Publicidade

Donos de produtora pornô são presos por tráfico sexual e abuso de mulheres

Por| 26 de Outubro de 2019 às 11h25

Link copiado!

Divulgação
Divulgação

Os donos de uma grande produtora de vídeos pornográficos para a internet, a GirlsDoPorn, estão sendo acusados de tráfico sexual, abuso e ameaças de violência por investigadores federais dos Estados Unidos. Três pessoas foram presas, enquanto uma quarta permanece foragida, todas indiciadas por enganarem garotas com a promessa de trabalho como modelo para, depois, coagi-las a participarem de produções adultas que acabaram publicadas na internet.

A investigação foi iniciada após as denúncias de quatro mulheres, que iniciaram um processo contra a GirlsDoPorn em junho deste ano. Quando outras 18 se uniram à causa, o governo dos Estados Unidos notou que algo estava errado e começou a olhar mais a fundo, descobrindo o esquema que começava com um anúncio no Craigslist e evoluía para ameaças de processo e abuso sexual ou físico caso as jovens se recusassem a participar das cenas.

A oferta nos classificados era tentadora: US$ 2 mil e todas as despesas de viagem pagas por uma agência que trabalharia com grandes marcas. Quem fazia o contato era o próprio dono da produtora, Michael James Pratt, que nas conversas adotava o nome de Mark. Ele apresentava as interessadas a outras mulheres como referência dos trabalhos realizados, e elas eram pagas para mentir às candidatas sobre a idoneidade da produção.

Ao chegarem à sessão de fotos, entretanto, as jovens descobriam se tratar de uma gravação pornográfica de uma cena de 15 minutos, mas que levaria horas para ser produzida. Elas eram informadas que os vídeos não seriam publicados na internet, mas apenas distribuídos internacionalmente para colecionadores em DVD. Contratos eram rapidamente colocados diante das aspirantes a modelo, mas com os envolvidos na produção fazendo pressão por uma assinatura rápida sem que elas lessem o conteúdo. Em alguns casos, elas também eram alcoolizadas ou induzidas a consumirem drogas.

Continua após a publicidade

A coisa escalava caso elas se recusassem a participar. Antes mesmo da revelação de se tratar de um vídeo pornô, a mobília dos locais da sessão, normalmente quartos de hotel, era reorganizada de forma a bloquear a porta. Em caso de negativa, as mulheres sofriam ameaças de processo e também de abuso sexual, com uma delas também afirmando ter sido fisicamente impedida de deixar o local da gravação, participando dela por temer pela própria vida.

Os vídeos surgiam na internet semanas ou até meses depois do ocorrido, não apenas no site da GirlsDoPorn como também em sites populares como o Pornhub, usado para divulgação e, em muitos casos, traziam os nomes reais das modelos. De acordo com o FBI, algumas das participantes chegaram a perder empregos, vagas em times esportivos e relações amorosas por conta dos vídeos, enquanto pelo menos uma foi deserdada da família após a publicação das imagens.

Um dos sócios da produtora, Matthew Isaac Wolfe, foi preso juntamente com Andre Garcia, ator que aparece em muitas das filmagens, bem como uma funcionária da produção, Valorie Moser, que seria a responsável por passar as referências falsas e lidar com os pagamentos relacionados a isso. Pratt, que é apontado pelo FBI como o líder do esquema, permanece foragido, com os investigadores acreditando que ele está na Austrália, seu país natal, para onde fugiu logo que o primeiro processo contra sua empresa foi aberto.

Por meio de seus advogados, os responsáveis pela GirlsDoPorn negam as acusações e afirmam que todas as mulheres sabiam o que estavam fazendo e teriam sido informadas de antemão sobre o teor das gravações. Caso sejam condenados pela integridade dos indiciamentos, os quatro podem enfrentar prisão perpétua, além de serem obrigados a pagar compensações financeiras por danos causados às imagens das mulheres abusadas.

Continua após a publicidade

O PornHub não se pronunciou publicamente sobre o assunto, mas retirou do ar a conta pertencente à produtora, cujos vídeos, agora, somente podem ser encontrados no site a partir de reuploads feitos por terceiros. No Xvideos, entretanto, o perfil da empresa continua ativo e conta com quase 50 publicações oficiais, incluindo algumas feitas ainda neste mês de outubro.

Fonte: The Washington Post, Vice