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Como funciona a censura da internet na China

Por| 03 de Outubro de 2013 às 08h50

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Como funciona a censura da internet na China
Como funciona a censura da internet na China

A primeira semana de outubro marca o aniversário da República Popular da China, fundada por Mao Zedong, em 1949. Apesar das festividades realizadas pelo governo há algo que não se verá na China: manifestações organizadas pela própria população, como ocorreu no Brasil, em junho deste ano, bem como em 7 de setembro.

Não é nenhum segredo que a China não gosta de protestos em massa e restringe, e muito, a internet. Para isso, o país possui padrões de censura em redes sociais. De acordo com estudos do cientista político Gary King, o partido comunista chinês promove o maior ato de restrição à liberdade de expressão da história da humanidade. Cerca de 50 mil profissionais participam do processo, isso se deixarmos de fora mais 300 mil integrantes do partido que também colaboram, assim como as empresas privadas, que precisam revisar o conteúdo dos seus próprios sites.

O primeiro estudo conduzido pela equipe de King em 1.382 sites chineses analisou publicações sobre diversos temas em intervalos de tempo variados para descobrir como foram censurados 11 milhões de posts sobre 85 temas diferentes, de política a videogames. No segundo estudo, King e companhia criaram disfarçadamente contas falsas em 100 sites de redes sociais e publicaram conteúdos para ver quais seriam barrados – e chegaram ao ponto de criar uma mídia social própria na China.

Todo esse trabalho levou a duas conclusões: a infraestrutura de censura da China é incrivelmente eficiente, já que os posts indevidos foram removidos em cerca de 24 horas com eficácia militar. E os censores chineses se concentram em conteúdos que se referem, instigam ou de alguma forma se relacionam a ação coletiva, como protestos organizados – mesmo que sejam apolíticos. Além disso, o governo parece um pouco mais confortável com críticas ao governo do que com possíveis manifestações.

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Por exemplo, a mensagem abaixo não foi censurada:

"O partido comunista chinês fez uma promessa de um governo democrático, constitucional no começo da guerra de resistência contra o Japão. Mas 60 anos mais tarde essa promessa ainda precisa ser honrada. A China hoje tem uma falta de integridade, cuja responsabilidade deve ser rastreada até Mao. […] A democracia intra-partidária adotada hoje é apenas uma desculpa para perpetuar o regime de partido único".

Enquanto esta, que se refere a um homem-bomba cujas casas foram demolidas, foi vetada:

"Mesmo que possamos verificar o que Qian Mingqi afirmou no Weibo que a demolição do edifício causou uma grande quantidade de dano pessoal, ainda devemos condenar seu ato extremo de vingança .... O governo tem continuamente aprovado medidas e leis para proteger os interesses dos cidadãos nas demolições".

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Mas isso não significa que você não possa ir preso na China por criticar o governo. Recentemente, o jovem que publicou uma mensagem com conteúdo visto como irregular, que foi retuitada 500 vezes no site Sina Weibo, foi detido.

Segundo King, há duas razões para isso: ao permitir a expressão de insatisfação, o governo evita que cidadãos tomem medidas mais drásticas em razão do estresse; e essa relativa clemência é uma forma do governo entender os problemas que merecem atenção.

"De certa forma, é o mesmo que acontece na América ", afirmou King, de acordo com a Reuters. Grandes empresas de tecnologia nos Estados Unidos, como o Google ou o Facebook, são obrigadas por lei a monitorar e censurar o conteúdo ilegal, como pornografia infantil. O governo tem a capacidade de pressionar as companhias para obter as informações que deseja, como mostrou o caso do monitoramento de dados da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA).