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O que significa a falta de suporte de novos processadores no Windows 10?

Por| 26 de Setembro de 2016 às 22h20

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O que significa a falta de suporte de novos processadores no Windows 10?
O que significa a falta de suporte de novos processadores no Windows 10?

Segundo os dados mais recentes, as novas gerações de processadores tanto da Intel quanto da AMD suportarão apenas o Windows 10. Lendo dessa forma, parece que não haverá escolha daqui para frente, o que por si só não é uma notícia tão ruim quanto aparenta, mas que certamente fará as suas vítimas. Por que a Microsoft tomou essa decisão? Existe alguma justificativa técnica para abandonar seus sistemas operacionais mais antigos? Somente o Windows será suportado nesses novos processadores? Vamos entender tudo isso nas próximas linhas.

Um pouco de história

Para quem não se lembra, a Microsoft teve uns bons problemas para "se livrar" do Windows XP, que acabou durando muito mais tempo do que a empresa planejava. Ou julgava comercialmente interessante, já que quem tinha uma máquina com o velho sistema não comprava novas licenças, algo nada bom para um modelo onde o consumidor paga apenas uma vez e fica anos tendo suporte. A verdade é que os consumidores não tinham a menor motivação para atualizar seus sistemas (por que trocar o que não está quebrado?), um problema semelhante ao que está acontecendo atualmente.

Por quê? Até o anúncio oficial do Windows 7 em 2009, a única opção (dentro do Windows) era atualizar para o Vista. Nada bom. E mesmo depois do Windows 7 o "problema" continuava o mesmo: por que trocar? Temos que lembrar que o Windows XP é de 2001, e em 8 anos muita coisa evoluiu em relação ao hardware, muitas vezes não atendendo aos requisitos recomendados do Windows 7. Quem já planejava trocar de máquina, ok, mas atualizar uma máquina mais antiga acabaria se traduzindo em uma experiência de uso pior.

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"Ué, meu computador tá rodando lindo. Por que eu faria o upgrade?"

Depois tivemos o Windows 8, uma tentativa da Microsoft de mudar radicalmente a interface do Windows para todos os tamanhos de tela, o que não aconteceu sem uma boa quantidade de críticas nada amigáveis. Não raro, quem fez o upgrade e não gostou voltava para o Windows 7, e o anúncio do Windows 8.1 pouco ajudou a convencer o usuário. O Windows 10 trouxe a "experiência original de desktop" de volta, mas mesmo o upgrade gratuito não convenceu. O Windows 7 rodava muito bem, obrigado, voltando à situação ocorrida com o Windows XP e Windows 10.

A Microsoft anunciou que o Windows 10 será seu último sistema, já que sua característica modular permite que ele continue evoluindo continuamente. Ele não tem os problemas do Windows Vista e não tentou "enfiar goela abaixo" uma nova interface, como aconteceu com o Windows 8. Então, sua adoção aconteceria naturalmente até chegar a 100% das máquinas, eventualmente, certo? Sim, mas não na velocidade que a Microsoft deseja.

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"Deseja atualizar para o Windows 10? Não? Atualização em progresso!"

Uma parcela do público atualizou rapidamente para o Windows 10 quando ele foi liberado pela Microsoft, mas sua adoção foi percentualmente pequena mesmo depois de um ano de lançamento. E mesmo sendo uma atualização gratuita, em um primeiro momento. E aí começaram as reclamações dos usuários, já que a Microsoft, em vez de apenas oferecer o upgrade, passou a adotar uma posição, digamos, ostensiva. E mesmo assim a adoção do Windows 10 crescia de forma mais lenta do que a Microsoft gostaria.

A atualização foi gratuita por um período, mas nem isso foi suficiente para uma adoção percentual expressiva do Windows 10 em um curto intervalo de tempo.

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E aí começaram as notícias da falta de suporte em CPUs mais modernas (AMD Zen e Intel Kaby Lake). Perguntou, ameaçou e então veio o ultimato: o usuário não terá mais escolha. A Microsoft foi tão unilateral que tentou começar isso com os processadores Skylake, mas acabou voltando atrás pela resposta negativa do público. Aliás, a tentativa de encurralar o usuário com o Windows 10 é tão grande que ignora até o suporte oficial dos sistemas mais antigos, já que o Windows 7 receberá suporte até 14 de Janeiro de 2020 e o Windows 8.1 até 10 de janeiro de 2023.

