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Inteligência artificial – ou seria inteligência aumentada?

Por| 09 de Dezembro de 2017 às 14h05

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Inteligência artificial – ou seria inteligência aumentada?
Inteligência artificial – ou seria inteligência aumentada?

Por Marcelo Rezende*

Inteligência Artificial (ou AI, na sigla em inglês) está em alta. Uma infinidade de empresas tem investido na tecnologia e o Gartner estima que quase todos os softwares terão AI integrada até 2020. Segundo a consultoria, essa deve ser uma das cinco prioridades de investimento para mais de 30% dos CIOs pelo mundo.

No entanto, muito do que temos hoje não pode ser considerado AI, mas sim Inteligência Aumentada. A diferença pode parecer pequena, mas as aplicações desses conceitos funcionam de forma bastante distinta. A Inteligência Artificial é a ideia de um sistema que reproduz a cognição humana e funciona de forma autônoma. Já a Inteligência Aumentada tem como base sistemas com tecnologia cognitiva que apoia o ser humano, seus planejamentos e análises.

As duas vertentes se iniciaram na década de 50, mas o termo Inteligência Artificial passou a ser aplicado de forma mais ampla, nomeando inclusive alguns produtos que são resultado de pesquisas em Inteligência Aumentada. E é nesta tecnologia que eu aposto para o futuro. Isso por que o ser humano não será retirado da equação, do momento da decisão.

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Há muitos riscos em uma Inteligência Artificial que, de fato, toma decisões por si só. Há, inclusive, uma infinidade de filmes apocalípticos sobre o tema. No mais famoso – O Exterminador do Futuro – a AI de uma empresa chamada Skynet se rebela e passa a destruir o mundo. Guardadas as devidas proporções, fantasias e viagens no tempo, há de se convir que o ser humano precisa ter controle sobre a tecnologia. O próprio Stephen Hawking já disse que a inteligência artificial pode acabar com a humanidade se não soubermos controlá-la.

Quando deixamos de lado o filme estrelado por Arnold Schwarzenegger e pensamos em algo palpável e próximo à nossa realidade, como os carros autônomos, os perigos reais começam a surgir. No caso de um acidente iminente e sem chances de ser evitado, por exemplo, a máquina deverá escolher quem será ferido com mais gravidade ou até morrer. Como lidar com isso? Quem será responsável pelo acidente? Como as montadoras e seguradoras devem agir nesse caso?

Os dilemas morais, éticos, tecnológicos e de responsabilidade existem e precisarão ser enfrentados com muito cuidado se algum dia chegarmos a esse patamar. E esse tipo de questão torna as aplicações de AI pouco viáveis, porque retira o ser humano da jogada e o substitui quase que completamente.

Já a Inteligência Aumentada se aproxima, de fato, do que há hoje. Podemos usá-la em aplicações que verificam informações online sobre diagnósticos e apoiam o parecer de um médico ou em análises financeiras parcialmente interpretadas que suportam tomadas de decisão. Esse tipo de uso, com base na análise de dados e que caminha lado a lado com a decisão humana, é mais simples, eficiente e seguro.

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Acredito que o ser humano é – e sempre será – essencial para tomar decisões. As máquinas não são capazes de captar e interpretar todas as nuances das nossas relações, ou mesmo ter algo próximo à inexplicável intuição. Isso é inerente da nossa espécie. Esse é o uso que precisamos de imediato, e é nele que devemos investir, ao menos enquanto não soubermos como mitigar os riscos da Inteligência Artificial e transformá-la em algo que não sairá do controle.

*Marcelo Rezende é Country Manager da Qlik no Brasil