Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Apps usam IA para combater assédio sexual e facilitar denúncias

Por| 19 de Março de 2019 às 19h16

Link copiado!

Apps usam IA para combater assédio sexual e facilitar denúncias
Apps usam IA para combater assédio sexual e facilitar denúncias

A tecnologia está se tornando uma arma importante para auxiliar vítimas de abuso sexual e facilitar denúncias contra criminosos. Usando inteligência artificial e análise de dados, dois softwares, o Spot e o Callisto, tornam o processo de buscar auxílio, ação legal e até mesmo compor um depoimento sobre o ocorrido mais simples e menos traumático para as vítimas.

Criado por Julia Shaw, neurocientista da University College London, no Reino Unido, o Spot usa uma técnica chamada “entrevista cognitiva” para ajudar na composição de relatos sobre o que aconteceu. É um método também usado pela polícia para reavivar a memória de vítimas de eventos traumáticos a partir de perguntas específicas sobre termos utilizados por ela em deus depoimentos. A diferença é que, agora, quem faz esse trabalho é a inteligência artificial, com um processo que pode acontecer em casa e de forma mais confortável para quem foi abusado, sem a necessidade de download de aplicações ou entrega de dados pessoais, caso o usuário deseje.

A pergunta inicial pede que a vítima conte tudo o que se lembra sobre o incidente, sem resumir nada. Palavras-chave são identificadas em meio à fala e geram mais questionamentos, não de maneira incisiva, mas para ativar a memória e levar a mais detalhes sobre os casos. Ao final, um relatório é composto discriminando o nome do abusador, caso a vítima o conheça, a data e horário do incidente, a categoria do assédio e todas as informações sobre o ocorrido.

Continua após a publicidade

De acordo com Shaw, memórias de eventos traumáticos costumam ser obscurecidas de detalhes, principalmente temporais, além de aparecem fragmentadas. A pressão de estar sendo interrogada aumenta essa dificuldade, o que tornou a existência de uma aplicação como o Spot necessária não apenas para trazer mais conforto e menos tensão a quem já passou por um evento traumático, mas também como uma forma de aumentar a quantidade de informações disponíveis para investigações.

A médica também cita a demora dos processos oficiais, enquanto os relatos mais ricos em detalhes são, também, aqueles registrados o mais cedo possível. Ao final, o relatório criado pelo Spot seria o de maior qualidade e com menos influência externa possível, auxiliando também as vítimas no processo de lidar com o que acabou de acontecer.

Já o Callisto, criado em parceria com universidades dos Estados Unidos, foi lançado em 2015 para combater casos de assédio sexual no ambiente educacional. Hoje, ele funciona em 13 campi e tem duas versões, uma lançada em 2015, voltada para a realização de denúncias a partir de canais oficiais das instituições, e outra mais recente, de 2018, que ajuda vítimas a se organizarem e identificarem abusadores em comum.

Os dois softwares funcionam em conjunto, mas é no segundo, o Callisto Expansion, que está o maior passo no combate ao abuso sexual. Por meio de uma rede anônima e segura, as vítimas podem indicar nomes de criminosos e saber se eles já foram catalogados na aplicação. É possível ver, então, opções de ações legais, os caminhos para realização de uma denúncia formal ou até mesmo solicitar (ou impedir) que um representante da universidade entre em contato direto.

Continua após a publicidade

Enquanto isso, o Callisto Campus permite a criação de relatórios e também indica se o nome de um abusador já apareceu em relatos criados por outras vítimas. Como se trata de um sistema com suporte oficial das universidades, os textos podem ser enviados diretamente a elas a partir da própria aplicação, de forma anônima ou não, para que as entidades tomem as medidas cabíveis de auxílio aos atingidos e sanções aos criminosos.

Em ambos os casos, os objetivos finais são os mesmos: trazer abusadores à justiça e dar mais segurança e informação às vítimas na hora de denunciar, buscar auxílio e, principalmente, apoio. No final das contas, o desejo é de ver uma alteração nos números incrivelmente negativos relatados, por exemplo, pelo governo do Reino Unido, pelos quais apenas 15% das mulheres abusadas relatam os casos à polícia, enquanto menos de um terço dos homens acusados de estupro são efetivamente condenados.

Infelizmente, o Spot não fala português brasileiro, mas pode servir de auxílio para os falantes do inglês caso sua utilização seja necessária. Enquanto isso, no Brasil, não existem iniciativas conjuntas como o Callisto, voltadas para denúncias e combate ao abuso nas universidades.

Continua após a publicidade

Fonte: Vice I-D