Departamento de Justiça dos EUA acusa Julian Assange de recrutar hackers
Por Rafael Arbulu | 25 de Junho de 2020 às 12h23
O Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos atualizou as acusações no processo que move contra Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Pelo entendimento do órgão, o ciberativista teria recrutado hackers membros dos grupos Anonymous e LulzSec, oferecendo a ambos uma lista de alvos específicos com o objetivo premeditado de “causar maior impacto”. Entre os potenciais alvos, diz o DOJ, estariam a CIA, a Agência Nacional de Segurança (NSA) e o jornal The New York Times.
É importante ressaltar que isso não aumentaria as penas em potencial pelas quais Assange responderia em caso de condenação: as informações são pertinentes a uma “emenda” no processo original e não necessariamente novas acusações. Resumidamente, elas têm a serventia de adicionar peso à argumentação do Departamento de Justiça.
Indo além das menções mais generalistas, o DOJ cita dois casos específicos: o primeiro alega que Assange teria conversado com um líder do LulzSec (que viria a ser revelado como um informante do FBI), para quem ele teria listado os alvos e o objetivo relacionados no primeiro parágrafo. Já a segunda alegação encontra fundamento em um testemunho de um hacker que diz ser ligado a ambos os grupos hacktivistas, onde essa pessoa afirma que Assange teria lhe pedido para organizar um ataque de spam a uma empresa de consultoria de inteligência a serviço do governo dos EUA após o próprio Assange já ter roubado essa mesma empresa de seus e-mails.
Isso tudo deve ser somado à acusação atual de que Assange cometeu ato de conspiração para invadir um computador do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o que acabou acontecendo. O jornalista australiano contou com a ajuda da ex-soldado do exército, Chelsea Manning, e os documentos revelados pelo WikiLeaks acabaram mostrando vídeos e informações secretas das operações dos EUA na Guerra do Iraque — incluindo ataques com drones e a morte de diversos civis catalogados como dano colateral.
Manning e Assange mantêm que não houve uma procura prévia, com sua defesa fundamentada no argumento de que foi a ex-soldado — que na época se chamava Bradley Manning — quem obteve os documentos e acionou o WikiLeaks.
Julian Assange segue preso no Reino Unido após ser removido da embaixada do Equador em Londres à força pela polícia, em abril de 2019. Atualmente, ele está se defendendo de um processo que pode extraditá-lo aos Estados Unidos, onde ele é acusado de vários crimes digitais. A acusação ainda não determinou uma sentença específica, mas, pela legislação do país, Assange poderia pegar desde décadas de prisão até encarceramento perpétuo.
Fonte: Engadget