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Ucrânia usa IA para identificar soldados russos mortos na guerra

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 20 de Abril de 2022 às 09h15

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Reprodução/Washington Post
Reprodução/Washington Post

Autoridades ucranianas estão usando um software de reconhecimento facial para identificar soldados russos mortos no campo de batalha e depois enviar as fotos de seus corpos para as famílias. O objetivo, segundo o exército ucraniano, é combater a desinformação promovida pela mídia estatal russa durante a guerra.

O programa desenvolvido pela empresa estadunidense Clearview usa inteligência artificial (IA) para escanear mais de 20 bilhões de imagens tiradas da internet e das redes sociais. Essas fotografias são catalogadas e comparadas com características físicas para identificar os soldados mortos mesmo que eles estejam com os rostos desfigurados.

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Um vídeo divulgado pelo exército ucraniano mostra o software em ação ao lado do que parecem ser algumas transcrições de conversas com familiares russos chocados com a situação. Uma das mensagens diz: “Eles estão deixando seus camaradas mortos no campo de batalha para apodrecer”.

Guerra psicológica

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Até agora, o programa da Clearview já foi usado para fazer mais de 8.600 buscas de reconhecimento facial em soldados russos mortos ou capturados desdes o início da invasão promovida por Vladimir Putin. Segundo as forças voluntárias de ciberativistas que apoiam o governo ucraniano, 582 combatentes já foram identificados pelo software.

Para alguns especialistas, essas atitudes das autoridades ucranianas são exemplos explícitos de uma guerra psicológica clássica e abrem precedentes perigosos para o uso de sistemas de inteligência artificial, com o objetivo de assustar e intimidar o oponente por trás do pretexto de informar a população civil.

“A solidariedade do Ocidente com a Ucrânia torna tentador apoiar um ato tão radical destinado a capitalizar a dor da família. No entanto, contatar os pais de soldados mortos ou capturados traz uma perturbação psicológica sem precedentes e pode estabelecer um novo padrão perigoso para conflitos futuros”, explica a historiadora Stephanie Hare.

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Polêmica nas redes sociais

Após a publicação do vídeo pelas autoridades ucranianas, algumas pessoas acharam perturbadora a ideia de expor os familiares de soldados mortos às atrocidades da guerra. “Terrível essa jogada da Ucrânia. Maneira horrível de tratar as mães em luto”, escreveu um usuário.

Um influenciador anônimo com mais de 30 mil seguidores no Twitter comparou a atitude do exército ucraniano com o jogo da CD Projekt. “As pessoas falam sobre drones, ataques cibernéticos e afins, mas isso me parece o exemplo mais puro, e até agora mais horrível, da maneira como a guerra se tornou um Cyberpunk”.

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Outros usuários da rede, no entanto, acreditam que a divulgação das imagens é importante para garantir que a população civil russa saiba o que realmente está acontecendo na Ucrânia. “De jeito nenhum. Quando dizer a verdade se tornou um pecado?”, indagou um seguidor reagindo ao vídeo.

Segundo especialistas em segurança nacional, atitudes como realizar coletivas de imprensa com soldados russos capturados e postar vídeos com pessoas mortas no campo de batalha foram vistas dentro da Rússia não como uma chance de conhecer a verdade, mas sim como uma humilhação promovida pelo inimigo.

Fonte: Washington Post