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Imagens de bestialidade foram usadas para promover vídeos no YouTube

Por| 25 de Abril de 2018 às 11h04

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Na mesma semana em que o YouTube anunciou o lançamento de relatórios trimestrais de transparência e comemorou o sucesso de seu mecanismo automático de remoção de vídeos impróprios, novas denúncias justamente sobre conteúdo desse tipo vieram à tona na imprensa americana. Agora, os relatos apontam para o uso de imagens de bestialidade em thumbnails de vídeos como forma de alavancar suas visualizações e obter renda a partir de anúncios.

De acordo com reportagem publicada pelo BuzzFeed, imagens de sexo com animais ou mulheres com roupas curtas podem ser encontradas em meio a pesquisas aparentemente inocentes, como “garota e seu cavalo” ou “menina e cachorro”. Closes indiscretos, por baixo da saia, ou imagens de moças com roupas curtas ao lado dos bichos também fazem parte das centenas de ocorrências encontradas, bem como screenshots dos conteúdos que fazem parecer que material deste tipo está disponibilizado ali, em um caso de “clickbait”.

Essa isca, na verdade, é a realidade da maioria dos casos, pois boa parte dos vídeos avaliados não possuíam conteúdo explícito, mas traziam dicas para a hora de dar banho nos animais ou maneiras de lidar com um comportamento temperamental ou mal-humorado dos bichos, além de cenas inusitadas com eles. As garotas provocantes das thumbnails, às vezes, aparecem nas cenas em si, enquanto, em outros casos, a imagem de exibição simplesmente não tem nada a ver com o conteúdo exibido após o clique.

Até aí, porém, uma visualização já foi contada e o anúncio exibido antes do vídeo já foi visto. E seria este, justamente, o objetivo dos responsáveis pela prática: inflar artificialmente as métricas de vídeos comuns a partir de imagens provocantes. Em alguns casos, os canais já estavam monetizados, ou seja, recebendo dinheiro pela exibição de vídeos, enquanto outros não, parecendo aguardar liberação pelo YouTube ou a ação de um moderador nesse sentido.

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E tem dado certo. Basta olhar nas imagens compartilhadas pela reportagem para ver, na esmagadora maioria dos casos, números gigantescos de visualizações, que podem ir de 250 mil vídeos, nos casos mais modestos, até 3,3 milhões de visualizações. Nos canais, a mesma lógica, com alguns tendo de centenas de milhares de inscritos até alguns milhões.

Em outros casos mais preocupantes, os espaços possuem conteúdo diversificado, também como uma forma de manipular o algoritmo de sugestões do YouTube. O mesmo canal que tem um vídeo incitando bestialidade, com milhões de views, na verdade, tem os brinquedos como seu assunto principal, trazendo unboxings de lançamentos ou análises. Mais uma vez, as crianças estão na mira, o que torna toda a questão ainda mais delicada.

Thumbnails indicando a presença de material dessa categoria também aparecem em canais que trazem clipes pirateados de desenhos infantis, como Peppa Pig, ou clipes educativos. Nestes casos, tais materiais poderiam aparecer até mesmo no app YouTube Kids, voltado, justamente, para os pequenos e com um algoritmo dedicado especialmente a entregar apenas conteúdos infantis e adequados para a faixa etária do usuário.

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Um funcionário do YouTube, falando ao BuzzFeed sob condição de anonimato, disse que o comportamento dos canais indica a atuação de “fazendas de conteúdo” situadas no Camboja. Empresas desse tipo utilizam de táticas assim para inflar visualizações e se aproveitarem do sistema de monetização de plataformas online, utilizando de métodos para burlar mecanismos automatizados de segurança.

O uso das thumbnails constituiria exatamente esse comportamento, uma vez que os recursos de segurança do YouTube relacionados às imagens não são tão avançados e complexos quanto os que avaliam os vídeos. De acordo com a fonte, ainda, centenas de canais associados a esse tipo de prática foram deletados ao longo do segundo semestre do ano passado, com os responsáveis pela prática, aparentemente, tendo encontrado novas maneiras de continuarem em ação.

Em comunicado oficial, entretanto, o YouTube afirmou que tais imagens “não têm lugar” na plataforma, com as mesmas regras relacionadas a vídeos sendo aplicadas às thumbnails, além de normas adicionais que proíbem clickbaits e outros conteúdos enganosos. Continuando, a empresa disse que os mesmos incrementos que estão sendo feitos para filtrar conteúdos impróprios nos últimos meses também valem aqui.

A maioria dos vídeos apontados pela reportagem foram deletados após contato entre o BuzzFeed e o YouTube, com suas contas sendo banidas da plataforma. Uma busca realizada no momento em que este texto foi escrito até exibiu algumas imagens questionáveis, mas elas não aparecem, nem de longe, na mesma quantidade que a exibida pela imprensa internacional.

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Fonte: BuzzFeed