Publicidade

Saúde deve ter colapso antes da queda nos casos do coronavírus, diz ministro

Por| 20 de Março de 2020 às 18h45

Link copiado!

Saúde deve ter colapso antes da queda nos casos do coronavírus, diz ministro
Saúde deve ter colapso antes da queda nos casos do coronavírus, diz ministro

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que uma “queda profunda” nos casos do novo coronavírus no Brasil só acontecerá em setembro, mas que o sistema nacional entrará em colapso muito antes disso, já em abril. A previsão abrange tanto instituições públicas quanto privadas e pintam um panorama negativo para a evolução da pandemia em nosso território.

De acordo com Mandetta, em conferência do governo com empresários brasileiros de diferentes setores, o estado de São Paulo, que é o mais atingido pela pandemia no momento, ainda está no “início de seu redemoinho de transmissão”, com um aumento de casos que deve durar, pelo menos, até junho e começando já nos próximos 10 dias. A tendência é que o restante siga esse mesmo caminho, com o platô, ou seja, uma diminuição na curva ascendente de casos confirmados, sendo obtido apenas em julho.

Em agosto, por fim, os números devem começar a apresentar queda até que uma redução brusca na taxa de contágio chegará em setembro, aos moldes do que acontece agora na China, que vem enfrentando a pandemia do novo coronavírus desde o final do ano passado. Esse movimento deve acontecer mesmo com a recomendação de isolamento social e as medidas de restrição de movimento que vêm sendo aplicadas por governos e organizações de saúde — segundo Mandetta, os reflexos das iniciativas das próximas duas semanas só serão refletidos 28 dias depois.

Continua após a publicidade

O colapso na saúde a que Mandetta se refere está ligado ao total de leitos, equipamentos, pessoal e demais características das instituições do país. Na visão dele, com a curva cada vez mais ascendente de doentes, o país chegará a uma situação em que mesmo quem possui dinheiro, planos de saúde ou até ordens judiciais para receber tratamento “não terá sistema para entrar”. Ele comparou a situação com o que está acontecendo na Itália, um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Justamente por isso, o ministro da Saúde citou as medidas de isolamento social e restrição da movimentação como tentativas eficazes de reduzir a transmissão do vírus. Isso é verdade, principalmente, no caso dos idosos, o grupo de risco mais afetado pelo COVID-19 e que, também, exigiria maiores cuidados, contribuindo para o iminente colapso do sistema de saúde brasileiro.

Continua após a publicidade

Comando centralizado

Por outro lado, Mandetta ecoou as palavras do presidente Jair Bolsonaro, que falou antes dele e criticou as ações tomadas de forma independente por alguns estados brasileiros. Para o chefe de governo, as decisões de fechamento de estradas, divisas e aeroportos impedem o transporte de equipamentos essenciais para o tratamento aos contaminados, como tubos de oxigênio, além de tornarem a questão econômica “dramática”.

Na visão do presidente, medidas desse tipo podem acabar contribuindo para uma “catástrofe”. Tanto Bolsonaro quanto Mandetta defenderam que a decisão do fechamento de estradas, aeroportos e outros sistemas de transporte deve estar nas mãos da União, uma vez que a restrição do direito à circulação também causa efeitos na cadeia produtiva, com os danos à economia, na visão do presidente, podendo ser até maiores do que os causados pelo próprio vírus.

Continua após a publicidade

A fala também foi apoiada por alguns dos empresários presentes na conferência como Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Também participaram da conferência o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, Carlos Sanchez, da fabricante de medicamentos genéricos SEM, Alejandro Botero, vice-presidente da Renault no Brasil e Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF, do setor alimentício.

Durante a conferência, Mandetta também pediu a colaboração dos empresários brasileiros na produção de equipamentos para combater a epidemia e falou em união. Enquanto isso, Skaf e outros presentes na conversa sugeriram a realização de reuniões periódicas entre o governo e as empresas, além de indicar uma necessidade de que a iniciativa privada ceda espaços onde os doentes possam ser tratados e os equipamentos necessários para isso possam receber manutenção.

Fonte: Agência Brasil, UOL Economia