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"Pai da DSL" diz que a internet no Brasil é equiparável a dos EUA

Por| 04 de Fevereiro de 2015 às 15h11

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A internet do Brasil é vista por muitos como um serviço precário. Mas, segundo o pai da DSL e professor da Universidade Stanford, John Cioff, o mercado brasileiro é uma concorrência mais saudável e benéfica para o consumidor que nos Estados Unidos. Em entrevista à Folha, ele afirma que nos EUA "paga-se muito por um serviço muito pobre".

Cioff, além de acadêmico, é engenheiro elétrico e fundador da Assia, empresa responsável por gerenciar conexões à internet no mundo todo por meio de clientes corporativos, e virá ao Brasil para palestrar na Campus Party.

Quando questionado sobre o estado da internet, o engenheiro afirma que muitas vezes ele gosta de começar uma aula ou palestra perguntando aos alunos quantos deles tiveram problemas na conexão nas últimas semanas. Como resposta, quase todos os alunos levantam a mão. "O que vejo, junto com minha empresa, é que problemas acontecem com uma frequência inaceitável", relata. Ele ainda diz que, em velocidades acima de 10 Mbps, o número de consumidores que sofrem com oscilação ou interrupção da conexão é praticamente a metade.

Cioff comenta que muitas vezes não se sabe onde está o mau funcionamento e que ele pode ter origem não só no roteador do usuário, mas também na rede ou serviço. "Você não consegue achar um culpado. As pessoas ficariam surpresas com o número de vezes em que a questão está, na verdade, no acesso e não no servidor", afirma.

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O professor diz que sempre há um movimento para conseguir preços mais baixos, mas que a busca por uma conexão de qualidade não se limita apenas à velocidade, mas sim com a estabilidade. Para ele, isso vai mudar assim que houver um aumento da demanda por vídeos. "Esses usuários, satisfeitos com sua internet, podem ter filhos ou começar a consumir conteúdo 4K e, com isso, trocar por uma conexão mais veloz", comenta.

Em relação à infraestrutura, Cioff afirma que as operadoras costumam investir de maneira errada em conexões que compartilham cabos e isso causa congestionamentos nos horários de pico. "Posso contratar um plano de altíssima velocidade que só funciona bem quando não há outras pessoas usando. Não é o que eu quero. Quero assistir meu vídeo 4K entre as 19h e 23h, o horário de pico, e estar dormindo às 3h, quando minha conexão funciona bem. E o consumidor tem seu papel em exigir isso", relata.

Para Cioff, o Brasil vem dando passos importantes rumo ao desenvolvimento de uma boa internet. Segundo ele, aqui a concorrência é melhor do que nos Estados Unidos. No serviço móvel a realidade é parecida, mas nos EUA eles têm somente duas opções e precisam pagar cerca de US$ 150 por um serviço pobre.

O engenheiro encerra a entrevista falando que os provedores de serviços que demandam muito da rede, como a Netflix, deveriam ser responsáveis pelo custeio da infraestrutura. "Não me posiciono sobre a neutralidade de rede, porque esse é um assunto político, mas as pessoas se esquecem ao debater o tema de que não há uma autoridade que policia a operação do serviço, se o consumidor está sendo tratado conforme as regras. Isso sim que deveríamos discutir", finaliza.