Internet "via luz" pode não ser tão boa quanto parece
Por Felipe Demartini | 01 de Dezembro de 2015 às 13h17
Na última semana, usuários e a imprensa de todo o mundo viram com bons olhos a descoberta da empresa estoniana Velmenni, que disse ter obtido velocidades 100 vezes mais rápidas que as do Wi-Fi durante testes com uma tecnologia de transmissão de internet pela luz. O Li-Fi, como foi chamado, ainda pode estar a alguns anos de se tornar comercialmente viável, mas começou a ser divulgado como a grande revolução no acesso sem fio à rede.
Isso, porém, pode não ser tão verdadeiro assim. De acordo com Harald Hass, professor da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e um dos inventores da tecnologia, ainda existem muitos fatores a serem desenvolvidos antes de uma aplicação comercial do Li-Fi. Ele fala não apenas de equipamentos como computadores e smartphones, que precisam estar habilitados para receber o sinal, mas também da infraestrutura já preparada hoje para uso do Wi-Fi, e os custos e complexidade envolvidos em uma substituição.
Especialistas citam também as limitações que poderiam, simplesmente, derrubar tudo. A internet via luz, por exemplo, não funciona em ambientes abertos ou sob a luz do dia, simplesmente porque os receptores não seriam capazes de distinguir perfeitamente os LEDs responsáveis pela transmissão. Além disso, ainda existiriam diversos problemas relacionados à iluminação artificial, decoração e outros sinais luminosos que teriam que ser diferenciados, gerando desenvolvimentos adicionais e muita interferência.
Um dos aspectos citados como um mecanismo de segurança pela Velmenni – o fato de o sinal Li-Fi não atravessar paredes, o que manteria as redes muito mais controláveis que no caso do Wi-Fi – também tem seu lado negativo. Por conta disso, o alcance é mais curto, claro, mas também é incapaz de atravessar pessoas que possam estar andando pelo ambiente, causando intermitências e exigindo a instalação de diversas lâmpadas. Isso também permitiria que hackers bem equipados ultrapassassem a suposta proteção, obtendo acesso à rede utilizando lentes de longa distância ligadas a receptores, por exemplo.
O professor cita ainda outros obstáculos comerciais, como os gastos energéticos provenientes de conjuntos de luzes ligados o tempo todo e o custo envolvido na operação, uma vez que não basta apenas instalar os LEDs para que tudo funcione. Para especialistas, os dias do Wi-Fi estão longe de estarem contados.
Por outro lado, nichos específicos podem se aproveitar bastante dessa tecnologia. É o caso, por exemplo, de companhias aéreas, que poderiam implementar sistemas de internet a bordo utilizando o Li-Fi, diminuindo o número de sinais transmitidos e evitando interferências. Aqui parece estar o grande pulo do gato para empresas como a Velmenni e outras, que andam apostando alto na tecnologia.
Fonte: TechCrunch