Empresa que fornece chips processadores para a Apple é atacada por "vírus"
Por Felipe Demartini | 06 de Agosto de 2018 às 11h01
O fim de semana foi difícil para a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), uma das principais fornecedoras de componentes para a Apple e seus iPhones. A fabricante se viu atingida por um “vírus” na noite de sexta-feira (3), que teria dificultado ou interrompido operações de produção de chips até, pelo menos, este domingo (5).
Os detalhes sobre a infecção não foram revelados, mas a suspeita é de que os responsáveis tiveram ajuda interna, uma vez que os sistemas de produção não foram hackeados. Os olhos, rapidamente, se voltam para a China, que, devido a tensões com Taiwan, costuma realizar golpes contra fábricas e empresas de infraestrutura do país, com direito a milhões de tentativas de intrusão ou ataques de negação de serviço acontecendo todos os meses, principalmente contra órgãos públicos ou companhias de renome.
Essa seria uma boa classificação para a TSMC, uma das empresas de tecnologias mais proeminentes do país e também fornecedora exclusiva de processadores mobile para a Apple. O ataque não poderia vir em um momento pior, já que a empresa estaria bem no meio do maior ritmo de fabricação de componentes desde o começo do ano, trabalhando nos chips de 7 nanômetros que, supostamente, estarão nos iPhones de nova geração, que chegam no final do ano.
Os dispositivos aumentariam a eficiência energética dos aparelhos, entregando performance robusta ao mesmo tempo em que poupa bateria. Seria uma das grandes vedetes dos novos aparelhos da Maçã, com o ataque realizado no final de semana podendo comprometer, de forma pelo menos leve, o fornecimento de dispositivos no final do ano, quando a nova geração de smartphones chega às lojas.
De acordo com reportagens publicadas na imprensa internacional, essa seria a primeira vez que a linha de produção da TSMC se torna alvo de hackers. Além disso, o ataque simultâneo em diferentes unidades, mas com alvo semelhante, dá a entender se tratar de um golpe coordenado e voltado justamente para dificultar as operações. O alcance dos danos seria diferente de unidade para unidade, com a empresa planejando liberar declaração sobre o assunto ainda neste começo de semana.
A previsão, entretanto, é de que as operações devem retornar ao ritmo normal ainda nesta segunda-feira (6). Para analistas, os ataques não devem ter impacto profundo sobre a disponibilidade de iPhones ao público, pois um aumento no ritmo em algumas semanas, bem como o cronograma acelerado da TSMC, seriam responsáveis por manter as coisas nos eixos.
Além disso, para a KGI Securities, consultoria especializada quando o assunto é a Apple, existem medidas de redundância voltadas justamente para incidentes desse tipo. Para a empresa, foi essa solidez que tornou a TSMC uma das principais fornecedoras de peças para o iPhone e, também, uma das companhias de fabricação mais renomadas do mundo da tecnologia. A ideia é que as unidades estariam trabalhando acima da capacidade para que problemas pudessem ser evitados.
Até o momento em que esta reportagem foi escrita, nem Apple nem TSMC haviam se pronunciado sobre o assunto. Os governos da China e Taiwan também não confirmaram nem negaram a realização de um ataque ou o envolvimento em um golpe virtual contra um de seus principais nomes no ramo da tecnologia.