Detalhe: a Microsoft estendeu esse suporte, já que era previsto para terminar em 2018. Então, sim, o foco é inflar a base instalada do Windows 10 a todo custo. Isso faz todo o sentido para a empresa, já que dá menos trabalho para os engenheiros e projetistas criar soluções para apenas um, não se preocupando como essa solução será suportada em diferentes sistemas. E, claro, a atualização para o Windows 10 deixou de ser gratuita. Não tem para onde correr, certo?

Muita calma nessa hora

No pior dos cenários, pouca coisa muda para o usuário. Novas máquinas já trazem o Windows 10 pré-instalado (ainda que fiquemos tristes com o fato de que outros sistemas não sejam oferecidos), então máquinas de OEMs continuarão a oferecê-lo. Porém, quem costuma montar suas próprias máquinas, ou faz questão de comprar máquinas sem sistema operacional, e tem uma licença dos Windows 7, 8 ou 8.1, terá que comprar o Windows 10 se quiser usar os novos processadores. Mas calma lá.

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A falta de suporte da Microsoft não significa que os Windows mais antigos não serão reconhecidos. O que acontecerá é que certos recursos projetados para o Windows 10 não funcionarão nestes, algo que acontecerá com cada vez mais frequência. Por exemplo, quem fazia questão de usar o Windows XP em uma máquina com a geração Haswell da Intel ficava sem suporte à saída HDMI, e eventualmente os fabricantes de software deixarão de suportar os sistemas mais antigos, como aconteceu com o Google Chrome e o Dropbox com o Windows XP.

Conforme o tempo passa, cada vez menos fabricantes de software e hardware continuam a trabalhar com versões mais antigas, como aconteceu com o Windows XP.

E, mesmo porque, soluções de terceiros podem aparecer com o tempo. É difícil imaginar que desenvolvedores não devorem os manuais técnicos para encontrar formas de criar camadas de compatibilidade. Intel e AMD podem seguir pelo mesmo caminho, já que quanto maior a compatibilidade de seus produtos (tanto por novos firmwares quanto através de drivers), melhor para elas, seja para versões mais antigas do Windows, seja para outros sistemas operacionais.

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Em especial, as chances de a Microsoft voltar atrás são enormes, algo comum nos anúncios da empresa conforme a receptividade do público. Basta levarmos em consideração o suporte estendido do Windows XP, a concessão do suporte ao Intel Skylake e até as mudanças mercadológicas no Xbox One depois que este foi anunciado (lembram do "se quiser rodar jogos do Xbox 360, então compre um Xbox 360?") para chegarmos à conclusão que os "ultimatos" da Microsoft são bem sensíveis à receptividade do público.

Conclusão

A forma como a Microsoft dá seus ultimatos dá a impressão de que o Windows é o único sistema operacional existente, ou mesmo que a empresa consegue controlar unilateralmente a adoção de seus produtos. Não é o caso. Das distribuições Linux e BSD ao OSX, opções não faltam. Que as versões mais antigas do Windows serão progressivamente abandonadas, não temos dúvida, mas adotar uma postura ostensiva para forçar essa atualização mostra que o Windows 10 não convence por si só.

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O fato de o Windows ser pré-instalado (e pré-pago) na maioria das máquinas dá a impressão que o usuário não tem escolhas, mas existem outros sistemas que continuarão a suportar hardwares mais antigos.

Pensemos no Ubuntu, por exemplo, que trabalha com um ciclo de atualização muito mais curto nas versões não-LTS (suporte de 5 anos). É raro ver usuários deixando de atualizar, isso sem qualquer pressão por parte da Canonical, sua fabricante. O mesmo acontece com os Macs, que são rapidamente atualizados quando uma nova versão está disponível. Ou mesmo com os sistemas móveis: quando uma nova versão do Android ou do iOS chega, é bem raro (senão completamente impossível) ver usuários recusando a nova versão.

Sendo bastante sinceros, a Microsoft criou um modelo comercial que não está mais fazendo sentido. O "pague uma vez e aproveite" do Windows — valores bem altos, diga-se de passagem — esbarrou na falta de entusiasmo das novas versões. Na verdade, usuários deixaram de ficar animados com sistemas operacionais de computadores faz tempo, algo que ficaria ainda mais claro se novas máquinas não trouxessem o Windows pré-instalado (e pré-pago, mas com seu valor mascarado no valor final). Se essa falta de suporte vai ajudar, não sabemos, mas se a Microsoft forçar demais a barra, o tiro pode sair pela culatra.

Fontes: The Register, ExtremeTech