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Hackers "Robin Hood" roubam dinheiro para doar a instituições de caridade

Por| 21 de Outubro de 2020 às 14h14

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Reprodução/Notícias ao Minuto
Reprodução/Notícias ao Minuto

Um grupo de hackers estaria realizando doações para grandes instituições internacionais de caridade a partir do dinheiro obtido com golpes de ransomware. Os criminosos afirmam (e postam os recibos) de cerca de US$ 20 mil em donativos para duas instituições, com presença internacional e trabalho em países subdesenvolvidos.

Uma delas foi a Children Internacional, organização sem fins lucrativos de combate à pobreza e que cuida de crianças carentes permitindo que cidadãos de qualquer país registrem patrocínio, pagando pelos estudos, comida e demais necessidades de um pequeno em países como Filipinas, Equador, República Dominicana, Honduras, México, Guatemala e outros. A instituição recebeu 0,88 Bitcoins, valor equivalente a US$ 10,8 mil, mas disse que não vai ficar com o dinheiro.

O The Water Project também recebeu esse mesmo montante. A instituição é voltada para o suprimento de água potável à população da África subsaariana, mas não se pronunciou sobre o recebimento da doação, feita de uma só vez e com recibos publicados em fóruns de discussão sobre hacking na deep web.

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As únicas indicações sobre a possível identidade desses hackers é o fato de, ao falar sobre as doações, o porta-voz afirmar pertencer a um grupo chamado Darkside, enquanto as duas instituições escolhidas têm sede nos Estados Unidos, o que também pode indicar a nacionalidade deles. Nas publicações, o responsável apenas confirma que o dinheiro representa uma parcela de resgates obtidos após golpes de ransomware, com malwares que sequestram dados ou extraem informações confidenciais e pedem dinheiro para devolução dos sistemas ou pela não divulgação dos dados furtados na internet.

Nas postagens, o porta-voz do grupo afirma que tais operações são realizadas apenas contra empresas gigantes, com amplo faturamento, e diz acreditar que um pouco do montante obtido como resgate deve ser repassado à caridade. Estas, ainda, seriam apenas as primeiras duas doações, com mais a serem feitas no futuro, ainda que as organizações que as receberão não tenham sido reveladas.

De acordo com analistas de segurança ouvidos pela BBC, o grupo Darkside é relativamente novo, mas uma análise do caminho seguido pelas criptomoedas usadas nas doações confirma sua origem. Além disso, as carteiras das quais os fundos saíram receberam depósitos em grandes parcelas, o que efetivamente indica o pagamento de resgate por vítimas dos ataques de ransomware que eles afirmam terem realizado. O time também teria relação com outros criminosos conhecidos, como os responsáveis pelos ataques ao câmbio de criptomoedas Travelex, em janeiro deste ano.

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Em ambos os casos, os serviços da The Giving Block, que permite doações anônimas com o uso de criptomoedas, foram usados para transferência dos valores que, inclusive, foram comemorados na conta da plataforma no Twitter. Na mensagem, já deletada, as ONGs são citadas como “sortudas” por terem recebido US$ 10 mil cada em uma entrega “generosa”, feita por uma única pessoa. Ainda, o sistema ressalta a economia em impostos oriunda da transação usando a modalidade financeira.

Em pronunciamento oficial, a The Giving Block disse não saber que as doações citadas haviam sido feitas por criminosos e que está analisando a rota do dinheiro para entender se ele efetivamente foi roubado. Caso essa hipótese seja confirmada, a organização afirma que vai desfazer o processo e devolver os montantes aos donos originais (sem falar se estes seriam os hackers ou as empresas pagadoras dos resgates).

Fonte: BBC