assange e afirme que seu asilo é autoimposto.

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Fonte: The Washington Post