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Não existe privacidade na internet, afirma Julian Assange

Por| 09 de Fevereiro de 2015 às 14h07

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Não existe privacidade na internet, afirma Julian Assange
Não existe privacidade na internet, afirma Julian Assange

Desde 2012, Julian Assange, 43, fundador do site WIkileaks, está asilado na embaixada do Equador em Londres. Vivendo sob vigilância da polícia britânica, ele concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo para trarar de seu novo livro, "Quando o Google Encontrou o WikiLeaks" (Editora Boitempo), em que relata seu encontro com executivos do Google em 2011.

Além do livro, ele também falou sobre segurança na internet e como o Google tem servido aos interesses dos Estados Unidos ao redor do mundo, utilizando seus serviços para coletar informações completas sobre seus usuários. Por isso, seria "impossível" ter privacidade real na internet, ao menos para a maioria das pessoas.

O Wikileaks

A empresa de Assange, o WikiLeaks, enfrenta uma série de batalhas judiciais nos Estados Unidos, sendo processado pelo Estado por ter revelado documentos secretos com segredos militares e diplomáticos em seu site. Por esse motivo, um dos seus temores é acabar sendo enviado para os Estados Unidos para ser julgado pelos vazamentos. Contudo, o presidente do Equador, Rafael Correa, afirma que sua estadia na embaixada é garantida o quanto for necessário. "O presidente Correa fala em 200 anos, mas espero que não seja por muito tempo", comenta.

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Sobre sua participação no Wikileaks, Assange diz que tem trabalhado no sistema de pesquisa do site para facilitar o acesso de jornalistas e pesquisadores aos 3,1 milhões de arquivos disponíveis na página. Ele também explica que a equipe em crescido, apesar de ser composta por poucas pessoas.

Para que sua situação seja resolvida, é preciso que exista uma negociação com o Reino Unido, a Suécia e os Estados Unidos, algo que não parece ser possível no momento. Apesar de não ser evidente, Assange defende que a Suécia se tornou o segundo país mais próximo dos Estados Unidos na Europa, depois do Reino Unido. Por isso, ele está nas mãos de três países que trabalham pelos mesmos interesses, algo que compromete suas possibilidades de liberdade.

O Google e a privacidade

Em relação ao seu novo livro, Assange trata o tema da privacidade na internet, algo que diz ser impossível para a maioria das pessoas, sendo o Google o principal culpado. "Pelo menos 80% dos smartphones são controlados pelo Google, que grava as localidades, contatos, e-mails, o que pesquisaram", diz. Ou seja, a empresa concentra dados de todos os usuários para traçar perfis precisos de cada um deles. O que mais preocupa é que o Google é a segunda maior companhia dos Estados Unidos e trabalha em parceria com o Departamento de Estado.

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"Seu modelo é uma armadilha de serviço gratuito, oferecendo maneiras de pesquisa que parecem ser de graça, mas não são. É um anzol, e você é o peixe que morde a isca com informação pessoais", disse Assange. Esse modo de funcionamento da empresa estaria também ajudando os Estados Unidos e lançar sua política externa pelo resto do mundo.

Nesse sentido, o fundador do Wikileaks afirma que o "direito de ser esquecido" exigido pelos europeus tem se mostrado uma forma de medir a influência americana no continente. "O que me parece é que a Europa está decidindo formalmente testar o quanto eles podem empurrar para a fora a dominação americana. É uma experiência de quão independente é o Ocidente Europeu", afirmou. Por causa da importância econômica do Google, do tamanho de economias como Nova Zelândia e Portugal, a empresa deve assumir obrigações com os cidadãos, principalmente no que diz respeito ao controle de dados privados.

A espionagem no Brasil

Por fim, Assange também comentou à Folha os casos de espionagem no Brasil e diz que depende do governo encontrar uma solução apropriada. "O governo de Dilma Rousseff deve proteger a sociedade brasileira da ambição de outros Estados e das empresas conectadas com esses Estados", disse. "O país tem de buscar passos para ser independente. Infelizmente, o governo dos Estados Unidos e suas instituições privadas têm sido bem-sucedidos em corromper funcionários e empresas dos governos, incluindo no Brasil", conclui.