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Uso de tecnologia cresce entre professores, mas escola ainda enfrenta problemas

Por| 27 de Maio de 2013 às 09h10

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Uso de tecnologia cresce entre professores, mas escola ainda enfrenta problemas
Uso de tecnologia cresce entre professores, mas escola ainda enfrenta problemas

O Comitê Gestor da Internet Brasileira (CGI.br) divulgou nesta quinta-feira (23) a terceira edição da pesquisa TIC Educação, produzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que analisa a incorporação e efeitos da tecnologia da informação na educação pública e privada do país.

Comparado com o levantamento de anos anteriores, o estudo revelou duas situações importantes: o uso mais frequente do computador e da Internet entre professores públicos, ainda que as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) não tenham sido completamente incorporadas nas escolas. Os dados revelam que 89% das escolas públicas já possuem Internet e 99% delas contam com ao menos um computador, esteja ele em funcionamento ou não.

Apesar dos avanços observados, o uso das TICs no Brasil ainda sofre com alguns problemas crônicos — um deles afeta não só essa área, mas diversas outra no país. “Temos uma grande barreira: a velocidade da banda larga ainda é um limitador”, afirmou Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos da Tecnologia da Informação e Comunicação (CETIC.br).

Segundo a pesquisa, a maior parte (32%) dos diretores de escolas públicas afirmaram que a banda disponível no local está dentro da faixa de 1 Mbps a 2 Mbps. Nas escolas particulares, a maior parte (36%) está na faixa acima de 8 Mbps.

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O diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, apresenta a Pesquisa de TIC Educação 2012 (foto: Rafael Romer/Canaltech)

Outro dado preocupante é que 24% dos diretores de escolas públicas disseram não saber qual a banda disponível na sua escola, mostrando que, muitas vezes, a infraestrutura está disponível, mas não se sabe como utilizá-la. Ainda assim, 73% dos professores, 78% dos diretores e 71% dos coordenadores de escolas públicas afirmam que a baixa velocidade de conexão é um dos principais motivos para que o uso das TIC no processo pedagógico não avance mais.

Mesmo com o avanço, a falta de computadores também é citada como um problema por professores. Na escola pública, 79% deles acreditam que o número de computadores disponíveis é insuficiente e que isso dificulta o uso das ferramentas para fins pedagógicos. Atualmente, há uma média de 21 computadores de mesa disponíveis em escolas, mas em média, apenas 18 destes estão funcionando.

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TICs entre professores

Quando levado em conta apenas a categoria dos professores, o levantamento apontou que o acesso à internet já é quase universal entre estes profissionais. 92% dos docentes de escolas públicas afirmam possuir conexão à Internet em casa, contra 95% dos profissionais do setor privado. O número é inclusive superior à porcentagem brasileira de profissionais de nível superior que usaram a internet nos últimos três meses, que fica atualmente em 91%.

A pesquisa mostrou ainda um crescimento no número de professores que possuem dispositivos portáteis em casa. 73% dos profissionais do setor público já possuem computadores de mesa e/ou computadores portáteis. Pela primeira vez, os tablets também apareceram na pesquisa, presentes em 8% dos domicílios de professores da rede pública.

Aumentou ainda o número de professores que levam seus próprios equipamentos portáteis para a escola, que já equivalem a metade de todos os profissionais na rede pública. Questionado pelo Canaltech, Barbosa afirmou que o fato dos professores levarem o equipamento para sala não está diretamente ligado ao uso efetivo dos dispositivos como material de apoio, mas os resultados apontam nesta direção. Apesar das indicações, a pesquisa não avaliou se os professores estão mais dispostos a permitir que alunos utilizem seus próprios dispositivos em aula, algo que seria positivo, na avaliação de Barbosa. “O professor tem que mudar o seu papel e se ver como um mediador de conhecimento”, afirmou.

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Também foi observado um leve crescimento no uso de computadores dentro da sala de aula, que já acontece em 7% das escolas pesquisadas, contra 4% no ano passado. Ainda assim, os tradicionais “laboratórios de informática” permanecem como um dos locais mais comuns para a instalação dos equipamentos, em 84% das escolas. "Nós podemos ver uma possível migração do uso do computador no laboratório para a sala de aula, que é onde acontece a interação entre o aluno e o professor", afirmou Barbosa.

Entre os usos mais comuns dos equipamentos de TIC dentro da escola estão exercícios para prática do conteúdo dado em aula (67% das escolas), aulas expositivas (49%) e interpretação de textos (47%). Curiosamente, o uso menos comum dos equipamentos é para o ensino da própria operação dos computadores e navegação da internet, que acontece em apenas 2%.

Alunos conectados

Seguindo a tendência mundial de avanço dos usos dos TIC, alunos entrevistados das escolas públicas e privadas brasileiras também se mostram bem conectados. 95% já utilizaram computadores e 92% já utilizaram a internet, sendo que 46% destes o fizeram pelo celular.

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A penetração de dispositivos também é bem grande entre os alunos. 67% deles possuem computador em casa. Destes, 48% possuem dispostivos portáteis, e 8% têm tablets.

Com objetivo de criar uma série de longo prazo para compreender o avanço e ajudar no monitoramento de políticas públicas de TI, a pesquisa TIC Educação foi realizada em cerca de 900 escolas públicas e privadas, escolhidas aleatoriamente nas cinco regiões brasileiras. Foram excluídas as escolas federais e as escolas rurais. Os dados serão unidos às duas pequisas anteriores, realizadas em 2010 e 2011. A expectativa é que o conteúdo qualitativo do levantamento seja divulgado em 2014.