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TikTok se prepara para enfrentar proibição nos EUA já nesta segunda-feira

Por| 22 de Agosto de 2020 às 09h00

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A próxima semana promete começar agitada para os lados da ByteDance. Isso porque, já na próxima segunda-feira (24) a controladora do TikTok está se preparando para desafiar juridicamente a ordem executiva do presidente Donald Trump, que quer proibir as operações da plataforma de vídeos curtos em território americano. As informações são da agência de notícias Reuters, citando fontes próximas ao assunto.

No último dia 14 de agosto, o mandatário norte-americano emitiu uma ordem executiva que deu à ByteDance 90 dias para vender as operações americanas da TikTok. A empresa chinesa tem feito progressos nas negociações com potenciais compradores, cujos principais candidatos são a Microsoft e a Oracle. Alguns dos investidores americanos da ByteDance também poderiam se juntar à oferta vencedora.

Segundo as fontes citadas pela Reuters, o desafio legal da TikTok diz respeito a uma ordem executiva anterior, que Trump emitiu em 6 de agosto. Essa determinação presidencial instruiu o Secretário de Comércio, Wilbur Ross, a apresentar uma lista de transações envolvendo a ByteDance e suas participações, que deveriam ser banidas após 45 dias.

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A TikTok planeja usar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional dos EUA - que dá ao presidente a autoridade para regular o comércio em resposta a uma emergência nacional que ameaça o país - para argumentar que a ByteDance não pode ser encaixada nessa categoria legal. Logo, a ordem executiva de Trump, do dia 06 de agosto, não seria o suficiente para processar a companhia. A TikTok também contestará sua classificação pela Casa Branca como uma ameaça à segurança nacional, acrescentaram as fontes.

No entanto, a Reuters não informou qual tribunal a TikTok planeja usar para entrar com o processo. A empresa havia dito anteriormente que estava explorando suas opções legais e seus funcionários também estavam preparando seu próprio processo. Embora a plataforma seja mais conhecida por seus vídeos inofensivos, de pessoas dançando e se tornando viral entre adolescentes, as autoridades americanas expressaram preocupação de que informações sobre os usuários possam ser repassadas ao governo comunista da China. No entanto, nenhuma prova dessa prática foi apresentada pelas autoridades norte-americanas.

É importante mencionar que este desafio legal da TikTok não evitará que a ByteDance tenha de abrir mão das operações de seu aplicativo nos EUA. Isso porque essa ação não se refere à ordem executiva de 14 de agosto sobre a venda do TikTok e que não está sujeita a revisão judicial. No entanto, o movimento mostra que a empresa pretende utilizar todos os dispositivos legais que estejam ao seu alcance, enquanto tenta evitar que as negociações pela aquisição doTikTok se transformem em uma venda imediata.

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Trump disse que apoiaria um esforço da Microsoft para comprar as operações americanas da TikTok se o governo dos EUA obtivesse uma "parte substancial" dos lucros, mas também disse que há outros compradores potenciais interessados, como a Oracle.

Contatada pela Reuters, a ByteDance não quis comentar, bem como qualquer membro do governo dos EUA.

US$ 50 bilhões

Alguns investidores da ByteDance querem avaliar o TikTok em cerca de US$ 50 bilhões, caso a venda da plataforma ocorra - no entanto, não está claro esse valor seria válido apenas para a operação norte-americana do aplicativo ou também para os demais países onde ele está presente

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A ByteDance já recebeu uma proposta de alguns de seus investidores de transferir a propriedade majoritária da TikTok para eles. Ela foi feita por fundos de investimento participantes da companhia, como a Sequoia e a General Atlantic, A empresa também obteve participação no TikTok de outras empresas e firmas de investimento. Cerca de 70% do capital social que a ByteDance captou de investidores externos vieram dos Estados Unidos, de acordo com uma das fontes.

A oferta dos investidores avalia o TikTok em 50 vezes a receita projetada para 2020, de cerca de US$ 1 bilhão - ou seja, ela valeria hoje, em torno de US$ 50 bilhões. Em comparação, o Snap, controlador do Snapchat, é avaliado em 15 vezes sua receita projetada para esse ano, algo em torno de US$ 33 bilhões, segundo o provedor de dados Refinitiv.

No entanto, não está claro se Yiming Zhang, fundador e CEO da ByteDance, ficará satisfeito com a oferta. Isso porque os executivos da companhia discutiram recentemente projeções de avaliação para o TikTok e elas ultrapassam os US$ 50 bilhões. A rede social está crescendo rapidamente, à medida que consegue arrecadar mais receitas com publicidade. As estimativas dos administradores do app é que o faturamento atinja os US$ 6 bilhões em 2021.

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As empresas que negociam a compra do TikTok nos EUA junto a ByteDance não divulgaram quais os valores estão sendo considerados na transação.

WeChat também na mira

O governo Trump intensificou seus esforços para eliminar os aplicativos chineses "não confiáveis" das redes digitais americanas. Além da TikTok, o presidente dos EUA também emitiu uma ordem que proibiria transações com o WeChat da gigante Tencent.

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No entanto, com o superapp de mensagens, o banimento pode se mostrar algo bem mais complicado para os EUA. Isso porque o WeChat é uma espécie de faz-tudo da população chinesa em seu dia a dia, já que integra uma infinidade de serviços. E um smartphone na China que não traga esse superapp vira uma espécie de "peso de papel de luxo". E isso, claro, impacta diretamente uma das principais empresas dos norte-americanas: a Apple.

Isso porque entre um iPhone sem o WeChat e um smartphone que traga o aplicativo, os chineses vão com a segunda opção. Ou seja, a Apple deixará de vender seus aparelhos no país asiático, bem como perderá receitas envolvendo a App Store. E hoje, a China é o terceiro maior mercado da Maçã, representando quase 20% do seu faturamento.

Tamanho pode ser o prejuízo que, para o analista Ming-Chi Kuo, especializado em Apple, um eventual banimento do WeChat na App Store chinesa poderia provocar uma queda de até 30% nas vendas globais do iPhone, além de 25% em outros dispositivos da marca.

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Para completar o cenário, um eventual banimento do WeChat também pode atingir outras empresas que têm negócios com a China. Companhias como Tesla, Nike Amazon, Ford, Starbucks, entre outras, também verão seu faturamento comprometido. Isso porque muitas delas usam os mini programs, sub-aplicações executadas dentro do ecossistema do WeChat, que funcionam como minilojas virtuais. E caso o WeChat seja banido do iPhone, eles deixarão de comercializar seus produtos e serviços em 228 milhões de aparelhos da Maçã que estão ativos em território chinês.

Logo, até que os usuários decidam trocar o iPhone por outro aparelho, são vendas que essas companhias deixam de fazer, até porque o dinheiro em espécie é algo praticamente extinto na China - e os cartões de crédito seguem pelo mesmo caminho.

Já outra gigante americana, a Walmart, usa em suas lojas na China o seu sistema de pagamento "Scan-and-Go" diretamente incorporado ao WeChat. Essa solução - que livra os usuários da fila do caixa, já que as compras são pagas dentro do app - foi responsável por 30% das transações nas unidades da rede no país asiático. Ainda que seja possível usar o mecanismo também via Alipay plataforma de pagamentos da rival Alibaba - a perda em vendas seria considerável.