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Fraudes comprometem serviço de refinamento de buscas contratado pelo Google

Por| 06 de Julho de 2020 às 17h30

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Fraudes comprometem serviço de refinamento de buscas contratado pelo Google
Fraudes comprometem serviço de refinamento de buscas contratado pelo Google
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Uma nova reportagem da Wired revelou um cenário inédito de esquema fraudulento, em um universo ainda mais recente de contratação de empregados automatizados. A questão se passa com funcionários contratados por empresas terceirizadas pelo Google para refinar resultados no buscador.

O Google tenta resolver disparidades para diferentes resultados que aparecem em buscar em regiões distintas. Por exemplo, se você procurar por “pão francês” na plataforma, é possível que o resultado aqui no Brasil seja diferente do resultado lá na França, e alguém precisa indicar isso manualmente para o serviço.

Para isso, o Google contrata empresas terceirizadas que oferecem uma vaga chamada de ghost work, ou "trabalho fantasma". O termo se refere a pessoas invisíveis que refinam inteligências artificiais e mecanismos como os da Gigante de Mountain View.

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Para chegar a estes funcionários, as companhias oferecem as vagas por intermédio de sistemas automatizados, ou seja, sem a intervenção humana. Por exemplo, a empresa cria um formulário que busca um francês nativo, que conheça a cultura local, para explicar para o Google o que apesentar caso alguém busque por pão francês. Isso acontece com vagas em todo mundo atrás de trabalhadores locais.

A expressão ghost work também se refere ao tipo de relação com o trabalho. Como o sistema é automatizado, não há contato com gerentes nem vínculo empregatício, ou possibilidade manutenção do trabalho. Assim, também não é possível construir uma carreira na área, sendo que cada projeto significa uma nova vaga, com contratação definida por um sistema automatizado. Ou seja, essa pessoa é um trabalhador fantasma porque ninguém efetivamente conversa com ela.

Até este ponto, tudo bem. O problema começa quando se fala em pagamento. Definido pelo dólar, o montante pago é diferente para contratados em países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Por exemplo, um asiático ou latino-americano chega a receber até quatro vezes menos que um trabalhador europeu fazendo o mesmo serviço.

Por conta disso, o sistema também exige alguma comprovação de que a pessoa é realmente residente local para o projeto. É aqui que começam os esquemas fraudulentos. Uma série de trabalhadores está começando a mentir para a plataforma dizendo que moram em regiões nas quais não residem para conseguir, não só melhores pagamentos, mas também mais de um projeto por vez.

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Um dos entrevistados, chamado pela reportagem de Jake, disse que trabalha ao mesmo tempo em um projeto na França e outro na Espanha. Na verdade, ele não fala francês e usa o Google Tradutor para realizar suas tarefas. De acordo com Jake, com isso, recebe mais que um salário em um bom emprego comum na Espanha.

Outro entrevistado, agora indiano, também disse que se passa por um norte-americano exatamente para conseguir mais rendimento no trabalho. A pessoa disse que faz isso para conseguir manter uma constância de renda, já que nem sempre há a garantia de que ela terá outro projeto após terminar o atual. Com dois ao mesmo tempo, consegue mais segurança também.

As empresas terceirizadas reconhecem este problema e estão restringindo e exigindo mais comprovantes para as vagas de emprego.

Onde mora o real problema? 

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A questão está na diversidade de regiões, que também gera diferentes pagamentos. O cenário de digitalização e trabalho remoto permite que uma empresa dos Estados Unidos, por exemplo, contrate um funcionário na Ásia, pagando muito menos por isso.

Uma análise do economista Thomas Friedman é de que a tendência é de que os pagamentos cheguem a um meio-termo, ou seja, redução dos pagamentos nos mercados desenvolvidos e aumento dos em desenvolvimento. Contudo, isso ainda não é a realidade do meio.

Segundo a Wired, o Google foi consultado, mas não quis comentar a questão.

Fonte: Wired